Capítulo 20.

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(Narrado por Alexander)

Saí do café com o sangue fervendo. Cada palavra que Clara jogou na minha cara martelava na minha mente como um eco que não conseguia ignorar. Quem ela pensa que é para me julgar assim? Desde o primeiro momento em que a conheci, nunca fui com a cara dela. Clara sempre teve uma opinião formada sobre mim, como se soubesse de todas as minhas falhas, e fazia questão de encher a cabeça de Elena de paranoias.

Enquanto caminhava pelas ruas sem rumo, tentei acalmar a raiva que subia cada vez mais. Clara sempre foi o tipo de amiga protetora demais, aquele tipo que faz de tudo para “defender” a amiga, mesmo que isso signifique meter o nariz onde não é chamada. Ela sempre plantava a semente da dúvida em Elena, fazendo com que qualquer pequena falha minha fosse transformada em um grande drama. Eu podia ver o quanto Elena estava dividida entre a amizade delas e o relacionamento comigo.

As coisas nunca foram fáceis entre nós, mas depois que Clara apareceu mais ativamente na vida de Elena, tudo piorou. Ela fazia Elena questionar cada movimento meu, cada decisão que eu tomava. Não era possível para nós ter uma conversa tranquila sem que o nome de Clara surgisse. "Clara acha isso, Clara disse aquilo." Eu estava cansado. Cansado de sentir que estava competindo com outra pessoa para manter meu relacionamento.

Enquanto caminhava, as palavras de Clara ecoavam em minha cabeça: "Se você não pode ver o que está fazendo, então talvez já tenha perdido o direito de estar na vida dela."Quem ela pensa que é para dizer isso? Eu sei que não sou perfeito, mas isso não significa que ela tem o direito de decidir o que é melhor para mim e Elena. Ela não entende o que realmente acontece entre nós.

No fundo, havia uma parte de mim que sabia que Clara tinha razão sobre algumas coisas, mas eu me recusava a admitir. Era mais fácil culpá-la. Se ela nunca tivesse entrado na vida de Elena, talvez as coisas entre nós fossem diferentes. Talvez Elena não tivesse tantas inseguranças ou dúvidas sobre mim. Clara era como um muro entre nós, uma barreira que eu não conseguia atravessar.

E eu sabia que Elena confiava cegamente nela, o que só tornava tudo mais difícil. Clara sempre aparecia nos momentos em que Elena mais precisava de alguém para reafirmar suas inseguranças. E como sempre, eu era o vilão, o cara que nunca fazia nada direito.

Cheguei em casa e joguei as chaves sobre a mesa com força. Sentei-me no sofá, esfregando as mãos no rosto, tentando afastar o cansaço e a frustração. A verdade era que, mesmo se eu quisesse admitir para mim mesmo, eu sabia que não estava agindo como deveria com Elena. Não era só sobre Clara. Eu sabia disso. Mas era mais fácil culpá-la.

Deitei-me no sofá, olhando para o teto enquanto minha mente vagava. *Será que Clara estava certa? Será que eu realmente estou afastando Elena, empurrando-a para um lugar de dor e insegurança?* As perguntas começaram a se acumular, e eu não tinha respostas para nenhuma delas. O que eu sabia, no fundo, é que talvez já fosse tarde demais para consertar tudo.

Mas, de uma coisa eu tinha certeza: Clara sempre achou que eu não era bom o suficiente para Elena. E, de certa forma, talvez ela estivesse certa.

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