FIFTY.- THIS IS SERIOUS

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Observo a garota à minha frente. Mia contém uma expressão preocupada, provavelmente imaginando que as próximas palavras que sairão da minha boca serão sinistras.

Bom, de certa forma realmente são.

Quer dizer, tudo dependerá da forma como ela irá reagir ao que irei lhe contar.

O brilho em seus olhos é aparente, o brilho da mais pura ansiedade que transborda dos mesmos. Sei que este silêncio está matando-a por dentro e o desespero está a corroendo.

Imagino que Mia tenha ficado confusa ao acordar e não me ver dentro da casa, entretanto, foi necessário minha partida.

— Diga, estou lhe ouvindo.- Munson diz pela primeira vez em algum tempo após seu longo silêncio.

Suspiro fundo, preparando mentalmente as próximas palavras que serão ditas por mim.

Mia me observa atentamente.

— Sai hoje mais cedo.- Começo.

— É, eu percebi.- Me interrompe, irônica.

— A questão não é essa. Preciso lhe contar algo.- Falo, revirando os olhos.

— Finalmente, achei que isto nunca aconteceria.- Sorri, sarcástica.

— Se continuar interrompendo-me, acredite, não saberá de um detalhe sequer.- Deixo a raiva falar mais alto.

Mia sabe diferenciar quando estou sério e quando não, e é por este motivo que a garota desmanchou seu sorriso.

— Antes de tudo, quero que saiba que independente do que aconteça ou do que eu lhe disser, não quero que se intrometa em nada em relação a este assunto.- Aviso.

A garota à minha frente balança sua cabeça positivamente, dando a entender que estava de acordo com minhas palavras anteriores.

Suspiro fundo, sentindo a tensão se manifestar aos poucos enquanto as palavras parecem fugir da minha boca. Tudo a minha volta gira e a única coisa em que consigo ficar é nos olhos profundos da garota que, agora, encontra-se me encarando.

A verdade fresca paira em minha mente, dando-me a certeza de que, assim que fosse revelada em voz alta, o caos se faria presente no mesmo instante.

E apesar da dificuldade, Mia terá de saber lidar com toda a bagunça que as palavras seguintes irão causar em sua mente.

— Seu irmão está vivo.- Digo, sem mais delongas, deformando totalmente a porra do nó que se formava aos poucos em minha garganta, prestes a me matar com seu aperto.

Sua expressão permanece a mesma. Mia não parece acreditar no que acabara de escutar, mas em resposta a isto, continuo a encarando com seriedade.

E então, sua reação começa a mudar aos poucos, manifestando sua confusão que, como uma cena em câmera lenta, se misturava com toda a raiva que a garota guardava apenas para si mesma dentro de seu peito.

Lágrimas brotam em seus olhos, borrando sua visão.

— Por que faz isto, Levi? - Pergunta, com sua voz embargada. — Por que mente para mim desta forma? - Mia então, desfere socos em meu peitoral. — Gosta tanto de brincar com meus sentimentos ao ponto de chegar ao nível de inventar mentiras como esta, mesmo sabendo o quanto me dói?

Toco seus punhos com uma de minhas mãos e com a outra acaricio seu rosto, limpando-o de suas lágrimas recentes.

— Não brincaria com um assunto tão sério quanto este, Mia. - Falo, ainda com as leves carícias. — Seu irmão está vivo!

A encaro.

O silêncio toma conta da sala, deixando com que apenas seus soluços ressoem pelo cômodo em que nos encontramos.

— Você é apenas a porra de um maníaco do caralho. É engraçado pensar que, justo você, tem usado as munições desta arma contra mim, mesmo já tendo vivenciado a mesma dor que vivenciei quando soube da morte de seu irmão.- Sua raiva era cada vez mais evidente, deixando para atrás toda a confusão de pouco tempo atrás. — Sabe o quanto dói nos sentirmos a porra de um ser-humano inútil por saber que, enquanto estávamos perdendo nosso tempo com coisas tão inúteis quanto nós, as pessoas que um dia tanto amamos com toda nossa alma morria lentamente.- Munson quebra a mudez que reinava entre nós, depositando socos frenéticos contra mim apenas utilizando suas palavras.

Mia usa toda sua força contra mim, soltando-se de meu aperto. Observo a garota levantar-se de forma rápida do sofá e correr em passos largos em direção a escada.

Imaginei que a mesma pudesse ter esta reação. Acredito que se alguém me dissesse que Davi está vivo eu, obviamente, não acreditaria.

A dor e o ódio que este assunto ainda me causa apenas aumenta a vontade de matar a primeira pessoa que insistir em tocar nele. Entretanto, com Mia é diferente; talvez pelo fato da mesma saber exatamente o quanto a sensação de impotência pode matar alguém por dentro, mesmo sabendo que naquele momento não era de nosso alcance fazer absolutamente nada.

A culpa não é minha, mas ainda assim pesa sobre meus ombros, como se naquele dia eu tivesse apenas duas opções: salvar Davi ou vê-lo morrer, e o fato de neste pensamento recorrente que tenho desde sua morte, eu ter escolhido a segunda opção, faz com que eu me perca totalmente numa culpa inexistente.

E, saber que Mia carrega a mesma culpa todos os dias me causa raiva justamente por saber que nada daquilo foi uma escolha que ela havia tomado, mas que ainda assim, aconteceu, lhe lançando o sentimento mais mortal de todos os que a garota, um dia, já ousou sentir.

Não aceitei totalmente a morte do meu irmão e provavelmente saber que na verdade, ele sempre esteve vivo este tempo todo, colocaria-me numa grande confusão de sentimentos.

Acredito que Mia esteja no meio de toda esta bagunça neste exato momento, por isso, proporcionarei para a mesma o tempo que for necessário para que ela entenda o que lhe disse há pouco tempo.

Mesmo que demore.

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