Bryan Thomas

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O Baile da Traição

Dois grandes reinos, Astra e Aranki, buscavam um futuro de prosperidade através da união de um príncipe e uma princesa. Organizaram um baile para que os reinos se conhecessem. O Salão de Cristal do Castelo Aranki estava deslumbrante naquela noite, luziram luzes com os candelabros de cristais, dando a opulência para ambos os reinos juntos ali. O ambiente de festa estava repleto de sorrisos, conversas afáveis e música calma, que deixava o ambiente cada vez mais acolhedor, afinal, a junção dos reinos era importante.

No centro de toda essa celebração, o príncipe Victor de Astra brilhava como o verdadeiro herdeiro do trono. Ao seu lado, no entanto, estava seu irmão mais novo, Arlott, que atraía olhares curiosos e admirações.

Ninguém mais atraia olhares do que príncipe Arlott, o garoto tinha uma beleza exorbitante, um charme inegável e uma presença cativante, só estava atrás de seu irmão, Victor, que era a principal atração dos reinos, ele era quem iria se casar com a princesa do reino aliado, Aranki.

Floryn, uma bela e jovem dama do reino Aranki, era a pretendente do príncipe Victor aquela noite. Mas desde que colocara os olhos em Arlott, seu coração ingênuo se incendiou e palpitou de maneira incompreensível, talvez quisesse Arlott e não Victor.

Arlott sentia todos aqueles olhares, que só aumentavam seu ego. Seu pai, o rei de Astra, o havia alertado para não se colocar no caminho do irmão mais velho naquela noite, sabendo que a atenção que ele atraía poderia gerar problemas. No entanto, Arlott nunca fora do tipo que seguia ordens cegamente. E quando ele avistou Floryn pela primeira vez, soube que não poderia se manter afastado.

Ele se aproximou em passos leves até a bela dama, que ficou constrangida quando notada, ainda mais pelos olhares de ciúmes e inveja de outras mulheres no ambiente.

— Milady... permites-me a honra desta dança? — A voz de Arlott, quase em um sussurro sedutor, arrepiou Floryn.

Ela olhou para ele, surpresa e um tanto nervosa. A presença de Arlott era tão intensa quanto inesperada. Seus olhos encontraram os dele, e por um momento, o mundo ao redor pareceu desaparecer.

— Seria uma honra, milorde — respondeu ela, sua voz soando um pouco hesitante.

Ele estendeu sua mão para ela, e com um sorriso meigo e gentil, aceitou a mão do cavalheiro, sentindo que a mão dele era fria, quase gélida. Arlott então, sincronizou seus passos aos dela, fluindo pela pista de dança do salão, onde vários casais dançavam juntos. Arlott era um dançarino magistral, conduzindo Floryn com leveza e graça.

— Sabe, Milady, há algo de mágico nesses momentos... Como se o tempo parasse, como se o mundo ao nosso redor desaparecesse. — Ele girou a garota com graciosidade e a abraçou por trás.

— Seu nome, Floryn, não é? Meu irmão deve estar te procurando... — Ele riu da expressão abobalhada da garota.

— Mas, entre nós, Floryn, não é uma pena estar sempre preso ao destino dos outros?

Floryn mordeu o lábio, hesitando antes de responder.

— Talvez... — ela murmurou.

— A vida tem suas próprias ironias — Arlott continuou — Às vezes, estamos tão presos ao que esperam de nós, que esquecemos o que realmente desejamos.

Ao longo da dança, as palavras dele eram envolventes, falava de aventuras, de lugares distantes, e tudo parecia carregar uma aura de mistério, mas um mistério cativante e prazeroso. Floryn se apegou a Arlott naquele momento, já sabia que estava sentindo uma admiração e paixão pelo garoto.

Dançaram para lá e para cá, Floryn acabou se cansando e parando os passos.

— Já está cansada? — Arlott perguntou, seus olhos se encaixando cativantemente nos dela.

— Talvez um pouco — admitiu, corando novamente.

— Talvez a brisa da noite possa nos refrescar, vamos para a varanda, mon amour. — Puxou a mão da garota com delicadeza até as escadas que levavam a varanda do castelo Aranki.

A varanda estava iluminada apenas pela lua cheia que lançava uma luz prateada sobre os dois. Arlott se aproximou de Floryn, a brisa gelada soprando levemente seus cabelos.

— Floryn... — ele olhou para ela com um sorriso misterioso — Eu guardo segredos terríveis, que nem mesmo eu consigo aguentar.

— Segredos? — Floryn o olhou um tanto preocupada, mas curiosa.

— Segredos entre a vida e a morte. — Arlott lançou um olhar predatório e obscuro para Floryn.

Ela arregalou os olhos sentindo uma ameaça terrível, de repente a aura daquele garoto cativante se transformou na aura de um ser inimaginável. Ela se afastou, com medo do que poderia acontecer, estava em choque.

— E para me manter entre estes mundos, eu preciso de mais almas. Infelizmente minha querida, você veio a descobrir isso muito tarde.

Arlott deu um sorriso bizarro, seus olhos se tornaram frios e cheios de maliciosodade. Antes que Floryn pudesse olhar pra a porta e fugir, sentiu uma ardência dolorosa ao redor de seu pescoço. Aquele ar calmo e gentil de Arlott desapareceu, o cadáver morto e pálido de Arlott caira no chão.

O pescoço em cores avermelhadas de Floryn, dava prazer aos olhos de um ser com aparência meio humana, íris vermelhas e escleras negras como a noite.

— Deixe-me te contar um segredo, Floryn — ele sussurrou em seu ouvido, enquanto aparentava segurar uma linha fina e vermelha que segurava o pescoço da garota — Arlott já está morto. Há muito tempo...

O ser com roupas formais e em paleta vermelha, deu um sorriso cruel para a expressão aterrorizante de Floryn, que parecia engasgar com o próprio sangue. Ela desesperadamente tampou o pescoço, enquanto gritava em puro medo.

O ar se esvaía de seus pulmões, e a noite ao redor dela parecia escurecer ainda mais. Logo, o ser cortou a linha de seu pescoço, vendo o corpo e a cabeça decepada se separarem no chão, uma linda poça brilhante de sangue se formava na varanda.

O ser de cabelos castanhos gargalhou com um tom sinistro e brincalhão. Elevou uma luz esbranquiçada do corpo de Floryn, que brilhava, quase como que o sol no verão, e devorou a energia daquela alma como se fosse um suco de caixinha.

Ao se alimentar, flutuou observando a bagunça que havia feito na varanda.

— Ixi, quem será que vai ter que limpar tudo isso? — Tampou a boca que escapava risos de crianças.

Ele desapareceu nas sombras, como se já fizesse parte delas. Não demorou muito para que um grito de horror de uma funcionária fosse ouvido do salão de festa.

Quem diria que Arlott, um humano que se mostrou tão gentil e romântico como uma rosa, estivesse cheia de espinhos.

User: hoodiebtt

Primeiro Desafio de EscritaOnde histórias criam vida. Descubra agora