Capítulo 38

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O céu ja estava meio claro quando Tomás e eu finalmente nos aproximamos do portão do colégio interno.
O sol ainda estava tímido, e o frescor da manhã começava a dissipar a névoa que pairava sobre o colégio.

- A gente está ferrado se alguém nos ver.-  murmuro, rindo baixo, enquanto abria o portão com cuidado.

Tomás da risada, mas tem algo na sua expressão que me deixa intrigada. Ele parece mais sério do que o normal, como se estivesse esperando por algo.

- Relaxa, preto e azul. Vai dar tudo certo.

Subimos as escadas silenciosamente, cada degrau nos aproximando do dormitório.
E eu esperando ver luzes acesas, ouvir vozes sussurradas de alunos que, pois ja era pra ter gente acordada essa hora.
Mas o colégio está assustadoramente silencioso. Nenhuma luz acesa, nenhum movimento.

- Estranho…- comento, olhando em volta.- Normalmente já tem gente acordada essa hora.

Tomás da de ombros, mas eu percebo um leve sorriso brincando em seus lábios.

- Talvez o povo todo dormiu até mais tarde, quem sabe?

Franzo a testa. Algo não esta certo.
Ou talvez o Tomás está acostumado a fugir que nem se importa mais.

Continuamos andando pelos corredores, passando por portas fechadas, o silêncio cada vez mais inquietante.

- É sério, Tomas. Isso está estranho.

Não mano, na moral.
Alguma coisa está errada aqui.

Tomás para de andar, me segura pelos ombros e olha fundo nos meus olhos.

- Preto e azul, confia em mim, tá? Só… continua andando.

Suspiro, tentando ignorar o desconforto crescente, e continuo caminhando ao lado dele. Quando chegamos ao corredor principal, o silêncio se torna ainda mais denso.
Esta tão quieto que eu conseguia ouvir minha própria respiração.

- Isso é muito esquisito, Tomás.-  sussurro, olhando em volta.- Eu não gosto disso. Parece até que estamos sozinhos aqui. Cadê todo mundo?

Antes que ele pudesse responder, ouço um som leve, um clique suave. Olho para frente e vejo que a porta do ginásio, no final do corredor, estava entreaberta. Luzes piscando lá dentro, e um som baixo, quase imperceptível, escapava pela fresta da porta.

- Que diabos…- murmuro, me aproximando da porta, o coração batendo forte no peito. Tomás fica parado atrás de mim, uma expressão estranha no rosto, como se estivesse se segurando para não rir.

Paro diante da porta, a mão hesitando sobre a maçaneta.

Tomás da um passo à frente, finalmente deixando escapar um sorriso.

- Vai em frente, preto e azul. Abre a porta.

- Oxe! Porquê eu? Abre você.- ele da risada e mexe a cabeça pros lados.

Com um suspiro, empurro a porta e entro no ginásio.
O que eu vejo me deixou paralisada.

O ginásio inteiro esta decorado com bandeiras, luzes de neon e imagens de skates e rampas. Paredes grafitadas simulando um parque de skate, e uma grande pista de skate improvisada domina o centeo.
Em volta da pista, meus amigos todos espalhados, todos com camisetas estampadas com o meu nome e com o desenho de um skate estilizado.

E então, ouçomtodos gritarem ao mesmo tempo

- Surpresa!

O choque foi tanto que eu levo alguns segundos para entender o que esta acontecendo.
Meus amigos corriam na minha direção, rindo e gritando. Mara, Renato, Júnior, Bruna, Milena, Leonardo, Lúcia, até a Patrícia e a Tânia, todos estavam ali, junto com várias outras pessoas também que conheci ao longo do tempo no colégio.

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