Sinto o peso de um erro gravado nas minhas costas como uma marca de ferro quente, uma cicatriz invisível, mas que queima incessantemente. Cometi um erro, não apenas um deslize, mas uma incursão audaciosa na cova do leão, e agora sou um alvo, uma marca de um tiro em um campo de batalha.
O erro em si não foi o problema; foi a tentação irreprimível de repetir a mesma falha em busca de uma compreensão mais profunda. Enquanto outros podem questionar onde estava minha mente, o que eles não percebem é que minha mente estava imersa em uma tempestade de curiosidade e frustração. Eu queria ver de perto a essência da alma repugnante que estava prestes a enfrentar no tribunal. Queria sentir na pele a textura do mal que eu teria que expor e desmascarar.
Nunca antes uma situação havia drenado tanto meu psicológico, como se cada momento estivesse consumindo um pedacinho da minha sanidade. É um estado de desolação onde o horizonte parece sempre encoberto por nuvens densas e ameaçadoras. A carga emocional é tão pesada que mal posso respirar, e a única certeza que tenho é a incerteza do que virá a seguir.
Agora, ao olhar para trás, me pergunto se a busca por uma compreensão mais profunda valeu o custo. Sinto-me consumido por uma inquietação que não posso ignorar, um eco constante da pergunta: até onde eu posso ir antes que isso me consuma por completo? A jornada que iniciei pode ter aberto um abismo diante de mim, e o mais preocupante é não saber se há um fundo seguro para essa queda interminável.XXXXXXXXXX
CAROL GATTAZ ON
Chegar ao fundo do poço é um estado de profunda reflexão, uma imersão em uma escuridão onde o entendimento é obscurecido pela dor e pelo desespero. Havia assuntos que serviam como gatilhos, minúsculos estopins que transformavam a serenidade de minha existência em uma tempestade furiosa. Eu consegui viver com os problemas passados, desde que eles permanecessem enterrados e não viessem à tona, pressionando-me como uma corrente invisível. Mas a visita da advogada criminalista, com sua voz fria e ameaçadora, rasgou o véu da minha relativa tranquilidade.
Ela me obrigaria a depor, e com isso, ela se tornou um espectro de morte em minha vida. Eu me vi submersa em um limbo emocional, uma prisão onde a angústia se tornava tangível e inescapável. O simples pensamento de ter que falar diante de um tribunal, de revelar o que eu sabia e o que eu vi, era como se eu estivesse sendo forçada a expor minhas feridas mais profundas, aquelas que eu havia cuidadosamente guardado em uma caixa distante dos meus pensamentos, na tentativa de proteger meu equilíbrio mental.
Não consegui trabalhar, não consegui almoçar. O meu espírito estava imobilizado, engolfado pela sombra da expectativa, e minha mente era um campo de batalha onde a advogada se tornava uma personificação da própria morte. O álcool, que já foi uma fuga ocasional, transformou-se em um anestésico desesperado. Ao final da noite, entreguei-me a ele e tomei a atitude mais desesperada que há muito evitava: fui até o 1562 no Barro Preto com uma arma, e ali fiquei, escondida, entre a angústia e a resignação.
As horas se arrastaram, e a decisão de acabar com essa merda de uma vez ou deixar a vida seguir seu curso natural era um dilema torturante. No meio da embriaguez, tive a impressão de ver Rosamaria sair da igreja, mas com o álcool intoxicando minha percepção, a linha entre realidade e ilusão se tornou indistinguível. O que era concreto e verdadeiro se dissolvia em um mar de incertezas e confusão.
Eu me perguntei, naquele espaço sombrio entre a esperança e a desesperança, se havia um caminho para escapar do fundo do poço ou se esse era, de fato, o meu destino final. A dor se tornou uma constante, uma presença palpável que não me deixava em paz. E, à medida que os pensamentos se misturavam, eu me via perdida entre a necessidade de enfrentar o tormento e a tentação de sucumbir a ele, sem saber se havia ainda uma luz no fim desse túnel escuro.
Fiquei ali ainda mais do que esperado, vi as pessoas saírem e por fim Orlando de mãos dadas com sua esposa, se retirar do local e dado alguns passos, chegar a sua casa. Respirei fundo sabendo que o erro era estar ali, liguei o carro e segui pra minha casa.
A manhã seguinte foi um sacrilégio, fiz tudo num completo automático sem saber de fato o que eu tava fazendo! Cheguei a delegacia pouco mais de 10 horas da manhã, respirei fundo me jogando na cadeira e me forcei a trabalhar.
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Aberratio Ictus
FanficEm um mundo de leis e segredos, uma delegada e uma advogada se confrontam em lados opostos da justiça. Entre o ódio e a paixão, essas duas mulheres terão que lidar com sentimentos inesperados e perigos inimagináveis. Em sua jornada, descobrirão que...