Cicatrizes Invisíveis.

Capítulo 49.

(Narrado por Elena)

O dia da despedida no aeroporto chegou mais rápido do que eu imaginava. Estava ansiosa para começar essa nova fase da vida, mas o peso das despedidas era esmagador. Cada vez que olhava para Alexander, sentia um nó na garganta, como se estivesse deixando para trás uma parte importante de mim mesma. Clara estava ao meu lado, segurando minha mão como se quisesse me dar forças. Ela também estava prestes a começar sua própria jornada, mas saber que não estaríamos mais juntas todos os dias tornava tudo mais difícil.

O aeroporto estava cheio de sons e vozes, mas tudo parecia abafado, como se o mundo ao nosso redor estivesse em câmera lenta. As malas já estavam prontas, os bilhetes nas nossas mãos, e o tempo se esgotando rapidamente. Minha mãe e o pai de Clara estavam próximos, tentando segurar as lágrimas. Nossas famílias sabiam o quão importante esse momento era para nós, mas também sabiam o quanto doeria ficar longe.

Alexander, que estava ao meu lado, parecia calmo, mas seus olhos diziam outra coisa. Ele era sempre forte, o meu porto seguro, mas naquele momento ele também estava vulnerável. Olhou para mim, sem dizer uma palavra, e me puxou para um abraço apertado. Sentir o calor do seu corpo contra o meu fez com que eu segurasse as lágrimas com todas as forças.

-"Não acredito que esse momento chegou," sussurrei, minha voz saindo mais trêmula do que eu queria.

-"Eu sei," ele respondeu, sem me soltar. -"Mas isso não é um adeus, Lena. Eu te prometi que, não importa o que aconteça, estaremos juntos, lembra?"

Balancei a cabeça, tentando acreditar em cada palavra. A ideia de seguir em frente sem tê-lo fisicamente por perto me assustava, mas eu sabia que nossa conexão era mais forte que qualquer distância.

Clara também se despediu de Alexander e, em seguida, olhou para mim com um sorriso melancólico.

-"Acho que é a nossa vez, hein?" disse ela, tentando soar animada, mas falhando. -"Lena, tu sabes que estou sempre contigo, mesmo do outro lado do oceano."

Dei uma risada nervosa, tentando aliviar o clima. -"Vou te visitar o mais rápido possível, ou melhor, a gente se encontra nas férias!"

O anúncio do voo ecoou no aeroporto, e a realidade bateu como um soco. Estava na hora. Soltei-me de Alexander e me aproximei de Clara. Ela também estava tentando segurar as lágrimas, mas os olhos vermelhos a entregavam. O tempo que tínhamos era curto, e as palavras que queríamos dizer pareciam infinitas.

-"Eu sei que a gente vai ficar bem," Clara disse, sorrindo para mim. -"Eu sempre vou estar por perto, mesmo que não fisicamente."

-"É claro que vamos," disse, abraçando-a forte. -"Isso é só o começo. A nossa amizade é muito maior que a distância."

Depois do abraço de Clara, voltei para Alexander. Seus olhos castanhos me observavam com uma intensidade que eu nunca havia visto antes. O silêncio entre nós era cheio de significado. Ele segurou meu rosto com as duas mãos, olhando-me profundamente nos olhos.

-"Elena," ele disse com a voz baixa, -"não há palavras para descrever o quanto você significa para mim. Esses últimos anos foram os melhores da minha vida, e sei que, mesmo com essa distância, nada vai mudar o que sinto por você. Eu sempre vou te amar."

As lágrimas finalmente escorreram dos meus olhos enquanto ele falava. Era tudo o que eu precisava ouvir, e ao mesmo tempo, tudo o que mais temia perder. Eu queria responder, mas minha voz falhou. Ao invés disso, segurei suas mãos e tentei transmitir tudo o que sentia em um último olhar.