Natália Kelly

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Meu Karma

Helena é uma mulher de 27 anos encantadora e gentil, mas que esconde um segredo obscuro. Na frente de tudo e de todos, ela era perfeita; dava até gosto de ver, até a volta de seu karma.

– Há quanto tempo, Heleninha?

E aí, está seu karma: cabelos negros cacheados e olhos azuis cristalinos, e só ela podia vê-lo. Ela passa por ele e o ignora completamente.

– Isso são modos, meu bem? Achei que você ficaria feliz em me ver.

Helena parou bruscamente.

"Ele era estúpido ou o quê?"

– Deixe-me em paz!

Ela seguiu seu caminho sem olhar para trás, o que fez seu karma sorrir.

– Não seja assim, querida, nós dois sabemos que... – Seu karma parou de falar assim que percebi que Helena esbarrou, contudo, em uma senhorinha de aparência doce e gentil. Ele abriu um lindo sorriso.

– Oh, dona Vera, me desculpe, a senhora está bem? – falou Helena, ajudando-a a apanhar suas compras.

– Ah, e você, minha doce menina, estou bem, não se preocupe.

– Aí, dona Verinha, a senhora não pode sair sozinha assim e muito menos carregar todas essas sacolas sozinha.

– Aí, minha menina, foi o jeito, o imprestável do meu neto tá só naquele jogo estúpido e não quer me ajudar em nada...

– Que tal matar ela ou então o neto dela? – Seu karma se aproxima e sussurra no seu ouvido. – O que foi, meu bem? Não gostou da proposta?

– A senhora deveria ter me chamado de dona Vera; não seria problema nenhum acompanhá-la.

– Meu bem, vamos matá-la, sim! – Helena aperta as sacolas. – Vamos, vamos...

Helena é tirada da nébula que se formou ao seu redor pelo neto da senhora.

– Meu Deus, vovó! Por que a senhora não me esperou? Eu falei que faltava só uma partida.

– Não seja mentiroso, criança estúpida! Você falou aquilo há horas e olha, já fiz as compras e estava até voltando pra casa.

– Mas vó, era um jogo online e não podia parar e...

– Mata, mata, mata! Vamos, Helena!

– Oh, obrigada pela gentileza, minha menina. Entregue as sacolas para esse imprestável, ele vai levar daqui.

Helena sorri, entregando as sacolas para o neto de dona Vera, que a olha envergonhado, desviando o rosto, e os dois seguem seus caminhos discutindo.

– Você é sem graça, Heleninha! Esperava mais de você.

O neto de dona Vera era um menino bom, apesar de tudo, e muito tímido. Toda vez que via Helena, ficava todo vermelhinho ou, então, quando tentava dizer algo para ela, começava a gaguejar.

– Vai pro inferno.

– Aí, não seja assim, meu bem. Não fale do nosso lar como se fosse uma ofensa...

Helena estava tão distraída que não percebeu que já entrava no beco escuro que passava toda vez pra ir trabalhar.

– Você é tão doce, Helena, que está me deixando louco. Como pode aguentar isso...

Helena é acertada com tudo na sua cabeça, com um taco, e desmaia. Karma, que estava do lado dela, sorri.

Finalmente, algum sem noção mexeu com sua Heleninha. Com certeza, ela vai ficar furiosa quando acordar. Ele vai amar ver isso.

Primeiro Desafio de EscritaOnde histórias criam vida. Descubra agora