Aberratio Ictus

INEBRIATA

O fim não tá tão longe mas a paz não está tão perto. Deu pra entender? NÃO SEI DE MAIS NADA.
COMENTEM MUITO, VOTEM E USEM #AICTUS

BEIJOS E ATÉ DOMINGO.
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Dizem que quando o foco se perde, mesmo que por um breve instante, o caos encontra espaço para se instalar. Um segundo de distração pode abrir portas que talvez jamais devessem ser abertas; um passo em falso e o caminho se distorce, o sentido escorre por entre os dedos. Mas será mesmo? Será que uma fração de segundo, um mísero deslize, poderia revelar as engrenagens de um plano arquitetado com precisão?
Naquela noite, a escuridão já se espalhava, engolindo ruas e esquinas, ocultando segredos e intenções. A alguns quilômetros dali, Rosamaria e Caroline finalizavam o que um dia acreditaram ser eterno, um laço rompido sob a sombra de um destino incerto. Enquanto isso, Caterina movia-se como quem conhece o risco, mas ainda assim decide jogar, apostando as cartas que tinha nas mãos. Sabia que Orlando, rodeado por seus "funcionários" — meros eufemismos para seus capangas cruéis e calculistas — teria uma reunião naquela madrugada.
Era o momento certo. Ela se escondeu, camuflada na penumbra, observando e escutando, gravando cada palavra, cada detalhe, sem perder um só movimento. Cada ruído ecoava, mas um em especial se destacou: uma nova morte se aproximava, mais uma vítima da crueldade de Orlando. Porém, Caterina sabia mais. Sabia que a chave, a peça para encerrar aquele jogo sangrento, estava escondida ali perto. Sob um piso falso, protegido pela escuridão, estavam os documentos, os segredos ocultos, as provas que poderiam, quem sabe, desmantelar todo o império que ele construíra à custa de tantas vidas.
Entre o silêncio e o segredo, Caterina se perguntou quantas vidas ainda seriam necessárias para que o fim chegasse. E em meio à tensão daquela madrugada, compreendeu que às vezes, o caos não surge da distração, mas sim da coragem de quem, ao invés de desviar, encara o abismo e aposta na destruição do que precisa ser derrubado.

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ROSAMARIA MONTIBELLER ON

Corria contra o tempo. A cada segundo que passava, sentia como se ele me escapasse por entre os dedos, se esvaindo como areia fina que eu jamais conseguiria segurar. Minha cabeça estava um caos, pensamentos trovejando, um tumulto ensurdecedor que não me deixava respirar. A consciência... essa, então, pesava toneladas. E a cada passo que eu dava, a cada decisão que tomava, era como se estivesse carregando um fardo invisível, mas insuportável, que se fazia presente a cada momento.
Durante o dia, eu fui preenchendo lacunas com obrigações que, na verdade, só acrescentavam mais camadas ao meu tormento. Realizei audiências online, as vozes e os rostos esmaecidos na tela, quase como fantasmas. Do meu escritório, observava Roberta e Gabriela mergulhadas num caso pesado. Estavam tentando desmantelar um esquema de desvio de receita pública – um quebra-cabeça onde cada peça parecia estar coberta de lama. Era tão complicado que até Gabriela, uma civilista nata, foi obrigada a remexer seus conhecimentos de direito tributário para ajudar. Eu sabia que ela estava se esforçando, sabia que a situação a incomodava, mas aquele "claro" que respondeu ao meu convite para jantar naquela noite soava como o respiro de alguém que precisa de um alívio.
Encerrado o expediente, senti um misto de exaustão e inquietação. Minha próxima parada era a corregedoria. A espera se estendeu como uma sombra, o tempo rastejando. Com o cair da noite, a solidão no carro era o espaço perfeito para revisitar tudo o que eu não queria pensar. Sheilla havia cancelado nosso almoço por um flagrante urgente, me deixando mais uma vez com essa sensação de estar sempre à deriva, sempre à espera de algo que nunca vem.
Foi então que vi Willian, sua figura dura e sua expressão inabalável saindo da corregedoria. Dois toques na buzina e, com um revirar de olhos, ele entrou no carro. Sempre direto, sempre aquele jeito áspero que só ele tinha, como se cada palavra, cada gesto dele pesasse mais do que eu estava preparado para carregar.
E ali, dentro do carro, naquela noite fria e pesada, o tempo e a consciência finalmente se encontraram numa colisão inevitável.