Cicatrizes Invisíveis.

Capítulo 42.

(Narrado por Elena)

A manhã começou como qualquer outra, mas eu sabia que algo estava diferente. Havia uma leveza em mim, uma sensação de que, finalmente, as coisas estavam caminhando para onde deveriam. Eu ainda não conseguia tirar o poema de Alexander da cabeça. Cada palavra ecoava em meus pensamentos, e, pela primeira vez em muito tempo, sentia que tudo fazia sentido.

Levantei da cama com um sorriso, o que já era raro, e comecei a me arrumar. Fui até o espelho, olhei para meu reflexo e lembrei de tudo que passamos juntos, desde os momentos de felicidade até os mais complicados. Ele estava comigo, mesmo quando eu não sabia se ia conseguir seguir em frente.

Escolhi uma roupa confortável, jeans e uma blusa leve, e soltei o cabelo, algo que Alexander sempre dizia que gostava. Depois de me vestir, fui até a cozinha, onde minha mãe estava preparando o café.

-"Bom dia, mãe," falei, pegando uma fatia de pão.

Ela olhou para mim e sorriu. -"Bom dia, querida. Está com um bom humor hoje, hein?"

Assenti, tentando disfarçar o quanto meu coração estava leve. -"Só estou me sentindo bem, sabe? Acho que as coisas estão se ajeitando."

Ela assentiu, sem perguntar mais nada. Era como se ela soubesse que havia algo diferente em mim, mas preferia não entrar em detalhes. Depois de tomar o café rapidamente, peguei minha mochila e fui para a escola.

No caminho, pensei em tudo que tinha acontecido. O poema, as conversas profundas com Alexander, e como tínhamos conseguido superar tantas dificuldades. Era incrível pensar no quanto havíamos crescido juntos. E mesmo com os altos e baixos, estávamos aqui, mais fortes do que nunca.

Chegando na escola, encontrei Clara já esperando por mim no portão. Ela estava distraída, mexendo no celular, mas assim que me viu, deu um sorriso largo.

-"Bom dia! E aí, como foi o resto do dia ontem depois daquela carta?" ela perguntou, com um brilho curioso nos olhos.

Sorri, lembrando de cada detalhe. -"Foi incrível, Clara. O poema que ele escreveu... parecia que ele colocou tudo que sentia ali, sabe? Eu não esperava algo assim."

Ela riu, empolgada. -"Eu sabia que ele tinha algo especial pra você. Ele não faz esse tipo de coisa sem motivo. E você? Como está se sentindo agora?"

Respirei fundo antes de responder. -"Eu me sinto em paz. Acho que passamos por tanto juntos, e agora, finalmente, estamos em uma fase boa. Ele me entende, e eu sinto que consigo entender ele de uma forma que antes não era possível. É como se estivéssemos mais conectados do que nunca."

Clara assentiu, claramente satisfeita com o que estava ouvindo. -"É bom ver vocês assim. De verdade. Acho que vocês dois merecem essa felicidade depois de tudo que passaram."

Conversamos mais um pouco enquanto íamos para a sala de aula, e o dia parecia fluir com uma facilidade que eu não sentia há muito tempo.

(Narrado por Alexander)

Enquanto andava pelos corredores da escola, não conseguia parar de pensar na noite anterior. A forma como Elena sorriu quando leu minha carta, o brilho nos olhos dela... Tudo aquilo me fez sentir que eu estava no caminho certo. Era como se, finalmente, tivéssemos encontrado o equilíbrio que tanto buscávamos.

Encontrei Lucas na entrada da sala e ele logo começou a brincar comigo, como sempre fazia.

-"E aí, poeta?" ele disse, com um sorriso debochado. -"Como foi a reação dela à sua grande obra de arte?"