Capítulo 11.

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(Narrado por Elena)

O som do despertador ecoava pelo quarto enquanto eu tentava sair da cama, ainda me sentindo exausta pela noite anterior. O peso do que aconteceu com Alexander estava em meus ombros, mais pesado do que nunca. Meus pensamentos estavam embaralhados, uma mistura de culpa, desejo e confusão.

Levantei-me devagar, evitando olhar para o espelho. Não queria encarar meu reflexo, não queria admitir que eu estava voltando para o mesmo ciclo que me destruiu antes. Vesti-me rapidamente, o uniforme escolar me lembrando que, apesar de tudo, o mundo não parava. As aulas continuariam, as pessoas continuariam a viver suas vidas como se nada tivesse mudado.

No caminho para a escola, a imagem de Alexander não saía da minha cabeça. O toque dele, o jeito como ele sussurrou meu nome, a maneira como ele me fez sentir viva por algumas horas... Mas eu sabia que isso não era suficiente. Não era o que eu precisava a longo prazo.

Cheguei à escola tentando não pensar demais. As conversas dos alunos, os sons das risadas e dos passos apressados pelos corredores pareciam distantes, como se eu estivesse em uma bolha. Meus amigos notaram meu olhar distante, mas eu sorri e balancei a cabeça, como se tudo estivesse normal.

(Narrado por Alexander)

O dia depois de uma noite como aquela sempre me deixava com uma ressaca emocional. Eu sabia que ver Elena novamente, encarar o olhar dela, traria de volta todo o peso das escolhas que fizemos. A escola parecia um lugar pequeno demais para tudo o que estava acontecendo entre nós, como se os muros não pudessem conter a intensidade daquilo.

Ela estava lá, do outro lado do pátio, falando com algumas amigas. Tentei agir naturalmente, mas meus olhos sempre procuravam por ela. Não importava o quanto eu tentasse evitar, algo em mim sempre me puxava de volta para ela.

Meus amigos faziam comentários, brincadeiras sobre as garotas ao redor, mas eu mal prestava atenção. Tudo parecia tão insignificante em comparação ao que estava acontecendo na minha cabeça.

(Narrado por Elena)

O dia passou em um borrão de aulas e tentativas de manter minha mente longe de Alexander. Mas, inevitavelmente, ele sempre acabava surgindo nos meus pensamentos. A lembrança da noite anterior estava tão vívida, como se ainda estivesse acontecendo.

Depois das aulas, quando todos estavam saindo da escola, recebi uma mensagem dele.

"Encontra-me na sala 14."

Meu coração disparou. Eu sabia que deveria ignorar. Sabia que esse caminho só levaria a mais confusão, mais dor. Mas, ainda assim, me vi caminhando pelos corredores vazios em direção à sala que ele mencionou.

Quando entrei, Alexander já estava lá, sentado em uma das carteiras no fundo. Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante, percebi que tudo entre nós ainda era tão complicado quanto antes.

-"O que estamos fazendo, Alexander?" perguntei, fechando a porta atrás de mim.

Ele se levantou e caminhou até mim, parando a poucos centímetros de distância.

-"Eu não sei," ele admitiu, sua voz baixa e carregada de uma sinceridade que me pegou desprevenida. -"Mas não consigo ficar longe de ti."

Minhas emoções estavam em conflito. Parte de mim queria abraçá-lo, queria acreditar que poderíamos consertar tudo. Mas a outra parte sabia que isso não era tão simples.

-"E nós, Elena?" ele continuou. -"Será que não podemos tentar de novo?"

Eu queria responder, queria dizer que sim, mas as palavras não saíam. Ao invés disso, deixei que o silêncio falasse por mim. O peso do que sentíamos um pelo outro ainda estava lá, mas as cicatrizes que isso deixava também eram profundas.

Cicatrizes Invisíveis. Onde histórias criam vida. Descubra agora