Quem vê cara não vê coração!
Era uma manhã ensolarada na pequena cidade de Vila Verde, famosa por suas ruas tranquilas e pela hospitalidade de seus moradores.
Entre os muitos habitantes, havia uma jovem chamada Clara. Ela era conhecida por sua beleza estonteante: cabelos longos e dourados que brilhavam ao sol, olhos azuis como o céu e um sorriso encantador que iluminava o dia de qualquer um.
Todos na cidade admiravam Clara, mas poucos conheciam sua verdadeira essência. Pois por ela ser uma menina muito linda eles não queria saber mais sobre sua vida.
Clara era uma garota gentil e sonhadora, mas também carregava um peso no coração. Desde muito jovem, ela aprendia que a beleza exterior poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição.
As pessoas costumavam se aproximar dela não por quem ela realmente era, mas pelo que aparentava ser. Muitas vezes, Clara se sentia sozinha em meio a tantos olhares admirativos, desejando que alguém enxergasse além de sua aparência.
Em um dia qualquer, enquanto caminhava pelo parque da cidade, Clara avistou um jovem sentado em um banco, lendo um livro. Ele tinha cabelos escuros e bagunçados, roupas simples e um olhar intenso que parecia perder-se nas páginas.
_Intrigada, Clara se aproximou e perguntou:
— O que você está lendo?
O jovem levantou os olhos do livro e sorriu timidamente.
— É um romance sobre duas almas perdidas que encontram conforto uma na outra.
Clara ficou fascinada. O jeito como ele falava e o brilho nos olhos quando mencionou o livro a cativaram. Eles começaram a conversar sobre literatura, sonhos e suas visões de mundo. O nome dele era Lucas.
Com o tempo, Clara e Lucas tornaram-se amigos inseparáveis. Toda tarde, eles se encontravam no parque para discutir livros ou simplesmente aproveitar a companhia um do outro. Clara percebeu que Lucas não estava interessado apenas em sua beleza; ele via a profundidade de seu ser e a apoiava em seus sonhos.
Um dia, enquanto caminhavam juntos sob a luz do pôr do sol, Clara decidiu abrir seu coração para Lucas. Ela falou sobre suas inseguranças e como sempre se sentiu julgada pela aparência. Para sua surpresa, Lucas ouviu atentamente e compartilhou suas próprias lutas.
— Eu sei como é sentir-se invisível — disse ele com sinceridade. — As pessoas olham para mim e veem apenas um garoto comum. Elas não percebem que eu também tenho sonhos grandes e medos profundos.
As palavras de Lucas tocaram o coração de Clara. Naquele momento, ela percebeu que ambos eram mais semelhantes do que imaginavam. Eles riram das expectativas que a sociedade impunha sobre eles e encontraram consolo na amizade genuína que haviam construído.
Com o passar do tempo, Clara percebeu que estava se apaixonando por Lucas. Mas ela hesitava em confessar seus sentimentos, temendo que isso pudesse estragar a amizade tão preciosa que tinham. Porém, algo dentro dela dizia que Lucas também sentia algo mais profundo.
Em uma noite estrelada, enquanto caminhavam juntos à beira do lago da cidade, Clara decidiu arriscar tudo. Ela parou e olhou nos olhos dele.
— Lucas... há algo que eu preciso te dizer.
Ele a encarou com atenção pois ficou com receio do que sairia de sua boca.
— O quê? Pode falar.— Ele diz um pouco apreensivo.
— Eu... eu acho que estou apaixonada por você.— Ela fala um pouco envergonhada pois não sabia qual seria a sua reação.
O silêncio tomou conta do momento enquanto Lucas processava as palavras de Clara. Então ele sorriu amplamente.
— Eu também estou, estou completamente apaixonado por você desde o primeiro instante que te vi! Pensei que você nunca iria dizer!
—Eu te amo, Clara.
A felicidade inundou o coração de Clara enquanto eles se abraçavam e se beijavam sob as estrelas. Finalmente, alguém havia enxergado além da superfície, reconhecendo o amor verdadeiro entre eles.
A relação deles floresceu com base na confiança mútua e no respeito pelas imperfeições um do outro. Eles compartilharam risadas, lágrimas e sonhos juntos. A cidade de Vila Verde começou a notar a mudança em Clara; ela não apenas exibia sua beleza exterior, mas também irradiava uma luz interna que atraía as pessoas para perto dela.
No entanto, nem todos os moradores viam com bons olhos esse novo amor. Algumas pessoas ainda estavam presas aos antigos estereótipos e preconceitos sobre aparência. Um grupo começou a espalhar rumores maldosos sobre Lucas — dizendo que ele só estava com Clara por causa de sua beleza ou por interesse em seu status social.
Clara ficou devastada ao ouvir isso. Ela sabia que o amor deles era verdadeiro e não baseado em superficialidades. Em vez de permitir que os comentários maldosos afetassem seu relacionamento, ela decidiu confrontar aqueles que estavam espalhando mentiras.
— Eles passaram dos limites como podem dizer uma coisa dessas — Eu vou resolver isso de uma vez por todas.
Clara diz enfurecida.
Com coragem renovada, Clara organizou uma reunião comunitária no parque onde costumava encontrar Lucas. Ela convidou todos os moradores para discutir sobre amor verdadeiro e aceitação.
Naquela tarde ensolarada, Clara falou com paixão:
— Quem vê cara não vê coração! O verdadeiro valor das pessoas está nas suas ações e sentimentos! Lucas me vê como eu sou — alguém com sonhos e medos — não apenas como uma garota bonita!
As palavras dela ecoaram no ar silencioso enquanto as pessoas começavam a refletir sobre suas atitudes. Algumas começaram a perceber como haviam julgado sem conhecer verdadeiramente aqueles ao seu redor.
Após aquele dia transformador, as coisas começaram a mudar na cidade de Vila Verde. As pessoas começaram a valorizar mais as conexões genuínas entre si do que as aparências superficiais. A amizade entre Clara e Lucas serviu como exemplo do poder do amor verdadeiro — aquele capaz de ver além das caras bonitas e reconhecer os corações bondosos escondidos por trás delas.
E assim, com o tempo, Vila Verde tornou-se um lugar onde todos eram acolhidos por quem realmente eram — não apenas pelo exterior — mostrando que quem vê cara pode até não ver coração... mas aqueles dispostos a olhar mais fundo sempre encontrarão beleza nas almas dos outros.
User: Mariahcarvalho806