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Acordei com uma sensação esquisita, como se meu corpo estivesse cansado de uma forma que não fazia sentido. Ainda meio sonolento, me sentei na cama e passei a mão pelo pescoço. Foi aí que percebi... outro chupão.

- Mas que porra...? - Murmurei, franzindo a testa enquanto me olhava no espelho. Não era só um roxo comum. Era como se alguém tivesse feito isso de propósito, mas com Vegas negando ter sido ele, a coisa ficava ainda mais confusa. Será que eu estava sonhando, me batendo sem perceber? Não fazia sentido, mas lá estava o chupão.

Não tinha como ser o Vegas. Desde que as investigações pra cima dele, estou dormindo na minha casa antiga, cuidando do Max. Vegas fez questão de me afastar de tudo isso para que eu não me complicasse, mesmo que soubesse que eu toparia estar ao lado dele em qualquer situação. Mas agora... isso aqui? Não tem como ele ter aparecido aqui durante a noite.

Deixei o espelho e me joguei na cama, encostando a cabeça no travesseiro. Tento raciocinar, mas quanto mais penso, menos sentido faz. Nunca fui de dormir pesado a ponto de não sentir nada, e ninguém além de Vegas teria coragem ou sequer interesse de fazer isso.

Deve ser coisa da minha cabeça. Ansiedade, quem sabe. Tento me convencer, mas a ideia não cola.

Com um suspiro pesado, me encostei na parede fria do banheiro enquanto deixava a água cair, tentando limpar a cabeça. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, me vi perdido em pensamentos sobre Vegas. Era inevitável. A falta que ele fazia era como uma presença constante, uma ausência gritante que preenchia cada canto do silêncio. Sentia falta do calor dos braços dele me envolvendo, das noites em que ele me segurava tão forte que eu mal conseguia me mexer. Aquilo me trazia uma paz que só percebi o quanto era valiosa agora que ele estava longe.

As conversas também me faziam falta, aquelas conversas sem sentido, que começavam com algum comentário aleatório e acabavam com a gente rindo de algo idiota, ou até de algo sério que ele transformava em piada só para me ver sorrir. E claro, as brigas bobas. Era quase irônico perceber o quanto eu sentia falta das minhas próprias birras, dos momentos em que o provocava só para ver o quanto ele conseguia ser paciente comigo... ou quase.

A ausência dele era um vazio incômodo. Fechei os olhos, deixando a água mascarar as lágrimas que não consegui segurar.

Depois de me enrolar na toalha e me vestir com uma roupa qualquer, saí do quarto e fui direto para a sala. Max estava lá, largado no sofá, os olhos fixos na tela da TV.

- Você tá com uma cara horrível. - Ele comentou sem desviar os olhos da tela.

Revirei os olhos, sentando ao lado dele.

- Valeu pelo elogio, Max. Não dormi bem, só isso.

- Tem certeza de que é só isso?

Assenti, desviando o olhar para a TV.

- É... só isso.

- Olha, Pete... o Vegas vai sair dessa. Logo, logo ele vai conseguir provar a inocência. Só uma questão de tempo.

Soltei um riso meio amargo, apoiando os cotovelos nos joelhos e encarando o chão. Sabia que ele tentava me tranquilizar, mas a verdade era que aquela investigação não ia ter uma solução tão simples, e Max não fazia ideia da extensão de tudo que Vegas tinha feito... nem de que eu sabia disso e continuava ao lado dele.

- Tomara, né?

Ele colocou a mão no meu ombro, apertando de leve, transmitindo uma sensação de segurança que, por mais que fosse temporária, eu precisava. Eu estava com saudade de Vegas.

- Ei, qualquer coisa, tô por aqui.

Assenti, respirando fundo.

- Obrigado, Max... sério. Você sempre cuidou de mim como se fosse meu próprio pai. Sei que a gente não fala muito disso, mas... você tem sido o pai que eu sempre precisei.

My criminal neighbor - VegasPete Onde histórias criam vida. Descubra agora