(Narrado por Elena)
Acordei cedo, como de costume. O alarme tocou às 6h30, mas eu já estava desperta há alguns minutos, apenas esperando o som que marcaria o início de mais um dia. Levantei-me devagar, tentando me recompor após a última noite. As lembranças das crises de ansiedade ainda estavam frescas na minha mente, mas, de alguma forma, havia uma calmaria no ar. Hoje seria diferente. Eu sentia isso.
Após me arrumar, desci para tomar o café da manhã. Um simples pão com manteiga e um chá de ervas, algo leve, mas reconfortante. A casa estava tranquila, como se refletisse o meu estado de espírito. Me despedi rapidamente de minha mãe, que mal tirou os olhos do jornal, e saí pela porta com a mochila nas costas.
Caminhando para a escola, meus pensamentos começaram a vagar. A terapia com Alexander estava fazendo diferença, mas a incerteza sobre nós ainda pairava. Eu amava o homem que ele estava tentando se tornar, mas ainda existiam pedaços de quem ele foi que me assombravam. Seria possível superar tudo?
Assim que cheguei à escola, fui direto para a sala de aula. Os corredores estavam lotados, e o som das conversas ecoava pelas paredes. Assim que entrei, encontrei Clara. Ela sorriu ao me ver e veio ao meu encontro.
-"Elena! Hoje vai ser um daqueles dias, hein? Já sinto a energia", ela brincou, me abraçando.
Eu ri e assenti. -"Sim, sinto que algo está para acontecer. Só espero que seja algo bom."
Enquanto colocava minhas coisas no armário, senti uma presença familiar ao meu lado. Quando virei, lá estava Gabriel. Ele sempre foi gentil, mas ultimamente nossas conversas estavam se tornando mais frequentes e... confortáveis.
-"Elena, quer almoçar comigo hoje?" — ele perguntou, com aquele sorriso que sempre o acompanhava. -"Acho que preciso de uma pausa, e você é boa companhia."
Eu hesitei por um momento, mas então concordei. -"Claro, Gabriel. Acho que também preciso de um respiro."
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(Narrado por Elena)
O almoço passou rápido, como sempre acontece quando estamos em boa companhia. Gabriel e eu conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Ele tinha esse jeito descontraído de lidar com as coisas, uma leveza que me fazia esquecer, por alguns instantes, das tempestades emocionais que rondavam minha vida.
Quando o sinal da última aula tocou, ele me convidou para ir até a quadra. A escola estava movimentada, mas havia algo na tranquilidade da quadra vazia que sempre me atraía.
-"Vamos lá, Elena. Faz tempo que não nos divertimos", Gabriel sugeriu, pegando uma bola de basquete.
-"Eu sou péssima nisso", respondi, rindo.
-"Eu ensino", ele piscou, jogando a bola na minha direção.
Estávamos brincando e rindo quando, de repente, senti uma presença atrás de mim. Virei e, ao longe, vi Alexander. Ele estava na lateral da quadra, treinando com os colegas do time, mas seus olhos estavam fixos em mim e Gabriel.
A mudança em sua expressão foi instantânea. O sorriso que eu tinha visto em tantas sessões de terapia desapareceu, substituído por uma sombra de ciúmes e raiva. Ele largou a bola com força no chão, claramente perturbado.
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(Narrado por Alexander)
Eu estava concentrado no treino, mas algo dentro de mim me fez olhar para a quadra ao lado. Quando vi Elena e Gabriel rindo juntos, meu estômago se revirou. Não era só ciúme. Era raiva, uma fúria que eu estava lutando para controlar. O modo como ela sorria para ele, como ele se aproximava dela, me fazia querer interromper aquele momento.
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Cicatrizes Invisíveis.
Hayran KurguAlgumas feridas não são visíveis, mas são as que mais doem. Elena pensava que tinha tudo sob controle, até que o amor a levou por caminhos sombrios e traiçoeiros. Quando Alexander entrou em sua vida, ela não sabia que as marcas que ele deixaria não...