Um garoto e o poder da amizade.
Em uma noite de sexta feira, Miguel um garoto de doze anos em seu quarto, deitado em sua cama procurava pelo sono, mas ao mesmo tempo pensava sobre o seu novo vizinho que chegou pela manhã na casa da frente.
Perguntas surgiam em sua cabeça, pois a sua mãe, Cíntia que é uma mulher muito simpática e extrovertida lhe disse durante a janta que fez alguns bolinhos de chocolate para o moço e levou até a casa do sujeito. Porém, Miguel não esperava que sua mãe diria que o sujeito havia recusado os deliciosos bolinhos que não foram jogados fora, muito pelo contrário, foram devorados após a janta por ele e sua mãe.
Miguel decidiu assistir uma série em seu celular, isso já fez o garoto pegar em um sono em outras ocasiões como quando estava com medo, após escutar um barulho de madeira rangendo no escuro da noite.
No dia seguinte pela tarde, o garoto teve uma ideia.
– O que você está desenhando aí na mesa? – perguntou Cíntia.
– Eu estou fazendo uma carta de boas vindas para o vizinho!
– Miguel, eu não acho que isso seja uma boa ideia! Eu pudi perceber pelo seu rosto e na prática de que ele é um senhor bem ranzinza!
O garoto ignorou a sua mãe e ao terminar a carta apertou a campainha de seu vizinho. Apertou, apertou, mas ninguém aparecia, então a criança deu a meia volta, mas em seguida a porta se abriu. Ao se virar para casa novamente, ele se deparou com um senhor com a cara fechada de chapéu, óculos e de roupa simples. O garoto ficou um pouco assustado, mas era apenas um senhor, então prosseguiu.
– Bom dia, senhor! Eu sou o Miguel, seu vizinho e fiz essa carta para o senhor! – disse o garoto estendendo a carta para o senhor.
O senhor recebeu a carta em silêncio, e a olhou de frente e verso.
– Qual é o nome do senhor?
O senhor bufou, revirando os olhos e disse:
– Alfred, mas o que você quer garoto, me abusando nessa hora?
– Quero que se sinta bem vindo!
– Hum... Você parece ser bem educado para a geração de hoje. – disse Alfred coçando o queixo. – Quer entrar? Talvez possamos bater um papo...
No mesmo instante, Cíntia abriu a porta de sua casa para ver onde estava Miguel.
– Menino, eu já falei para deixar o vizinho quieto! Volte para a casa!
– É melhor obedecer sua mãe!
– Mais tarde eu volto! – exclamou o garoto retornando para casa, e Alfred pois a mão na mão.
Pela noite, após Miguel dizer a sua mãe que iria para a cama e dormir, ele pensava em fazer algo diferente. O garoto saiu pela janela do quarto, pela sua sorte eram apenas poucos metros do chão.
O garoto prosseguiu a casa do vizinho, apertou a campainha e esperou até Alfred abrisse a porta de sua casa. Por sorte, ela a abriu.
– Menino, o que faz você aqui numa hora dessas? – perguntou Alfred assustado.
– Eu te disse que voltaria!
– Entre logo, mas é só um pouco. Era só o que me faltava!
Miguel passou pela porta e se deparou com um corredor escuro como o resto da casa.
– Sente-se! – disse o senhor apontando para o sofá da sala – Já que você está aqui, gostaria de tomar chá?
– A minha mãe disse para eu não aceitar nada de estranhos, e você ainda estou conhecendo.
– Eu não sei se você é burro ou se é educado, porque inteligente não é! – exclamou Alfred.
– Por que o senhor disse isso de mim? – perguntou o garoto um pouco irritado.
Alfred bateu a mão na cabeça a balançou e disse:
– Se eu sou estranho, porque quis entrar em minha casa sem mesmo ser convidado? E pior, a essa hora da noite! – disse Alfred elevando a voz. – Agora você inventa essa de não querer chá. Imagina se sua mãe souber que está aqui!
– Me Desculpe!
– Desculpa aceita, me diga logo, o que você veio fazer aqui? O que quer de mim? – disse Alfred voltando ao tom de voz de costume.
Miguel ficou em silêncio por alguns segundos, pois não sabia se a pergunta que pensava em fazer seria ideal para o momento.
– Não é querendo me intrometer, mas o senhor me parece ser gente boa, e não um velho de coração de pedra! – disse o garoto soltando gargalhadas enquanto, Alfred expressava uma expressão ainda mais séria em seu rosto.
– Ai menino, diga logo antes que eu chame a sua mãe, ou que ela mesmo apareça te procurando.
– Está bem, como eu falei, a minha mãe não foi muito com a cara do senhor, e eu não tenho muitos amigos. Então decidi tentar conhecê-lo... Me diga um pouco sobre você!
– Hum... Eu sou Alfred, um aposentado de setenta e um anos de idade. Gosto de ficar sozinho ultimamente, e em boa parte de minha vida fui marceneiro. – disse Alfred olhando para o teto.
– Só isso? – perguntou Miguel com um sorrisinho forçado. – Não há nada que tenha alterado seu humor nos últimos anos?
– Já entendi onde você quer chegar, quer saber o porquê de eu parecer um velho ranzinza!
– Isso, espero que o senhor me entenda... – disse Miguel um pouco constrangido.
A boca de Alfred se mexeu, parecendo que estava procurando palavras para falar. De repente, lágrimas começou a sair lágrimas de seus olhos azuis.
– É muito difícil para mim acimilar tudo isso, principalmente descrever! – disse Alfred com os olhos cheios de lágrimas.
– Tudo bem, entendo se o senhor não quiser falar, desculpa por incomodar o senhor nessas horas!
– Não, eu vou continuar. – disse Alfred respirando fundo – A minha esposa, a dona Rosa, era uma mulher incrível, mas morreu de infarto há dois anos, e em apenas um mês atrás, a minha filha também se foi. Por causa de um acidente de carro...
Alfred caiu no choro, Miguel ficou sem reação, mas decidiu abraçar o senhor.
– Tudo bem, Alfred! Agora o senhor tem um amigo!
– Obrigado, garoto! Eu sou uma... boa pessoa, apesar dos meus defeitos e erros... – disse o senhor soluçando de choro.
Poucos minutos depois, Miguel retornou ao seu quarto entrando pela janela.
Na manhã do dia seguinte, Miguel conseguiu convencer a sua mãe a fazer novos bolinhos de chocolate, após estarem prontos, Cíntia e Miguel apertaram a campainha da casa de Alfred. O senhor abrindo a porta, se deparou com uma surpresa que o fez abrir um sorriso na boca.
– Desculpe-me vizinha, por te trado de uma maneira errada! – disse Alfred.
– Tudo bem, aqui está bolinhos de chocolate bem quentinhos para o senhor!
Alfred abraçou seus novos amigos da vizinhança, e percebeu que a vida ainda pode lhe proporcionar felicidades.
User: Guilherme2005z