SIXTY SEVEN.- NEXT DAY.

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                                     𝔇𝔦𝔞 𝔰𝔢𝔤𝔲𝔦𝔫𝔱𝔢

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                                     𝔇𝔦𝔞 𝔰𝔢𝔤𝔲𝔦𝔫𝔱𝔢...
                                  19:33  𝔡𝔞 𝔫𝔬𝔦𝔱𝔢...   
                                          🧛🏻‍♀️.

Desço os degraus da escada rapidamente, com os pés descalços, sentindo o chão gelado entrando em contato com minha pele.

Passar o dia dentro do meu quarto, trancada enquanto comia besteiras e lia o diário de Levi não foi uma má ideia, acontece que minha água acabou e precisei sair para pegar mais.

Adentro a cozinha indo até a geladeira para pegar uma das garrafas do líquido transparente e levá-la para meu quarto.

Mas então, novamente Levi consegue assustar-me com sua aparição repentina.

Suspiro fundo, colocando a mão em meu peito enquanto tento recuperar-me totalmente do susto que acabara de levar.

— Achei que tivesse vindo a óbito.- Withe diz pela primeira vez, quebrando a mudez que prevalecia na cozinha.

O encaro confusa, procurando um sentido em sua frase.

— Digo, você nem ao menos saiu de seu quarto hoje.- Fala.

— Estava ocupada demais praticando minha leitura.- Respondo, sorrindo irônica, observando o garoto encostar seu corpo na mesa atrás de si.

— E posso saber o nome do livro? Gostaria de ficar tão vidrado em algo, talvez assim eu consiga deixar de focar somente em você.- Indaga, sorridente.

— Na verdade, acho que uma informação como esta você terá de perguntar para outra pessoa. Afinal, só estou lendo o que um louco qualquer me deu num dia qualquer.- Digo, nitidamente referindo-me a ele.

No mesmo instante a postura do garoto se ajeita e sua expressão toma uma feição séria de repente.

— Bom, sendo assim, não irei impedir que leia. Sinceramente, é até melhor assim, pelo menos tenho um pouco de paz.- Levi fala, irônico.

— Qualquer dia desses eu posso lhe dar um pequeno spoiler do que há escrito no "livro" - Faço aspas com as mãos ao me referir ao seu diário. — Mas, no momento ainda não terminei de apreciar cada palavra perdida dentro daquelas páginas, por isso você terá de ficar ansioso.- Falo, sarcástica.

— Não há problema algum nisso. Apenas peço para que não odeie o autor, tenho traumas em relação ao ódio que as pessoas são capazes de sentir.- Levi direciona sua mão até seu peitoral coberto por uma blusa preta, como de costume, fazendo uma careta logo em seguida.

— Tarde demais para isso, eu já o odeio.- Sorrio.

— E posso saber o porquê?

— Porque, lendo o que eu li, sensações foram despertadas. Sensações e sentimentos que eu nunca havia sentido antes, mas que por algum motivo eu sabia que habitava dentro de mim há muito tempo.- Começo.

— Isso é algo ruim? - Pergunta, fingindo estar interessado no que eu diria logo após sua pergunta.

— Não gosto de me identificar com uma pessoa ao ponto de conseguir sentir exatamente tudo o que ela sente; me sinto vulnerável. Este já é um ótimo motivo para eu passar a odiar o autor.

— Pensei que já odiasse.- Suas sobrancelhas se arqueiam.

— E odeio, mas algo me diz que com o passar das páginas odiarei ainda mais.- Respondo. — E quanto ao ódio que as pessoas são capazes de sentir... Não sentiriam se a pessoa de quem elas passaram a odiar não tivesse realizado um ato que levou ao ódio de outra pessoa, não concorda?

— Depende, você vê por esse lado?

— Você sabe que esta  pergunta não deveria ser direcionada a mim, por isso, eu mesma a farei; você vê por esse lado? - Pergunto.

— Na real, eu não vejo.- O garoto é sincero.

— Então por favor, explique-me a forma como você realmente enxerga o ódio de uma pessoa contra uma pessoa odiada.- Peço, encostando-me na pia em frente ao garoto que ainda encontra-se encostado na mesa.

— As pessoas têm motivos plausíveis para odiarem as outras ou somente criam paranóias para que comecem a odiá-las?

— Depende. Se eu dissesse que te odeio neste exato momento, você acreditaria? - Pergunto.

— Não.

— E por que não?

— Você nunca seria capaz de me odiar, Mia. Apoio totalmente seu ódio pelas pessoas que já lhe fizeram algum mal no passado, mas sabe que nunca estarei incluso na lista delas.

— E como pode ter tanta certeza?

— Não acho que eu já tenha lhe provocado tanto ódio ao ponto de passar a me odiar.

— Bom, você com certeza já fez isto.

— Mas ainda assim não me odeia.

Tudo bem, agora ele conseguiu me surpreender mais do que me surpreendeu ao permitir que eu lesse seus diários.

— Quer dizer que a pessoa odiada não merece receber ódio? - Pergunto.

— As pessoas são doentes, pequena vampira, e ao perceberem que algo saiu de seu controle, o ódio é a única alternativa mais fácil.

— Você acha que é alguém merecedor do ódio? - Indago, cruzando meus braços.

— Eu realmente acho que eu seja merecedor do ódio. Digo, devem existir muitas pessoas que me odeiam espalhadas pelo mundo.

— E eu com certeza sou uma delas.

Levi revira seus olhos ao escutar minhas palavras.

— E você, vampirinha... Acha que é merecedora do ódio?

— Acho.

— Não irei perguntar o motivo, mas é isso que quero dizer. Está tudo bem sentir ódio de alguém, mas apenas não deixe que isso te mate.

— Devo perdoar a pessoa?

— Jamais. Apenas não se corroa por dentro pelo ódio que, de repente, se tornou de si mesmo.

— Mas afinal, por que eu teria ódio de mim mesma?

— Porque não é capaz de parar de odiar outra pessoa e seguir em frente com sua vida, enquanto a mesma pessoa que te matou por dentro usando seu próprio ódio, tem vivido plenamente.

— "Odeie com moderação" é isso?

— Não, por exemplo, se for para odiar alguém que já te sequestrou, odeie no nível de ser capaz de um dia matar esta pessoa.

— Acho que entendi.

— Não é tão tola quanto eu pensava que fosse.

— Vá se foder, desgraçado.- Observo o garoto voltar a sua postura anterior, se preparando para voltar a caminhar.

Entretanto, antes disso, o mesmo me olha lançando uma pisquelada em minha direção e logo voltando a marchar até o andar de cima.

— Não sente ódio de ninguém? - Pergunto, antes que ele possa escapar totalmente do meu campo de vista.

Não mais, porque todas que ousaram despertar meu ódio estão mortas.- Levi me responde sem se dar ao trabalho de olhar para mim.

Psicopata do caralho!

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