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Chegamos à casa de Ken em pouco tempo. A noite estava calma, e o silêncio ao redor parecia intensificar meu nervosismo. Ken abriu a porta e nos convidou para entrar.

Ken nos conduziu até a sala de estar e assim que nos acomodamos, ele se dirigiu à cozinha.

‐ Vocês querem uma água? – Perguntou Ken.

‐ Aceito, obrigado. – Respondi, tentando me acalmar.

‐ Não, obrigado. – Disse Nop, sentando ao meu lado no sofá.

Ken voltou rapidamente com um copo de água e me entregou. Agradeci e tomei um gole. Coloquei o copo na mesa de centro e tirei o diário da bolsa, entregando-o a Ken.

‐ Aqui está. Espero que suas ferramentas possam nos ajudar a abrir isso.

Ken pegou o diário com cuidado e o examinou, assentindo.

‐ Vamos para o meu escritório. Tenho as ferramentas lá. – Disse ele, nos conduzindo para outra sala.

Eu segui Ken, com Nop logo atrás. O escritório de Ken era pequeno, mas bem organizado, com uma mesa de trabalho e várias prateleiras cheias de livros e equipamentos.

Ken pegou uma pequena caixa de ferramentas e começou a trabalhar no cadeado do diário. Eu observei com atenção, meu coração batendo forte no peito. 

Finalmente, ele parou e olhou para mim, desapontado.

‐ Ainda não consegui, mas vou tentar mais algumas combinações. Isso pode levar um tempo. – Avisou Ken.

Assenti, tentando manter a calma. Eu precisava abrir aquele diário, e cada momento que passava parecia crucial.

Ken pegou algumas ferramentas menores e mais delicadas, se concentrando no cadeado do diário. Após alguns minutos, ouvimos um clique. Meu coração quase saltou do peito.

‐ Consegui. – Disse Ken, me entregando o diário agora aberto.

‐ Obrigado, Ken. – Respondi, ansioso, enquanto abria o diário.

Assim que comecei a folhear as páginas, absorvido pelo conteúdo, Ken se levantou.

‐ Vou preparar alguns sanduíches para nós. Vocês devem estar com fome. – Ele disse.

‐ Tudo bem. – Murmurei, sem tirar os olhos do diário. Eu estava ansioso demais para prestar atenção em qualquer outra coisa.

Ken saiu da sala, e eu continuei a ler. As primeiras páginas continham anotações sobre o dia a dia do Big, seus pensamentos e sentimentos. Conforme avançava, esperava encontrar algo que nos levasse a alguma pista sobre seu paradeiro. Enquanto isso, Nop ficou ao meu lado, silencioso, respeitando meu espaço enquanto eu lia.

Página 16.

Olá mais uma vez, meu diário. Talvez isso seja coisa de idiota, mas esta é a minha única forma de desabafar sobre meus sentimentos. Há muitas coisas que nunca contei aqui, mas no momento, estou no meu limite e preciso começar a fazer isso.

Bem, eu nunca te contei sobre o meu irmão, certo? Ele é o Ken, mais velho, alguém que eu admirava quando criança, mesmo ele me desprezando durante toda a minha vida. Eu realmente não entendo por que ele me odeia, mas no ano passado, finalmente aceitei que ele é um monstro.

Ken matou nosso próprio pai. Quando descobri e ouvi da sua própria boca o que ele fez com o papai, meu mundo desmoronou. Me lembro de cada detalhe que ele me deu. Ken é assustador, é um psicopata. Eu preciso proteger a minha mãe dele. Se ele teve a coragem de matar o papai, com a mamãe ele vai ter mais ainda, já que ela não é sua mãe, e Ken não sente nada por ela, ou até mesmo por ninguém.

My criminal neighbor - VegasPete Onde histórias criam vida. Descubra agora