IN LITORE

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Capítulo de domingo como combinado! Bem fofinho, sem surpresas, coisa linda demais. Comentem muito, votem e não esqueçam, USEM #AICTUS no bluesky.

Até breve.
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Caroline e Rosamaria, envoltas no calor de uma paixão que parece transcender o tempo e o espaço, dormiram como se o universo inteiro se moldasse àquele momento. Seus corpos, antes imersos em uma noite de êxtase, agora repousam serenos, como se o prazer que haviam compartilhado estivesse suspenso no ar. As respirações entrelaçadas, o calor do corpo uma da outra era mais do que físico; era a manifestação de uma conexão profunda, quase mística.
Caroline foi a primeira a despertar, os olhos vagarosamente se abrindo para um cenário que parecia saído de um sonho: Rosamaria, deitada de barriga para baixo, com o lençol cobrindo apenas a parte inferior de seu corpo. As costas nuas e expostas ao suave toque da manhã, o cabelo espalhado de forma quase deliberada, criavam uma cena de quieta perfeição. Caroline observava, quase como se estivesse contemplando uma obra de arte viva. Havia algo de hipnotizante na quietude daquela figura, no contraste entre a noite anterior e a calmaria da manhã que surgia.
Era impossível para Caroline não sorrir diante daquele espetáculo silencioso. Ali, naquele instante, Rosamaria não era apenas uma mulher; ela era um monumento de desejo, um santuário de memórias e sensações. E Caroline, espectadora e partícipe desse universo particular, sentiu um ímpeto suave crescer dentro de si. Levantou-se da cama com delicadeza, como se o menor dos movimentos pudesse quebrar a magia do momento, caminhou até sua mala e retirou uma nova peça íntima. A leveza de seus passos contrastava com a intensidade do que sentia.
Após fazer suas higienes matinais, com a mente ainda imersa nas memórias da noite anterior, Caroline voltou à cama, guiada por uma força que parecia além de sua vontade. Ela se deitou novamente ao lado de Rosamaria, seus lábios se aproximando das costas nuas daquela que agora se tornara um ícone de seus desejos. O primeiro beijo foi suave, quase uma carícia. O segundo, um pouco mais longo, carregava consigo a intenção de despertar algo mais. E assim, beijo após beijo, Caroline desenhou um caminho pelo corpo de Rosamaria, como se estivesse redescobrindo aquela pele, cada centímetro guardando o eco de tudo que haviam vivido.
O toque de Caroline era como uma brisa morna que envolvia a pele de Rosamaria, criando uma dança silenciosa entre o sonho e a realidade. Havia uma delicadeza imensa naquela mão que, antes, repousava na cintura da outra, conduzindo o caminho sereno de beijos que deslizavam pelas suas costas. Agora, esse mesmo toque firmava-se mais à frente, encontrando o seio de Rosamaria, como se quisesse capturar o pulsar do momento e prendê-lo ali, numa eternidade silenciosa.
Rosamaria, em seu sono profundo, não estava completamente alheia à presença de Caroline. Em meio aos seus sonhos, sua pele reconhecia o calor, e seu corpo, mesmo adormecido, respondia com pequenos movimentos e gemidos suaves, como se ecoassem em um espaço que só as duas compartilhavam. O toque de Caroline não era apenas físico, mas carregava uma intenção que ia além da carnalidade — era uma exploração silenciosa do território onde o desejo e o afeto se encontravam, onde o tempo parecia desacelerar.
Ela, que antes desenhara a rota dos beijos nas costas de Rosamaria, agora explorava com a mesma suavidade os contornos que antes observava de longe, num misto de reverência e intensidade. Havia um cuidado, uma atenção quase religiosa no modo como seus dedos tocavam, como se cada movimento fosse uma oferenda ao corpo adormecido à sua frente. E Rosamaria, em sua serenidade, respondia com a naturalidade de quem se entrega à correnteza de um rio que já conhece.
O sono não era uma barreira, mas um terreno fértil para o que acontecia ali, naquela manhã silenciosa. Porque, para Caroline, cada toque, cada gemido, cada mínimo movimento eram formas de conversas mudas, tão antigas quanto o próprio desejo humano. E, na quietude daquele quarto, o que parecia ser apenas um momento passageiro entre o sono e a vigília era, na verdade, uma dança eterna entre o querer e o permitir.

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