Capítulo 31

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O dia amanheceu com uma chuva serena, as nuvens fechando o céu por completo. Eleonora olhava com olhos miúdos através de sua janela, admirando a visão cinza do dia com uma possibilidade de continuar deitada, sem precisar estudar, ir para Ordem ou coisa do tipo. Gostaria apenas de ficar em seu quarto, descansando, lendo um bom livro e recuperando as horas de sono que perdeu durante os últimos dias.

    Esfregou os olhos e se revirou na cama, encarando o teto enquanto se aconchegava mais uma vez em meio aos seus lençóis. Fechou os olhos momentaneamente, sentindo o sono voltar a lhe consumir, poderia ser sua desculpa para continuar tendo o seu dia tranquilo. Isso até ouvir batidas estridentes na sua porta.

    Bufou audivelmente, sentindo-se obrigada a se levantar. Cambaleou até a porta, ainda vestida em seu pijama e com uma expressão notoriamente cansada. Assim, abriu a porta, deparando-se com a figura de Selina, pronta para bater novamente para chamar sua atenção.

    — Você acordou agora? - A garota perguntou, notoriamente, percebendo o que estava acontecendo no ambiente. Lola assentiu, esfregando o rosto novamente. — Ah, desculpe-me...

    — Está tudo bem, não precisa se preocupar! - Eleonora interrompeu-a, um sorriso doce assumindo os seus lábios.

    — Ezra e Bruce fizeram o café da manhã, pediram-me para lhe chamar.

    — Avise-os que estou indo, apenas preciso colocar um conjunto de roupas decente.

    Selina assentiu com a cabeça, um sorriso bobo em seu rosto complementando com sua risada. Genuinamente, ver Selina dessa forma animava Lola. Desde quando o ataque de lobisomem ocorreu na residência Dankworth, seu maior medo era não conseguirem recuperar a vida da única sobrevivente. Pelo jeito, ambas estavam se saindo bem em seus respectivos objetivos.

    Foi em direção ao seu guarda-roupa e o abriu, escolhendo minuciosamente as peças que iria usar no dia, colocando-as sobre a sua cama. Em seguida, sentou-se à frente de sua penteadeira e ajeitou os cabelos loiros em um alto, porém jovial, coque. Por fim, vestiu-se, ajeitando a saia de seu vestido e ajeitando os seus sapatos.

    Saiu do quarto e desceu as escadas, seus passos eram serenos e o eco de seus saltos era quase imperceptível. Conseguia ouvir um pequeno burburinho dos jovens da família. Callum parecia discutir com Liz sobre algum tópico banal, enquanto Selina tentava amenizar a situação como uma recém-chegada no assunto. Mas, antes que pudesse se juntar aos demais, algumas batidas desesperadas na porta da frente foram escutadas.

    Eleonora, inicialmente, estranhou. Logo depois, uma sensação de ansiedade cobriu o seu corpo. Será que o mesmo havia acontecido com sua avó dias atrás? Lentamente, aproximou-se da porta, destrancando-a e abrindo uma pequena fresta para reconhecer o visitante.

    — Lola! Ainda bem que você está bem! - A figura de Augustus imediatamente a tranquilizou, fazendo-a abrir a porta por completo, recepcionando o Kensington.

    Até mesmo sentia-se uma boba, seus olhos pareciam brilhar e seu sorriso era bobo como uma idiota apaixonada. Ele a abraçou forte, levantando-a ligeiramente do chão quando o fazia. Eleonora não resistiu e caiu na gargalhada, enquanto o pedia para soltá-la. Gus permaneceu com Sanderson no ar por alguns segundos, apoiando o corpo dela em seus braços e afastando o seu rosto para poder encará-la. Um sorriso ainda maior abriu em seu rosto antes de voltar com a mulher ao chão.

    — Eu queria ter vindo aqui antes, mas, você sabe, estava cuidando da minha tia recentemente... - Ele balançou a cabeça e segurou nos ombros dela com delicadeza. Não era a hora de falar sobre si. — Sinto muito por tudo o que ocorreu, Lola.

    — Não se preocupe, Gus. - Ela respondeu. — Eu não te cobro por algo que você não poderia prever, você também sabe disso. - Ele concordou com a cabeça. — E, sobre minha avó, eu agradeço pela preocupação. Gostaria de entrar e nos acompanhar no café da manhã?

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