DILIGENS

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Gosto como vocês tentam pensar com a minha cabeça galera, mas respondam uma simples pergunta: Porque mandar Caroline pra longe se ele pode manter as 3 peças desse tabuleiro e dar um xeque mate quando não se espera?
Bom, mais um capítulo e com ele mais um pouquinho de desordem. COMENTEM MUITO, VOTEM e usem #AICTUS.

Beijos até breve.
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Naquele instante em que o destino traçava linhas de fogo no ar, a vida das duas não lhes pertencia mais. Carol e Rosamaria, moldadas por experiências e traumas opostos, se encontravam em uma encruzilhada que nenhuma havia escolhido, no centro de um espetáculo que não pediram para assistir. Naquele carro blindado, cada estilhaço que não atravessava a barreira era um lembrete cruel de quão efêmera era a linha que separava a vida da morte. Rosamaria, de pernas trêmulas e olhos vidrados, sentia o peso do momento esmagando cada resquício de inocência que ainda tentava preservar.
Carol, fria como a lâmina que corta sem hesitação, assumia o papel que o cenário exigia dela. Olhos firmes, coração compassado, mente a postos. Para Carol, o perigo era tão familiar quanto o pulsar do próprio peito; ela não se rendia ao medo, tampouco às lágrimas que recusavam cair. Ao contrário, cada disparo ao redor apenas reforçava sua determinação de proteger Rosamaria, aquela que, diferente dela, não fora feita para aquele cenário de aço e pólvora.
Olhando para Carol, Rosamaria entendia que a sensação de segurança não vinha do aço blindado do carro, mas da presença daquela mulher indomável ao seu lado. A intensidade de Carol irradiava algo que nenhum metal poderia substituir; era uma proteção quase imaterial, mas palpável, que fazia Rosamaria acreditar que, mesmo em meio ao caos, ainda havia um futuro pelo qual lutar.
Mas agora, Carol não estava ao seu lado. E, ao sentir a ausência do calor seguro que Carol trazia, o pânico de Rosamaria se intensificava. Naquele silêncio interrompido por tiros, Rosamaria percebia o paradoxo: Carol precisava estar onde não havia proteção alguma, onde outros, menos preparados, também precisavam ser salvos. A coragem agora era de Rosamaria, mesmo que ela não tivesse se dado conta disso. O que importava era a certeza de que, enquanto respirassem, ambas lutariam — Carol, com sua implacável racionalidade; Rosamaria, com seu coração ofegante e inquieto.

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ROSAMARIA MONTIBELLER ON

O silêncio dentro do carro era uma verdadeira tortura. Era como estar presa em um espaço onde o ar se tornava pesado e cada segundo se arrastava como se o tempo estivesse prestes a parar. Naquele instante, minha mente vagava por entre uma tempestade de pensamentos, um redemoinho de lembranças e medos, todos colidindo ao mesmo tempo, e minha capacidade de colocar cada coisa em seu devido lugar parecia ter sido arrancada de mim. O caos interno refletia-se na agitação do meu corpo; eu tremia de dentro para fora, e o eco dos tiros que assombravam minha memória se intensificava. Era um som silencioso que reverberava, uma lembrança que não se apagava.
Apertei meus braços ao redor de mim mesma, numa tentativa desesperada de manter o calor, de sentir que ainda estava aqui, presente, enquanto minhas mãos suavam. Não conseguia parar de me perguntar como Caroline pôde me deixar, justo agora, justo nesse momento crítico. Era uma pergunta que queimava em minha mente, cada vez mais angustiante, enquanto o vazio da resposta apenas se ampliava. Ela se foi, deixando um abismo de incertezas e a terrível sensação de abandono.
A viagem até o prédio da Sheilla se transformou em uma jornada interminável. Quando finalmente paramos, Naiane assumiu o controle, dando ordens aos agentes em nome de Caroline, como se ela estivesse tentando preencher o vazio deixado. As instruções eram precisas: varrer o quarteirão, assegurar que todo o prédio estivesse seguro, verificar cada canto para que não houvesse qualquer ameaça, nenhuma armadilha oculta.
Quando finalmente chegamos ao apartamento, o alívio que esperei sentir não veio. A dor, o medo e a solidão eram uma presença constante, e tudo o que eu consegui fazer foi me lançar nos braços da Sheilla. Foi um gesto que dispensava palavras. Naquele abraço, estava meu pedido silencioso de socorro, uma súplica muda para que alguém, qualquer um, me ajudasse a reunir os fragmentos de mim mesmo que estavam caindo, um a um.

Aberratio IctusOnde histórias criam vida. Descubra agora