Juan Andryel

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TENEBRE ROSSO SANGUE

Mansão Tenebre rosso.

Continente: Vitrid.

País: Mille ossa.

8/ 8/ 1909 — 03:11 a.m.

Trovões, brevemente, usurparam o trono das trevas sobre o céu chuvoso, que castigava um homem que desceu de sua carroça. O coração dele pesava como suas vestes, pois sentia a ausência de seu acessor e seu filho, os quais deveriam tê-lo encontrado no cais, quilômetros dali. Felizmente, eles já sabiam o endereço, logo poderiam ter chegado mais cedo. Isto deu segurança ao homem para adentrar a outra carroça parada na encruzilhada da estrada, guiada por uma figura encapuzada que conhecia o restante do caminho para o topo da montanha. Era a uníca opção já que a carroça que lhe trouxe havia sumido na neblina. Ele não viu o rosto da figura cujo capuz, o cavalo e o veículo, eram pretos; mas pela forma das mão segurando as rédeas do cavalo, deduzia-se que era uma mulher, "Uma trabalho incomum para um dama sem cor", pensou ele.

A carroça subiu pela estrada da montanha até que passou pela floresta de guaraná, fazendo-o o homem se assustar com as frutas que, reveladas pelas luzes cálidas das lanternas, lembravam olhos humanos em meio às trevas. O veículo logo adentrou a muralha da mansão. O sujeito subiu as escadas até o portão, com aberturas de vidro, bateu e foi recebido por uma mulher negra, com vestido e cartola vermelhos com detalhes de ramos pretos com flores douradas, cor também destacada em seus brincos e gargantilha; usava, também, um óculos de lentes pequenas, redondas e escuras, que escondiam seus olhos.

— É estranho ser quem recebe as visitas — falou ela com a cabeça virada para o lado, rindo de alguma piada interna, e, ao endireitá-la, prosseguiu: — Ah, foi Carllyvia quem lhe trouxe. Bem, sou Carollyna Deluevoellyne. Imagino que seja o senhor Guepes.

— Sim, o próprio. Guepes, Saulo Guepes. — expôs orgulhoso, mas um tanto confuso e incomodado com o fato dela, que ele deduziu ser a empregada, estar tão bem vestida. E acrescestou: — Sou o Ministro econômico de Brimvil. A senhorita Carllayla Deluevoellyne se encontra?

— Minha irmã saiu, mas ela deve chegar logo. Entre, por favor.

Saulo entrou sem expressão, os olhos piscando e o cérebro fritando em descrença por saber que a mulher de cor era irmã de sua anfritiã. Todavia, ele logo se assustou ao ver, parada em um canto escuro, uma outra mulher, igualmente negra, com 2 metros, era uma montanha de musculos, seus cabelos longos lembravam a juba de um leão, e seu olhar sério, e castanho avermelhado, fazia o homem preferir olhar para o chão ao arriscar qualquer reação que ela pudesse ter por ser encarada demais.

— Carlluanya, não assuste o convidado — disse Carollyna, gentilmente. Depois olhou para ele — Perdão, senhor Saulo. Minha irmã Carlluanya é como minha guarda costas e minha umbra. Venha comigo à mesa, a estrada deve tê-lo deixado faminto.

— Ah, sim. E perdão pela demora. Tive a sorte de ter vindo por terra, no caminho mais demorado, pois o navio que eu havia perdido em meu lar acabou afundando no cais daqui hoje pela manhã. Por isso me atrasei. Felizmente, apenas o capitão e um pescador foram as vítimas, mas ouvi rumores de um terceiro corpo não encontrado.

— Foi o SS Shibatic?

— O próprio. Era um navio lindo, foi lamentável vê-lo ser engolido pelo mar.

— Não lamente os pedaços de madeira, homem. Trágico foi o destino das pessoas. Se foram boas almas alguém chorará por eles, do contrário... — Ficou séria, olhando-o pelo rabo do olho, algo que ele não percebeu.

Eles foram até a cozinha com Carlluanya tremendo o chão a cada passo descalços no piso. Tal costume não vinculava com a ideia de "civilização" imaginada por Saulo, e isto o incomodava. Quando sentou-se diante da mesa ele abordou um desses costumes:

Primeiro Desafio de EscritaOnde histórias criam vida. Descubra agora