Capítulo hoje, pode? Tô sabendo que vocês tão enlouquecendo e lotando a fila da psiquiatria do CAPS em? Favor deixar pra enlouquecer depois porque tudo o que tá ruim, tende a piorar.
COMENTEM MUITO, USEM #AICTUS.
Beijos até breve...
____________________________A desconfiança é, de fato, uma arma silenciosa e letal, tão incisiva quanto uma bala cravada na carne. Ela não apenas atravessa a pele, mas rasga as fibras mais íntimas do ser, dilacerando a confiança, que jorra como o sangue de uma ferida aberta. O olhar de desprezo, disfarçado sob um carinho afetuoso, revela o segredo sombrio: as pessoas mostram apenas o que desejam, ocultando seus verdadeiros intentos por trás de máscaras sutis e palavras suaves.
Carol estava imersa na vastidão dos seus pensamentos intrusivos, aqueles que a espreitavam nos momentos de fragilidade e transformavam sua frieza em uma armadura impenetrável. Naquela noite, um dia que parecia ter sido um mar de descobertas dolorosas, ela foi forçada a sufocar seus sentimentos, a seco, como se cada palavra engolida fosse um pedaço de sua alma arrancado à força. Não era só o desconforto da mentira que a corroía, mas o peso de saber que a mulher que amava era uma psicopata manipuladora, uma verdadeira artista da falsidade. E ainda assim, respirar o mesmo ar dessa mulher era um fardo que ela suportava, mesmo quando o coração se dividia entre o amor genuíno e o medo.
Caroline já não sabia mais o que era chorar. A dor que um dia transbordava em lágrimas agora se manifestava em atos frios e calculados. Ela havia se tornado cética, inviolável, uma fortaleza de emoções reprimidas. Sua tristeza era evidente, não nas lágrimas, mas nas suas ações: gestos bruscos, olhares vazios, silêncios longos. E, de forma paradoxal, essa mesma mulher, com sua armadura intacta, era capaz de aceitar um pedido de namoro vindo de quem acreditava que seria a responsável por tirar sua vida.
O que movia Caroline? Qual era o limite que a empurrava para essa decisão tão perturbadora? Talvez ela soubesse, em algum canto de sua mente, que o amor e o ódio são faces da mesma moeda, entrelaçados em uma dança trágica. Mas, se a proposta de namorar com a pessoa que parecia carregar sua sentença de morte não a assustava, o que, afinal, seria capaz de apavorá-la? Talvez o som de um simples áudio fosse a gota que faltava para fazer transbordar aquilo que ela tanto se esforçava para conter.XXXXXXXXXX
CAROL GATTAZ ON
Ela chegou com o brilho nos olhos, uma leveza no andar que denunciava o quanto o dia tinha sido bom para ela. A felicidade parecia escorrer pelos poros, talvez fruto dos momentos com sua mãe e sua irmã. Eu sabia que ela tinha histórias para contar, detalhes que pintariam sorrisos ainda mais largos em seu rosto. Senti uma vontade enorme de perguntar sobre cada instante, de ouvir com atenção cada mínimo detalhe, mas algo dentro de mim me prendia, me impedia de mergulhar na alegria dela. Havia um bloqueio entre nós, algo que me separava de sentir plenamente o momento presente.
Por dentro, meus sentimentos se amontoavam como uma pilha de emoções que eu já não sabia como organizar. Cada um deles ardia no peito, como brasas que não se apagavam. Respostas automáticas escapavam da minha boca, e eu mal me reconhecia. Quando ela perguntou o motivo das minhas respostas curtas, vacilantes, eu me escondi atrás de uma desculpa velha e cansada: “dor de cabeça”. Ah, que ironia! Sabia que era pura invenção, uma mentira que só servia para esconder o que de fato estava acontecendo dentro de mim.
Apesar do peso que carregava, me esforcei até o último segundo para ser, no mínimo, agradável. Quando ela sugeriu que fôssemos jantar fora, num restaurante onde já tinha feito uma reserva, eu aceitei. "Se for pra ser sufocada durante a madrugada por um travesseiro, que ao menos eu morra alimentada com uma boa refeição", pensei, rindo internamente da tragédia cômica que me passava pela mente.
Nos abraçamos no silêncio do quarto, naquele escurinho que quase sempre trazia conforto. Era um abraço sem pressa, mas sem a vibração usual que eu costumava sentir. Ficamos assim até perto das sete da noite, quando finalmente nos levantamos. Entramos juntas no banheiro, e, entre beijos e carinhos que nada tinham de urgência, nos arrumamos para sair. Ela dirigiu até o restaurante, com a calma de quem carrega a leveza de um bom dia, enquanto eu tentava, em silêncio, não afundar ainda mais no peso de minhas próprias emoções.
Era estranho, quase irônico, viver um momento assim. Estar fisicamente presente, mas emocionalmente distante. Sentir o calor da pessoa amada tão perto e, ao mesmo tempo, estar perdida dentro de mim. Mas a verdade é que, por mais que tentemos disfarçar, o que carregamos por dentro sempre encontra uma maneira de transbordar.
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Aberratio Ictus
FanfictionEm um mundo de leis e segredos, uma delegada e uma advogada se confrontam em lados opostos da justiça. Entre o ódio e a paixão, essas duas mulheres terão que lidar com sentimentos inesperados e perigos inimagináveis. Em sua jornada, descobrirão que...