Desviei os olhos de Léo muito rápido, porque Rodrigo tinha surgido do meu outro lado e eu não queria que ele notasse qualquer coisa estranha entre eu e o amigo dele. Soltei uma risada quando ele surgiu com uma bandeja de mini pudim, com uma expressão de cachorro com fome.
—Posso comer isso? —Questionou, e eu confirmei com a cabeça, antes de indicar pra ele onde ficavam os talheres. Aquilo era da Suellen mesmo, então eu não me importava se ele comesse ou não.
—Você é muito folgado. —Léo afirmou, vendo-o abrir o pudim e comer em quatro colheradas, como se tivesse passando fome no alojamento. Rodrigo fingiu não ouvir o que Léo tinha dito, porque parecia muito satisfeito naquele momento. —Que horas a gente vai sair? Você disse que não podia voltar tarde.
—Ah, não posso mesmo. Vai que a Fiona resolve xeretar no meu quarto. Mesmo com a porta trancada, eu não duvido muito que ela não conseguiria abrir. —Falei, fechando minha mochila e a colocando nas costas. —O compromisso do meu pai é daqui meia hora. Se sairmos agora, conseguimos chegar no trabalho dele antes de ele sair.
—Quando tem outra audiência pra falar da sua guarda? —Léo questionou, e eu comprimi os lábios ao seguir para a garagem, vendo os dois me seguindo.
Não tinha uma resposta para aquela pergunta, porque meu pai nunca me contava nada e Eduardo parecia estar evitando fazer o mesmo. Acho que ele só estava tentando me proteger, mas ainda era irritante ficar no escuro. Acho que Léo leu a resposta no meu rosto, porque ele não insistiu ou perguntou outra coisa sobre aquele assunto.
Rodrigo foi direto para a bicicleta rosa, saindo na nossa frente com aquele sininho tocando. Soltei uma risada, antes de morder o lábios quando Léo me lançou um olhar demorado antes de subir da outra bicicleta e se ajeitar para que eu pudesse subir atrás dele. Coloquei minhas mãos no ombro dele, ignorando a faísca que pareceu passar dele pra mim.
Quando demos a volta naquela praça em frente a loja de carros, meu pai estava saindo bem na hora. Léo foi rápido em nos esconder atrás de uma árvore, já que ele não podia me ver de jeito nenhum. Esperamos ele sair com o carro, enquanto Rodrigo ia bem mais a frente, mostrando o caminho.
—Onde acha que ele está indo no meio do expediente? —Léo questionou, falando alto para que eu conseguisse ouvir por conta do barulho de carros na rua.
—Eu não faço ideia. Mas eu espero que seja uma coisa que possa complica-lo muito. —Afirmei, notando que Léo tinha aberto um sorriso ao me ouvir, como se esperasse o mesmo.
Foi um caminho rápido, porque Léo e Rodrigo pedalavam demais. Se fosse eu, certamente já tinha caído no meio da rua de cansaço, porque era fraca pra atividades físicas. Rodrigo estava nos esperando na esquina, escondido atrás de um muro. Tive que tampar a boca com a mão quando vi que ele estava usando aquele binóculos para ver o que meu pai estava fazendo.
—O carro dele está ali. —Afirmou, mostrando com a mão quando eu e Léo descemos da bicicleta e nos juntamos a ele. Nós três nos apertamos atrás do muro para poder ver.
—Ele já desceu do carro? —Léo questionou, mas Rodrigo não precisou responder, porque a porta do carro se abriu bem na hora. Me encolhi ainda mais, sentindo o corpo de Léo me esmagando contra o muro e o queixo de Rodrigo em cima da minha cabeça.
—Aquilo é um buquê de rosas? —Indaguei, quase me engasgando com as palavras quando meu pai desceu do carro com aquilo nas mãos, ajeitando a gravata enquanto parecia abrir um sorriso.
—É, sim. E um dos grandes, guria. —Rodrigo concordou, enquanto eu fazia uma careta ao ver meu pai caminhar até a entrada de uma casa e tocar a campainha.
Eu já sabia o que estava por vir, mas aquilo não me deixou menos chocada, porque eu não esperava pega-lo no flagra no meio da tarde. Uma mulher de cabelos loiros e pele clara abriu a porta e sorriu assim que o viu, recebendo as flores das mãos dele. Ela era visivelmente mais nova que minha mãe e, principalmente, que a Suellen.
—A vaga de amante está ocupada pelo visto. —Léo soltou, com um tom de voz incrédulo.
Empurrei um pouco ele, antes de agarrar aquele binóculos que estava no rosto de Rodrigo e o puxar, porque eu precisava ver melhor aquela cena. Rodrigo soltou um palavrão que não entendi, porque o binóculos estava preso ao redor do pescoço dele e eu quase o enforquei no processo. Mas consegui aproximar dos meus olhos, antes de soltar uma risadinha perversa quando os dois se abraçaram e trocaram um beijo.
—Léo, tira foto disso. Tira agora! —Exclamei, e Léo puxou o celular rapidinho e fez o que eu pedi, tirando várias fotos da mulher com o buquê de rosas, dos dois se beijando e depois do meu pai a levando até o carro e abrindo a porta pra ela.
—Ele vai levar ela pra jantar a essa hora? —Léo questionou, abaixando o celular quando os dois já estavam dentro do carro. Devolvi o binóculos para Rodrigo, sem conseguir parar de rir.
—Ou ela vai ser o jantar. —Rodrigo retrucou, e nós três caímos na gargalhada, porque foi uma coisa inevitável. Acho que nenhum de nos estava esperando por aquilo. Sabia que meu pai ia acabar traindo a Suellen, mas não achei que ia ser tão rápido assim. —Querem continuar seguindo? Eles estão virando a rua já.
—Ah, não, estou fora. Prefiro não saber onde ele vai leva-la. —Afirmei, fazendo uma careta com a ideia, antes de puxar meu celular quando várias mensagens de Léo começaram a chegar, porque ele já tinha me enviado todas as fotos.
—O que pretende fazer com essas fotos? —Léo questionou, guardando o celular no bolso, enquanto eu analisava mais uma prova de que meu pai era o pior homem do mundo, porque não conseguia ser fiel a ninguém. Nem mesmo ao que ele mesmo falava.
—Ainda não sei. Acho que vou guarda-las e pensar nisso. Seria bom mostrar pra Fiona e faze-la quebrar a cara. —Falei, guardando meu celular também, porque ficar vendo aquilo me dava um pouco de nojo do meu próprio pai. —Mas também não sei se isso séria o melhor. Posso mostrar agora e meu pai descobrir que estou saindo de casa, além de precisar lidar com o surto que ela vai ter. Ou posso dar um jeito de ela receber sem saber que foi eu, mas o meu pai de qualquer forma saberia que está sendo seguido.
—Guarda então. A hora certa pra usar elas aparece. —Léo sugeriu, enquanto nos três voltávamos para as bicicletas. Aquela onda de animação por pegar meu pai no flagra tinha passado e agora eu só queria voltar pra casa e ficar bem longe dele.
—Ok, o que vamos fazer o restante da tarde? —Rodrigo questionou, puxando uma JBL da mochila.
Continua...
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Todas as ondas do amor / Vol. 4
RomanceÉrika tem uma lista de sobrevivência até os 18 anos. Morar com o pai certamente não está nessa lista. Principalmente depois de descobrir que ele havia traído sua mãe e uma briga pela sua guarda se iniciar, envolvendo até mesmo seu irmão mais velho...