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Com um suspiro, sentei na cadeira, jogando todas as ferramentas de tortura em cima da mesa. Minhas mãos estavam cobertas de sangue, mas isso era o de menos. Tudo o que eu queria era voltar para casa e me aconchegar no meu namorado, que para minha felicidade, havia recebido alta há alguns dias. No entanto, ele ainda estava em processo de recuperação.

Ken estava sendo torturado todos os dias, forçado a comer a própria carne. Era nojento demais, mas vê-lo sofrer era satisfatório o suficiente. Seu corpo estava completamente machucado, dos pés à cabeça.

- Por que não me mata de uma vez, porra? - Ele murmurou, a voz carregada de fraqueza.

- Porque assim não teria graça. - Sorri, limpando as mãos com um lenço. - Matar você seria fácil demais. Alguém como você merece sofrer muito mais.

Observei Ken por alguns segundos, observando o quão patético ele parecia agora. Aquele que um dia achou que poderia controlar tudo e todos ao seu redor, agora, não passava de uma sombra quebrada e sangrenta do homem que foi. E de certa forma, isso me trouxe uma paz.

- Você acha que sou tão diferente de você? - Ele continuou, a voz trêmula. - Vegas... você sabe que não é. Você também gosta de ver as pessoas sofrerem.

Sorri, me inclinando para frente, olhando-o bem nos olhos.

- A diferença, Ken, é que eu só gosto de ver pessoas como você sofrerem. - Minha voz estava fria. - E enquanto você estiver respirando, eu vou me certificar de que cada segundo da sua existência seja um inferno.

Ken tentou rir, mas acabou tossindo, cuspindo sangue.

- Você... nunca vai me quebrar completamente, Vegas. Nunca.

Levantei-me, sentindo uma onda de cansaço me atingir, mas também um certo alívio. A batalha mental com Ken já tinha se tornado tediosa, e eu tinha outras prioridades. Eu queria voltar para casa, para Pete, e deixá-lo saber que estava tudo bem.

- Vamos ver sobre isso. - Respondi, pegando minha jaqueta. - Aproveite o jantar. Amanhã, vamos começar de novo.

Com um último olhar, saí da sala, trancando a porta atrás de mim. O grito fraco de Ken foi abafado pelo metal frio da fechadura. Caminhei pelo corredor escuro, já pensando em Pete, em seu sorriso e na sensação de seus braços ao meu redor. Tudo que eu precisava era dele.

E ele precisava de mim, inteiro e de volta.

Cheguei em casa, finalmente. Meus músculos doíam de cansaço, mas a expectativa de ver Pete me deu um impulso de energia. Ele era meu ponto de paz em meio a todo esse caos. Subi as escadas devagar, apreciando o momento antes de abrir a porta do quarto.

Quando me aproximei, no entanto, ouvi a voz de Pete do outro lado da porta, e ele parecia... animado?

- Então, Porsche, é assim que funciona. - Ele dizia, a voz cheia de entusiasmo. - Você tem que ser firme, sabe? Nada de hesitação. Quando Vegas me pega, ele não espera. Ele simplesmente me joga na cama, sem me dar chance de respirar. E eu amo isso! Sabe aquela pegada forte? Tem que ser assim.

Levantei uma sobrancelha, encostando a cabeça na porta, ouvindo mais.

- E quando ele... - Pete continuou, sua voz baixando, mas ainda audível o suficiente para eu entender cada palavra. - Ele me vira de costas, pega meu cabelo, e porra...me come tão gostoso... oh, Porsche, você tem que experimentar isso com o Kinn. Faz toda a diferença! A maneira como ele me domina... eu só consigo pensar no quanto eu quero mais.

Porsche parecia estar rindo, meio envergonhado, mas claramente interessado nas dicas de Pete.

- Caramba, Pee. Não sabia que Vegas tinha tanta... pegada. - Disse Porsche, ainda tentando segurar o riso.

My criminal neighbor - VegasPete Onde histórias criam vida. Descubra agora