Queria dizer que há males que vem para o bem e o momento de glória tá breve. (Coitada dessas duas). Bom capítulo COMENTEM MUITO, votem, me faz feliz e faz eu voltar mais rápido.
Beijos, até breve.
_____________________________Caroline acordou naquela manhã com uma sensação de peso, um peso que não vinha apenas de suas angústias internas, mas de Rosamaria, que repousava tranquila sobre seu peito. Havia algo de etéreo naquela cena: o contraste entre a serenidade do sono da mais nova e a tempestade silenciosa que Caroline carregava por dentro. Ela permaneceu imóvel por alguns instantes, quase como se estivesse aprisionada na beleza daquele momento, sem querer rompê-lo, mas a necessidade fisiológica a chamava de volta ao mundo concreto.
Desvencilhar-se de Rosamaria foi como livrar-se de um véu de sensações que a envolvia, mas Caroline o fez com a delicadeza de quem sabe que certos momentos não podem ser perturbados. Ao se levantar, o frio do chão pareceu lembrá-la da realidade que, impiedosa, avançava, mesmo diante da imobilidade do tempo no quarto. No banheiro, a rotina parecia algo tão distante do que havia acabado de experimentar, mas ainda assim necessário. Ela cumpriu o rito diário como quem reconhece que a vida não para, mesmo quando desejamos.
Quando saiu, alguns minutos depois, sua atenção foi arrebatada pela passagem do tempo. O relógio, inclemente, já marcava 9:30 da manhã, e isso a trouxe de volta à vida prática. Olhou para Rosamaria, ainda mergulhada no reino dos sonhos, e sentiu um misto de alívio e desejo de preservação. Havia algo de sagrado em deixar o sono de alguém intacto, como se, naquele estado, Rosamaria pudesse estar a salvo de todas as coisas que o mundo desperto exigia.
Sem fazer alarde, Caroline desceu para seu escritório. O mundo esperava, as demandas profissionais se acumulavam, e ela se entregou a elas com uma determinação que, muitas vezes, servia para mascarar o turbilhão emocional que sentia. Era assim que ela navegava pelas ondas do cotidiano: entregando-se ao trabalho com a intensidade de quem sabe que, sem ele, seria engolida por pensamentos mais profundos e, talvez, perigosos.
O tempo passou sem piedade, como sempre acontece quando se está imerso em atividades que nos distraem de nós mesmos. Quando Caroline finalmente ergueu os olhos de suas demandas, lembrou-se da presença de Rosamaria em sua casa, como um eco distante que lentamente ressoava de volta à consciência. Ela subiu as escadas, pronta para reencontrar a serenidade do sono da mais nova, mas foi recebida pelo som da água do chuveiro. Rosamaria estava desperta, mergulhada em outro tipo de purificação.
Ali, diante da porta do banheiro, Caroline parou por um momento, sentindo a complexidade da situação. Rosamaria, em sua fragilidade e força, havia invadido não apenas o espaço físico de sua casa, mas o território emocional de sua alma. O que se passa pela mente de alguém enquanto a água escorre pelo corpo e o tempo parece suspenso? Era um mistério que Caroline talvez nunca decifrasse por completo, mas a vida, como sempre, encontrava uma forma de seguir seu curso, mesmo nos momentos mais silenciosos e íntimos.
Cada gesto, cada decisão, parecia estar entrelaçado com uma inevitável filosofia do existir, onde o tempo, o afeto e as responsabilidades se entrecruzavam, criando uma teia complexa que apenas almas sensíveis eram capazes de reconhecer. E Caroline, com toda a sua contenção, sabia que aquele era um desses momentos em que o mundo parava para que algo maior pudesse ser entendido, ainda que em silêncio.XXXXXXXXXX
CAROL GATTAZ ON
Deitei-me novamente na cama, sentindo ainda no ar o perfume que ela havia deixado para trás, um vestígio que parecia se fundir aos lençóis, misturando-se com minhas memórias e desejos. O cheiro dela, impregnado em tudo, como uma marca que, por mais que o tempo avançasse, teimava em não desaparecer. Não era só o perfume de sua pele, mas a presença de algo maior, uma energia que ainda flutuava no ambiente, insinuando-se em cada canto do quarto.
Peguei o celular, como quem busca uma distração, mas as palavras nos emails se embaralhavam, porque minha mente estava em outro lugar. A atenção que eu fingia dar ao mundo exterior não passava de uma fuga, enquanto o som da água correndo no chuveiro ao lado reverberava como uma melodia de fundo. Era impossível ignorá-la. Cada gota d’água que caía parecia marcar o compasso de um desejo que crescia em mim, silencioso, mas voraz. A espera, ainda que curta, foi uma tortura doce, o tipo de ansiedade que não se revela, mas arde no silêncio.
Então, o som cessou. O chuveiro se desligou e, de repente, tudo ao redor pareceu ficar mais pesado, mais denso. Cada segundo entre o silêncio e a aparição dela foi como um prenúncio de algo inevitável. Ela saiu pela porta, envolta em um roupão, seus cabelos ainda úmidos, o corpo escorrendo água e sensualidade em medidas iguais. E ali, naquele momento, minha visão tornou-se refém de sua figura. Meu corpo respondeu antes mesmo que eu pudesse controlar, fervilhando de um desejo quase primitivo.
Seus olhos encontraram os meus, e por um instante, ela pareceu surpresa com minha presença, como se não esperasse me ver ali, naquele momento, observando-a. Mas a surpresa foi breve. Um reconhecimento silencioso passou entre nós, e ela não se importou. Havia algo de tacitamente permitido naquele olhar, como se a dinâmica do que acontecia entre nós fosse tão natural quanto respirar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aberratio Ictus
FanfictionEm um mundo de leis e segredos, uma delegada e uma advogada se confrontam em lados opostos da justiça. Entre o ódio e a paixão, essas duas mulheres terão que lidar com sentimentos inesperados e perigos inimagináveis. Em sua jornada, descobrirão que...