VERUM

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Caroline observou Rosamaria com um olhar penetrante, suas mãos, agora como garras firmes, seguravam o pescoço da jovem. Cada toque, cada pressão, era uma declaração silenciosa de uma força invisível, uma tensão palpável que parecia disposta a marcar mais do que a pele. O atrito das mãos de Caroline contra o pescoço de Rosamaria deixava uma promessa de cicatrizes, um testamento da luta interna que se desenrolava entre as duas.
A intensidade da cena era quase tangível, como se o ar ao redor estivesse carregado de uma verdade não dita, esperando ser revelada nas profundezas do olhar de Rosamaria. Caroline, com uma determinação silenciosa, buscava alguma centelha de autenticidade nos olhos da jovem, que, por sua vez, parecia perdida em um mar de pensamentos turbulentos e confusos.
Então, de repente, Caroline retirou sua mão do pescoço de Rosamaria e, em um gesto decidido, agarrou com firmeza o pulso da jovem. O movimento abrupto era uma transição do confronto direto para um domínio mais sutil, mas igualmente contundente. Caroline começou a recolher as coisas do chão com uma eficiência metódica, uma preparação para o próximo estágio dessa conversa que, sem dúvida, carregava um peso emocional imenso.
O elevador se aproximava, e com ele, a iminência de uma discussão que prometia ser nada menos do que desafiadora. O medo que pairava no ar era palpável, um presságio do que estava por vir. Caroline e Rosamaria se preparavam para um encontro que não só testaria suas forças, mas também revelaria verdades enterradas nas profundezas de suas almas. O futuro estava carregado de incertezas, e a jornada à frente prometia ser tão complexa quanto a batalha silenciosa que agora parecia ter apenas começado.

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ROSAMARIA MONTIBELLER ON

Respirei fundo, tentando conectar as palavras dispersas na minha mente para oferecer, ao menos, alguma forma de coerência à Caroline. As minhas mãos suavam, e eu me perguntava o porquê desse fenômeno inexplicável. Afinal, eu não devia satisfação alguma sobre o que fazia ou deixava de fazer, nem sobre os meus destinos ou ausências para ela. Ela me olhava com uma fúria que parecia incendiar o espaço entre nós, buscando uma resposta que, honestamente, eu não tinha. E, na ausência de qualquer coisa realmente significativa para dizer, entreguei-me à resposta mais vazia e desprovida de sentido que eu conhecia: “não sei”.
Era como se, naquele momento, todas as palavras que poderiam ter construído um diálogo sólido se desintegrassem, deixando apenas o eco de uma incompreensão mútua. O que eu poderia oferecer, então, além da incerteza? Não havia coerência no que eu sentia ou no que eu tentava expressar. A verdade é que a frustração da Caroline, refletida em seus olhos ardentes, confrontava a minha própria incapacidade de articular algo que fizesse sentido. Assim, naquele instante de silêncio embaraçoso, percebi que talvez as palavras não fossem suficientes para alcançar o entendimento que tanto buscávamos. O “não sei” se tornou um abrigo temporário para a confusão que nos separava.

Gattaz: Pronto! -falei fechando a porta do apartamento dela- Pode começar a me contar!

Rosamaria: Você também estava lá! -argumentou-

Gattaz: Os meus motivos pra estar lá, são completamente outros! Eu tive um envolvimento com esse caso, eu tive uma história! Que merda você tava fazendo lá?

Rosamaria: Eu... -tentava buscar uma resposta- Eu me envolvi demais com esse caso, eu me deixei levar pelo ódio, pela raiva, pelo sentimento ruim de pensar no que aquelas mulheres sentiram, do que a sua mulher sentiu. -eu engoli seco- Eu quis ver pessoalmente do que se tratava, eu quis entender quem era a pessoa retratada naquele processo. Eu não sei em que momento foi que minha cabeça me conduziu pra aquele lugar, quando eu vi, eu já estava lá, conversando com ele, entendendo da sua conduta como pastor. Eu... Eu não sei te explicar Carol. -me olhou-

Gattaz: Eu vou pedir a Priscila pra te retirar desse caso! -falei firme-

Rosamaria: Por favor não! -sentou do meu lado- Eu sei que você não gosta de mim e tá longe de ter algum motivo especial pra me ajudar mas por favor, não faz isso Carol. É uma chance única na minha carreira de crescer na área criminal, me aprofundar e especializar, não me tira isso. -eu analisei o rosto dela-

Aberratio IctusOnde histórias criam vida. Descubra agora