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As semanas tinham se arrastado, e eu já estava perdendo a paciência. Estava na casa do Porsche, largado no sofá, com uma almofada jogada sobre o rosto, enquanto reclamava de algo que vinha me incomodando nos últimos dias.

- Eu tô de saco cheio, Che. – Resmunguei, a voz abafada pela almofada.

Porsche riu, bebendo seu café tranquilamente ao meu lado.

- Qual é a dessa vez, Pete?

Afastei a almofada do rosto e me virei para encará-lo, irritado.

- O Vee! Ele não quer transar! – Explodi, jogando a almofada no chão. – Eu já tô bem, a ferida cicatrizou, eu posso fazer o que eu quiser, mas ele insiste que ainda tô "me recuperando". Que porra é essa?

Porsche quase engasgou com o café, começando a rir descontroladamente.

- Tá falando sério? – Rle perguntou, entre risos.

- Tô, e não tem graça! – Retruquei, cruzando os braços. – Eu tô há semanas nessa seca porque ele tá com medo de me machucar, sendo que eu já tô ótimo! Já fui no médico e tudo, tô liberado. E ele fica nessa de "Ah, amor, você ainda precisa descansar". Descansar o caralho!

Porsche largou a xícara e se jogou no sofá ao meu lado, gargalhando mais ainda.

- Cara, isso é hilário. Quem diria que o Vegas ia ter medo de te machucar?

- Pois é! – Levantei as mãos, exasperado. – Eu tô pronto, ele que não tá.

Porsche deu um tapa no meu ombro, ainda se divertindo com a situação.

- Só o Vegas mesmo pra ser tão paranoico com essas coisas.

- Ele é todo cuidadoso agora, e eu entendo que ele se preocupa, mas porra, já deu! – Resmunguei. – Eu não sou de vidro.

Porsche balançou a cabeça, ainda rindo.

- Vai lá e arranca as roupas dele, então. Dê um sinal.

- Já tentei. – Resmunguei, passando a mão pelos cabelos. – Ele me desarma com aquele sorriso e me faz de bobo.

Porsche ainda ria, mas logo se ajeitou no sofá, me dando um olhar de quem estava prestes a me dar uma dica brilhante, ou pelo menos ele achava que era.

- Cara, faz o seguinte: seduz o Vegas. – Ele disse, com um tom de quem resolveu a vida. – Você tem essa carinha fofa, consegue ser inocente, meio que se faz de desentendido... e, bam! Quando ele menos esperar, você dá o bote e deixa ele de pau duro.

Revirei os olhos, mas um sorriso surgiu nos meus lábios.

- Ah, claro, porque é super fácil, né? – Falei, com sarcasmo, mas já considerando a ideia. – O Vegas não cai nessas coisas tão facilmente.

- Ah, vai nessa! – Porsche retrucou, com confiança. – O Vegas pode ser durão e teimoso, mas no fundo ele é um ser humano com hormônios como qualquer outro. Você só precisa jogar o charme na medida certa, deixar ele meio perdido e... boom, ele já tá no ponto.

Soltei uma risada curta.

- É, e o que você sugere? Que eu entre no quarto usando... sei lá, uma cueca minúscula e cara de inocente?

- Exato! – Porsche respondeu sem hesitar, apontando pra mim como se eu tivesse entendido tudo. – Faz uma dessas. Se veste bonitinho, tipo, arruma o cabelo, deixa aquele ar de quem não sabe o que tá fazendo. – Ele piscou, como se estivesse conspirando. – E quando ele baixar a guarda, você ataca. Eu aposto que ele não resiste.

Me recostei no sofá, pensando por um momento.

- Não é uma ideia ruim...

- Claro que não é! – Porsche sorriu, se achando o gênio do conselho amoroso. – Você é fofo, mas ao mesmo tempo é uma arapuca disfarçada. Ele não vai resistir, Pete, confia. Você faz ele perder a cabeça.

My criminal neighbor - VegasPete Onde histórias criam vida. Descubra agora