Sem falhar com o capítulo de domingo! Aqui vocês começam a entender muitas coisas! O que será que vem aí? Comentem MUITO e votem. Usem #AICTUS no twitter.
Beijos e até breve.
_____________________Quando a mentira se torna inviável, o que resta é encarar o abismo da própria criação. A mentira, por sua natureza, é um monstro que se alimenta de si mesma, crescendo até devorar quem a criou. Para Rosamaria, o limite havia sido atingido. Tentar ocultar o inegável, dissimular o indissimulável, era como jogar com as cartas marcadas contra um adversário que sabia, desde o início, a jogada final. Caroline, com sua sensibilidade quase sobrenatural, captava a falsidade no ar como uma tempestade iminente no horizonte. Não havia escapatória para Rosamaria. A trama de meias-verdades que ela havia tecido se enredava em seu próprio corpo, tão palpável quanto as marcas que carregava.
O que fazer quando o circo começa a fechar, quando as cortinas se fecham e não há mais truques para enganar a plateia? É nesse ponto que a alma se confronta com sua própria vulnerabilidade. Rosamaria, presa em um beco sem saída, sentia o desespero sufocante. As mentiras, antes suas aliadas, tornavam-se agora grilhões. O peso da verdade – ou da parte da verdade que ela ainda podia contar – esmagava suas últimas tentativas de fuga.
Tentar ludibriar Caroline era como jogar uma roleta russa. Cada palavra dissimulada era uma rotação no tambor de uma arma que inevitavelmente dispararia contra ela mesma. Caroline não era só perspicaz; ela encarnava uma espécie de justiça implacável, que via além das palavras, que sentia as vibrações da verdade e da mentira como quem lê um livro aberto. E Rosamaria, mesmo sem saber, já havia sido lida, decifrada, desnudada. O que restava era encarar o olhar de Caroline, aquele olhar que perfurava a alma de Rosamaria como uma agulha atravessando a pele, ardendo e machucando, porque sabia mais do que estava sendo dito.
As marcas em seu corpo eram como gritos silenciosos de uma verdade que já não podia ser negada. A presença de Fábio, a sombra sinistra que rondava sua vida, havia deixado traços que nem mesmo as mentiras poderiam apagar. O que fazer quando a verdade bate à porta? Para Rosamaria, a resposta estava no abismo entre o que ela podia contar e o que precisava esconder. Era chegada a hora de Caroline saber – ao menos parte da verdade. Fábio havia voltado. E as marcas que ele deixou não eram apenas em sua pele, mas em sua alma.
Nesse momento, o que fazer senão admitir, ainda que parcialmente, que o castelo de cartas estava ruindo? Rosamaria sentia que a mentira, tão hábil e fluida antes, tornava-se agora um fardo insustentável. O circo fechava suas portas, e ela, a protagonista involuntária, estava à beira do colapso. Não havia mais para onde correr. Era hora de escolher entre encarar a verdade ou continuar se afogando nas mentiras que a consumiam.XXXXXXXXXX
ROSAMARIA MONTIBELLER ON
Como justificar o injustificável? Eis a questão que me corrói por dentro, como uma chama que nunca apaga, queimando cada resquício da minha paz. Sinto o peso da mentira que carrego, um fardo que se torna insuportável a cada segundo que passa, mas como me livrar dele sem destruir tudo ao meu redor? Colocar minha cara à tapa parece ser o único caminho, mas como mergulhar de cabeça em uma mentira sabendo que o impacto será devastador? Talvez o pior não seja o ato em si, mas sim a espera pelo colapso iminente, o olhar de decepção nos olhos de quem mais me importa.
Caroline… ela seria capaz de me perdoar? Ou o peso da verdade fragmentada seria grande demais para que qualquer desculpa, qualquer omissão pudesse sustentar? Sempre me pergunto o que dói mais: a dor física, palpável e real, ou a dor invisível que nasce no olhar de quem nos julgava imune à traição. Já não tenho respostas. Sinto que a linha tênue entre a verdade e a meia-verdade é uma corda bamba, onde o equilíbrio parece impossível. Omitir, talvez, seja a única saída.
Mas será que meia-verdade é o suficiente? Já me perdi no emaranhado das minhas próprias falácias, e quanto mais tento me justificar, mais me enrolo nos fios dessa teia. A estrada à frente parece sem fim, mas ao mesmo tempo estreita, como se o caminho que estou percorrendo me levasse inevitavelmente a um beco sem saída. Sei que preciso salvar o que resta, mesmo que isso signifique entregar algo. Qualquer coisa. Uma confissão parcial. Talvez uma meia verdade seja melhor que nada — o bastante para manter vivo um fio de esperança, mas nunca suficiente para restaurar a confiança.
No final, o que é pior: ser o criador da mentira ou ser o refém dela? Decidi que eu iria até onde eu podia.
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Aberratio Ictus
FanfictionEm um mundo de leis e segredos, uma delegada e uma advogada se confrontam em lados opostos da justiça. Entre o ódio e a paixão, essas duas mulheres terão que lidar com sentimentos inesperados e perigos inimagináveis. Em sua jornada, descobrirão que...