Vocês podem me garantir com absoluta certeza que não deixaram passar nada despercebido? O que é que vocês podem me afirmar dessa história? Pra falar a verdade nem eu sei.
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_________________________Rosamaria não era de tudo louca, mas era uma alma em desordem, perdida em labirintos que acreditava ter capacidade de decifrar. Mal sabia ela que o verdadeiro caos não é sobre a coragem de enfrentar, mas sobre o entendimento de que algumas batalhas são intratáveis. O circo dos horrores não é lugar para quem apenas acredita ter estômago. Ele exige mais: exige renúncia do que se sabe e uma entrega cega ao que se desconhece.
Ela, no entanto, estava determinada. Rosamaria achava que precisava provar algo — não para o mundo, mas para si mesma. Ela não queria mais ouvir os ecos do passado, as acusações veladas de seu ex, as palavras afiadas que a desafiavam a se ver como fraca, incapaz. E assim, movida pela urgência de afirmar sua força, entrou de cabeça em uma situação que corroía sua sanidade. As névoas do que não deveria enfrentar tomaram conta de sua mente, e o equilíbrio, outrora frágil, despedaçou-se. Agora, ela via claramente: não estava apenas confusa, estava à beira do colapso, e este colapso tinha um nome — insanidade.
Tudo tem uma razão, diriam os sábios. Mas quem realmente acredita que o fundo do poço é buscado por vontade própria? A queda é mais sutil, quase sempre disfarçada de desafio, de um teste para si mesmo. A mente humana, na sua complexidade, raramente se rende de forma simples. É uma armadilha de resistência. Rosamaria não era exceção. Talvez não entendamos seus motivos agora, não compreendamos suas escolhas; mas há algo inevitavelmente humano em quem se propõe a enfrentar a própria escuridão, mesmo sabendo que, a cada passo, ela se tornava mais densa.
Bater a cabeça na parede, sufocar-se nas próprias angústias, era a única coisa que parecia dominar naquele momento. E não foi um salto súbito ao caos. Foi um caminho gradual, onde cada escolha a levava mais fundo. Um convite atrás do outro, um enigma que ela não soube recusar. E, quando menos percebeu, já estava profundamente imersa. Não sabia mais o que tinha em mãos, o que tentava resolver. Não era detetive, investigadora, ou qualquer figura de autoridade racional. Mas, de alguma forma, a fizeram acreditar que podia ser. Agora, era um alvo. E, nesse labirinto de dúvidas e paranoias, o alvo maior talvez fosse ela mesma.XXXXXXXXXX
ROSAMARIA MONTIBELLER ON
Caroline chegou um pouco depois do horário do almoço trazendo consigo o conforto que minha alma pedia, como se sua simples presença tivesse o poder de alinhar o meu caos interno. Cada gesto seu parecia conter a promessa de calmaria. Quando me aninhei em seus braços, senti o peso do mundo se dissipar, a gravidade dos meus problemas perder força. Havia algo de místico naquele abraço, algo que me fazia sentir como se o universo conspirasse em nosso favor, como se eu pudesse finalmente respirar fundo, sem medo.
Ela, com sua doçura distraída, logo reclamou de fome, e eu, sem hesitar, me ofereci para preparar algo rápido. A cozinha se transformou em um palco onde eu improvisava o almoço, mas o verdadeiro banquete estava no silêncio compartilhado, na intimidade de gestos simples. Caroline comia sem pressa, e eu a observava como se cada garfada revelasse algo novo sobre ela, como se a simplicidade de uma refeição improvisada fosse, na verdade, um rito de conexão entre nossas almas.
Depois, como se a comida tivesse acalmado não apenas sua fome, mas também o turbilhão dentro de si, ela seguiu direto para o meu quarto e se jogou na cama, como quem busca um porto seguro após navegar por mares tempestuosos. Fiquei ali, ao seu lado, velando seu sono, sentindo o calor da sua presença. Meu coração, que por tanto tempo havia vagado perdido, encontrava agora abrigo na paz que ela me trazia.
Estava apaixonada. Não havia mais como negar. A verdade era cristalina e inegável: minha vida tinha mais sentido, mais cor, mais textura quando ela estava por perto. A paixão por Caroline não era apenas desejo ou euforia passageira; era algo mais profundo, um sentimento que me mostrava o quanto eu havia mudado. Ao aceitar que precisava dela, que minha felicidade dependia da sua presença, percebi que estava, finalmente, amadurecendo. Havia uma transformação acontecendo dentro de mim, uma rendição aos meus próprios sentimentos, uma aceitação de que o amor verdadeiro nos transforma de dentro para fora.
Fiquei mais um tempo ao lado dela, sorrindo como uma boba, encantada pela serenidade que sua figura adormecida irradiava. Era uma cena tão simples, e ao mesmo tempo tão carregada de significado. E então, o som do meu celular quebrou o encanto daquele momento. Uma mensagem de alguém que eu esperava há tempos. Levantei-me com cuidado, sem fazer barulho, e saí do quarto, indo até a varanda para responder.
Ali, sozinha com meus pensamentos e o celular em mãos, refleti sobre o quanto minha vida havia mudado. Havia uma nova versão de mim se revelando, mais aberta ao amor, mais disposta a sentir, a se entregar. E talvez, apenas talvez, isso fosse o que sempre me faltou: o toque suave da vulnerabilidade, o reconhecimento de que, às vezes, é preciso permitir-se ser amado para, finalmente, sentir-se inteiro.
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Aberratio Ictus
FanfictionEm um mundo de leis e segredos, uma delegada e uma advogada se confrontam em lados opostos da justiça. Entre o ódio e a paixão, essas duas mulheres terão que lidar com sentimentos inesperados e perigos inimagináveis. Em sua jornada, descobrirão que...