Capítulo 37

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Ouço alguma coisa bater na minha janela.
Ignoro e continuo lendo meu livro até que ouço novamente.
Fecho o livro e pouso no criado mudo, levanta da cama, caço minha pantufa e caminho até a janela e abro.

- Tomás?!- uma risada minha escapa.- O que está fazendo ai?

-Shh!- ele coloca o dedo indicador na boca.- Vem logo!

Dou risada desacreditada no que acabei de ouvir.

- Não era mais fácil ter vindo aqui no quarto?

- Não deu. A Lídia pegou o turno cedo hoje.

Lídia é a supervisora do turno da noite do dormitório feminino.

- E você ta querendo que eu pule até ai?- dou risada de novo.

- Tô.- ele sorri de lado e coça sua cabeça.- Vem não?

Não acredito que vou fazer isso.
Troco de roupa rapidamente, não posso sair de pijama.
Coloco uma calça folgafa, uma blusa e um crocs.

- Vou pular!- aviso pra ele.

- Pode pular que eu te seguro.

Felizmente eu nunca tive medo desse tipo de aventuras, talvez por ser skatista.

Conto até três e pulo, e sim, Tomás conseguiu me segurar.
Rapidamente segura na minha mão e a gente sai correndo até que finalmente a gente está fora do colégio.

- Pra onde a gente está indo?

Ele não fala nada, apenas continua caminhando enquanto segura minha mão.
Até que finalmente vejo uma praça, a gente entra e fica andando em meio algumas pessoas que parecem estar aproveitando a noite também, até dar de cara com um lago.
Eu amo lagos.

Tomás larga minha mão e senta na grama perto do lago, e eu faço o mesmo.

Sinto uma leve brisa que me faz abraçar a mim mesma e então olho pro céu.

- É lindo demais.- Tomás quebra o silêncio.

- É mesmo.- concordo com ele.

- Não tanto quanto você.- sinto meu rosto ferver.

Vejo ele colocando a mão em seu bolso e tirando algo de lá segundo depois.

Me emociono com o que vejo.
É um colar idêntico ao que Mara jogou fora no outro dia.

- Você... Comprou outro?- pergunto.

- Não, eu achei no chão em frente do seu cacifo e guardei. Pra que pudesse te dar pessoalmente assim que tivesse oportunidade.

Me esforço pra não chorar.

- Eu sinto muito de verdade, não queria ter jogado fo...

- Tudo bem!- ele sorri e afasta de leve meus cabelos e me coloca o colar.- Ficou perfeito em você.

Sorrio tímida.

- Obrigada!- coloco as mãos no colar sentido as nossas iniciais.

- Tenho um igual.- ele tira de dentro da sua camiseta e mostra.- Eu uso todos os dias, desde que mandei fazer.

Fico sem palavras e desvio o olhar.
Tomás segura de leve meu queixo e faz com que o olhe.

- Preto e azul.- ele segura minhas mãos.- Eu sinto muito, muito mesmo pelo que te fiz passar.

Abro um sorriso.

- Está tudo bem, Tomás.- seguro seu rosto e faço carinho sorrindo.

A gente deita na grama e fica olhando o céu, em silêncio mesmo.
Ouvindo só o som das folhas das árvore e dos bichos noturnos.

Amor e OdioOnde histórias criam vida. Descubra agora