Capítulo 15.

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(Narrado por Elena)

A festa tinha sido um caos de emoções. Desde o momento em que vi Alexander, com aquela aura irresistível, até o instante em que nos isolamos no quarto, tudo parecia um borrão. Era como se as luzes piscantes, a música alta e a adrenalina tivessem me empurrado para algo que eu sabia, no fundo, que não estava pronta para lidar.

Nós dois sabíamos que não deveríamos estar ali, naquele quarto, juntos outra vez. No entanto, o desejo tomou conta de nós. Eu me sentia completamente perdida entre a raiva e a paixão. Enquanto seus lábios exploravam os meus, tudo o que eu conseguia pensar era o quanto sentia falta dele. Mesmo sabendo que Alexander ainda poderia me machucar, algo dentro de mim implorava por sua proximidade. E naquela noite, nós nos perdemos um no outro novamente.

Voltamos juntos para casa, mas a sensação de vazio que me atingiu logo depois foi esmagadora. O silêncio entre nós, enquanto ele me deixava na porta, era quase ensurdecedor. Não havia promessas, não havia certezas. Apenas uma noite de recaída, de sentimentos confusos e palavras não ditas.

Quando fechei a porta atrás de mim e me joguei na cama, algo se quebrou dentro de mim. Não consegui mais segurar o peso de tudo. Minha respiração começou a se acelerar, e o medo tomou conta. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas era como se meu corpo estivesse se fechando. As paredes do meu quarto começaram a parecer cada vez mais apertadas, e o ar, cada vez mais escasso.

Minha mente corria, lembrando cada detalhe da festa, cada toque de Alexander, e tudo o que isso significava. Foi então que senti a crise de ansiedade chegar. Eu sabia o que era, já havia passado por isso antes, mas isso não tornava a experiência menos assustadora.

Eu tentava respirar, mas a sensação de sufocamento era forte. Meus pensamentos estavam descontrolados — o que isso significava para nós? Onde isso me deixava? Eu sabia que Alexander não estava pronto para me dar o que eu precisava, e mesmo assim, me envolvi com ele outra vez. Agora, o pânico tomava conta de mim, como se cada escolha errada estivesse me engolindo.

Meu corpo começou a tremer e meu coração parecia prestes a sair do peito. Fui até o banheiro, molhei o rosto, mas nada ajudava. Meus dedos estavam frios, e meu reflexo no espelho parecia de alguém que eu não reconhecia mais. A culpa e a vergonha começaram a crescer dentro de mim, e o medo de que Alexander me visse assim, vulnerável, me paralisava.

(Narrado por Alexander)

Eu não conseguia tirar Elena da cabeça depois daquela festa. Algo parecia errado, mais do que o habitual. Sabia que nossa conexão ia muito além da atração física. Havia algo mais profundo ali, mas eu não sabia como lidar com isso. Sabia que ela estava sofrendo, que estava passando por algo maior, e eu tinha sido uma parte do problema.

Alguma coisa dentro de mim disse para voltar e ver como ela estava. Não foi uma decisão consciente, simplesmente peguei o carro e fui. Cheguei na casa dela e bati na porta, mas ninguém atendeu. O coração disparou de preocupação. Foi então que ouvi um som abafado vindo de dentro, algo que parecia um choro.

Entrei sem pensar duas vezes.

Encontrei Elena no banheiro, agachada no chão, com as mãos cobrindo o rosto. Seus ombros tremiam, e era como se ela estivesse tentando desaparecer. Meu coração apertou ao vê-la daquele jeito. Não era o tipo de dor que eu conseguia ignorar.

-"Elena..." chamei, a voz baixa, para não assustá-la.

Ela olhou para mim, os olhos arregalados, cheios de medo e dor. Eu sabia o que era aquilo — uma crise de ansiedade. Já tinha visto pessoas passarem por isso, mas nunca alguém que eu me importasse tanto. Aproximei-me lentamente e me ajoelhei ao lado dela.

Ela tentou afastar o olhar, como se estivesse envergonhada por estar naquele estado, mas eu não iria embora. Peguei sua mão, que estava gelada e trêmula, e a segurei firme.

-"Ei, estou aqui. Respira comigo."

(Narrado por Elena)

Quando Alexander me segurou, algo dentro de mim começou a se acalmar. Ele não estava ali para me julgar, não estava ali para me machucar. Seus olhos refletiam uma preocupação genuína que eu não esperava ver. Era como se, por um momento, toda a nossa confusão, todas as mágoas, tivessem sido deixadas de lado.

Ele me guiou para respirar junto com ele, lentamente. E, apesar do caos dentro de mim, algo no ritmo constante de sua respiração me fez começar a recuperar o controle. Ainda estava tremendo, mas o pânico estava diminuindo.

Depois de um tempo, quando o silêncio se instalou, Alexander me olhou com uma mistura de tristeza e arrependimento. -"Me desculpa... por tudo."

Eu sabia que aquelas palavras eram sinceras, mas também sabia que não resolveriam tudo. Ainda havia muito entre nós que precisava ser encarado. Mesmo assim, naquele momento, sua presença era tudo o que eu precisava.

Aos poucos, fui me levantando, com ele ao meu lado. A noite tinha sido um redemoinho de emoções, e eu ainda não sabia como lidar com tudo aquilo. Mas, pelo menos por agora, tinha alguém ao meu lado, alguém que parecia entender o peso que eu carregava.

O cansaço finalmente começou a me dominar, e Alexander me ajudou a deitar na cama. Ele ficou ao meu lado, em silêncio, e, pela primeira vez em muito tempo, senti que não estava completamente sozinha.

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