UM CONTO DE MORTES
Era uma vez...
Chega dessa coisa de era uma vez, não é mesmo? Contos de fadas são apenas ilusões do que é o amor perfeito. Mas o que tem de perfeito em um cara beijando uma garota morta, uma mulher com síndrome de Estocolmo ou uma moça que se apaixona no primeiro dia? Isso não é amor de verdade. Mas se querem uma história que nenhum conto de fadas foi capaz de contar, sentem-se e ouçam um conto sobre o amor de uma amizade que acabou em tragédia.
Em algum momento em um reino não tão distante chamado Mundo Real, havia dois rapazes que se conheceram na escola depois de uma briga. Arthur era o príncipe da escola. Todos o adoravam e faziam de tudo para que ele se sentisse especial. Alex era um garoto que ninguém queria por perto. Era a vítima perfeita para todo tipo de bullying, principalmente depois que sua mãe faleceu em um acidente de carro meses atrás.
Arthur estava indo para sua primeira detenção por ter separado uma briga quando esbarrou em um rapaz.
Deixou ele passar e adentrou a sala de detenção. Apenas duas pessoas estavam presentes: o professor Nelson e um aluno que ele conhecera alguns minutos antes. Era o mesmo garoto que estava espancando um outro quando Arthur separou a briga e saiu como errado da história.
Com uma certa raiva, sentou na cadeira ao lado dele e ouviu as instruções do professor sobre não comer, não falar e não tentar sair. Logo após isso, o professor deixou a sala com a desculpa de ter que atender uma ligação. O clima ficou tenso entre os dois garotos, mas, por mais irritado que estivesse com o jovem misterioso, Arthur tentou puxar assunto.
— por que estava batendo naquele cara?
o jovem de cabelos pretos não respondeu. fitava as próprias mãos batendo irritantemente na mesa de madeira enquanto sua perna tremia freneticamente. Olhou para o relógio redondo na parede, pegou a mochila preta e levantou. Arthur ficou olhando-o enquanto ele se dirigia à porta. Parou com a mão na maçaneta e virou a cabeça para olhar o garoto loiro de relance.
— você vem ou não? - disse o jovem de cabelos pretos e olhos amendoados, surpreendendo Arthur com a pergunta.
— o que? mas o professor disse que...
— você é certinho demais. você pode vir comigo ou pode passar três horas nessa sala.
Arthur pensou na proposta e pensou no professor. Não se importou com as regras da detenção quando agarrou a mochila esverdeada e saiu corredor a fora acompanhado por um garoto estranho e altamente misterioso que provavelmente o colocaria em uma enrascada.
— para onde nós vamos? - Arthur quis saber ao virarem para a escadaria que dava para para o terraço.
— sair desse inferno sem que nos vejam.
— a porta do terraço não fica sempre trancada?
Ele não respondeu, apenas colocou a mão no bolso da calça jeans azul e retirou um molho de chaves. Arthur quis perguntar, mas era obvio que o garoto tinha roubado as chaves do zelador. Por mais que tivesse gostado de sair daquela sala quente, o jovem de cabelos amarelados estava com um grande medo de ser visto com aquele cara que parecia não gostar de nada e de ninguém. Arthur não sabia seu nome, em que ano estava ou porque estava batendo em outro estudante mais cedo, mas fosse o que fosse, era melhor estar com ele agora do que preso por três horas inteiras.
Pararam de frente para a porta vermelha de ferro que levava direto ao terraço e o menino de moletom preto abriu agilmente com a primeira chave que pegou. Arthur tinha certeza de que ele já havia feito isso algumas vezes antes. Assim que a porta foi aberta, o garoto deu passagem para o loiro e saiu fechando a porta atrás de si.
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