CLAMA

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Eu não estou me sentindo nada pressionada galera. Trabalhando muito aqui pra entregar o melhor pra vocês eu espero não decepcionar! Votem, COMENTEM MUITO e até DOMINGO!

Beijos até breve.
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Burro é quem pensa que Rosamaria não sabia o que estava fazendo. Ela era perfeitamente consciente do terreno escorregadio em que pisava, das armadilhas à espreita e dos riscos iminentes. O erro, o verdadeiro erro, é acreditar que se pode fazer algo para o qual, nitidamente, não se está preparado. Mas a quem culpar por isso? Ela foi colocada naquela posição, lançada como quem joga alguém aos leões. Ela sabia que, por mais que fosse chamada a agir como uma leoa, por dentro ainda era apenas um gatinho, uma criatura tentando sobreviver às expectativas esmagadoras que lhe foram impostas. Cumpriu seu papel de dominadora, mesmo quando esse papel lhe cabia como uma máscara, e não como uma essência.
Rosamaria não escolheu; ela aceitou, porque nem sempre temos escolhas, e, de fato, a sua única decisão real foi entender que, querendo ou não, ela teria de se encaixar naquele lugar. Não havia outra alternativa. O silêncio foi sua resposta mais eloquente, o conformismo mascarado de força.
E então, havia Caroline. Sempre desconfiada, cada vez mais afundada na angústia que lhe consumia o peito. O amor que sentia por Rosamaria era verdadeiro, mas havia uma sombra pairando sobre ele, uma sombra de incerteza que a corroía. Amar aquela mulher era uma coisa, mas confiar nela... era outra história. Caroline vivia entre dois extremos, entre o desejo de entregar-se por completo e o medo constante de acordar um dia com um travesseiro esmagando seu último suspiro, pelas mãos da própria Rosamaria. E, mesmo assim, Caroline não conseguia parar. Não havia como se afastar. Não era tão simples.
Porque, no fundo, quando se ama alguém, nada é simples. O amor é uma teia de paradoxos, uma rede emaranhada de esperança, desespero e riscos.

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ROSAMARIA MONTIBELLER ON

Acordei no dia seguinte com uma serenidade que há tempos não sentia. Era como se o peso de tantas responsabilidades e preocupações tivesse se dissipado durante a noite. A verdade é que Carol tinha o dom de me fazer esquecer do caos incessante que cercava minha vida. Ao seu lado, tudo parecia se diluir em um prazer que transcendia a simples satisfação física; era um alívio emocional, uma pausa no ritmo frenético da existência. Eu costumava ser a última a levantar, preguiçosa, saboreando o calor dos lençóis por mais alguns minutos, mas naquela manhã, algo em mim mudou. Levantei antes dela, o que era raro.
Tomei um banho longo, sentindo a água escorrer pelo meu corpo como se cada gota levasse um pouco do cansaço acumulado. Meus pensamentos estavam mais claros, como se aquela manhã fosse um ponto de virada. Decidi preparar o café da manhã, não só como um gesto de carinho, mas como uma forma de retribuir o tanto que Carol fazia por mim, mesmo que ela não soubesse o quanto. Ela estava exausta; as últimas semanas haviam sido um turbilhão de viagens, missões, plantões. Eu sabia que o corpo dela pedia por descanso, e merecia cada segundo de sono tranquilo.
Deixei-a dormir um pouco mais, enquanto preparava o café com o cuidado de quem cuida de algo sagrado. Cada detalhe, cada cheiro que emanava da cozinha, era um convite para um novo começo. Quando terminei, o tempo parecia ter corrido de forma implacável. Fui me arrumar com a consciência de que não dava mais para adiar o inevitável: logo teríamos que enfrentar o mundo lá fora, e nos atrasar não era uma opção.
Mas, por um breve momento, aquele instante antes de acordá-la, tudo estava em perfeita harmonia. Era como se o tempo tivesse se dobrado sobre si mesmo, e eu pudesse viver para sempre naquele espaço entre o despertar e o dia, onde só existíamos nós duas, livres do peso de tudo o que ainda estava por vir.

Rosamaria: Meu bem, acorda, vamos nos atrasar e você ainda precisa me deixar no escritório. -falei e ela se mexeu apenas concordando com a cabeça-

Aberratio IctusOnde histórias criam vida. Descubra agora