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Ana Flávia povs

Os raios de sol que atravessam as cortinas da janela me informam que o dia já raiou. Me espreguiço com um gemido de satisfação. Aprecio a maciez dos lençóis que me cerca e meus olhos
veem mais um dia dar-se início. Arrasto-me até a cabeceira e a dor, já corriqueira, dá as caras.
Entretanto, procuro esquecê-la. Recostada sobre a cabeceira da cama, noto um objeto refletir a luz que entra pela enorme janela de vidro.
Retiro o lençol que o encobria em parte e encontro um anel. Pego-o entre as mãos e me pergunto como aquilo veio parar aqui. O anel é grosso e tem um monte de pedrinhas azuis. Rodando-o entre os dedos, encontro uma frase talhada na parte de dentro.
Eu te amo, meu amor! É o que diz.
Então flashes da noite de ontem povoam minha mente. A voz, o toque, as palavras, os olhos... Gustavo! Era ele! Ele esteve aqui comigo ontem. Foi em seus braços que eu senti esperança.
Foi ali que me vi acalentada. Foi com ele que desabafei.
Escuto batidas na porta e, em seguida, esta se abre revelando o homem em que pensava.
— Achei que estivesse dormindo. — diz andando pelo cômodo. — Vim só pegar uma roupa e alguns papéis. Se quiser pode voltar a dormir. — fala do closet.
Olho a jóia e decido que tenho que falar com ele para devolver. Exatamente nesse momento, ele retorna vestido em um roupão azul e eu respiro fundo tentando criar coragem.
— E-eu encontrei...hã...seu a-anel. — murmuro e ele me olha assombrado.
— Às vezes até esqueço que fala gatinha. — ri e olha para sua mão. — O anel que minha mãe me deu. Não sei como ele saiu do meu dedo. — caminha e afunda diante de mim na beirada do colchão. — Sabe, às vezes me pergunto porque está sempre chorando.
Ele ergue uma mão e limpa minha lágrima que eu não havia percebido que caía. Quando ele disse que o anel era presente de sua mãe, eu lembrei que não tinha nada da minha.
— Obrigado por devolver, gatinha. Adoraria aproveitar que está falando e conversar mais com você. Porém, o tempo não me permite. — fala baixando a mão e levantando-se para em seguida
sair do quarto levando as coisas que veio buscar.
Deixo meu corpo deslizar até cair contra os travesseiros, pensando como diabos ele pode ser tão monstruoso como foi ao matar aquela mulher e ao mesmo tempo tão atencioso comigo e com seus irmãos.
Acho que de tanto pensar nas personalidades distintas do Gustavo, acabei caindo no sono outra vez. Porém os berros da Boo do outro lado da porta me deixaram alerta e fizeram-me pular da cama atordoada.
— Droga, Ana Flávia! Acorda mulher! — grita impaciente e mesmo ainda estando tonta de sono não contenho o riso. — Se alguém me pega com esse filme, minha vida estará liquidada. — escuto ela praguejar baixinho quando estou prestes a abrir a porta.
— Prontinho! — exclamo, mas ela nem me ouve uma vez que pula pra dentro do quarto fechando a porta na chave, enquanto solta um longo suspiro de alívio.

— Quase tenho um treco! — leva a mão ao peito. Eu mordo os lábios para não rir da sua expressão de pânico. — Faz horas que te grito. — reclama me encarando com os olhos cerrados.
— Desculpe, eu não ouvi. Acabei dormindo depois que... — ela acena com as mãos dispensando a minha explicação, enquanto anda pelo quarto.
Pega alguns controles numa das gavetas do móvel ao lado da cabeceira da cama e se joga nela.
— Deixa pra lá. Você pode ir fazer sua higiene matinal, enquanto eu apronto tudo e deixo o filme no jeito.
— Certo, eu já volto. — digo rumando em direção ao banheiro onde escovo os dentes rapidamente e visto também a calcinha que tinha lavado ontem e deixado enxugando, pois só tinha ela
à minha disposição.

Faço um rabo de cavalo em meu cabelo e volto ao quarto. Por mais que saiba, ou melhor, tenho uma ideia do que vamos ver, estou curiosa para assistir aquele filme.
Quando consigo visualizar a cama, vejo a Bruna roendo as unhas no mesmo instante em que olha para uma enorme televisão, que eu não tenho ideia de onde surgiu.
Ela me vê e dá um sorriso nervoso.
— Aí está você! — suspira. — Bom...hã... preparada? — me pergunta quando sento ao seu lado na extremidade oposta do colchão.
— Sim, eu acho que estou. — respondo e ela assente pegando o controle. Em seguida o filme começa.
Uma sala com uma mesa de madeira é o primeiro cenário que vemos e nele está uma mulher. Ela está de óculos e terninho. Usa uma meia 7/8 preta e um salto alto na mesma cor. Está
sentada atrás da mesa mordendo a caneta sensualmente enquanto avalia alguns papéis. O telefone toca e ela atende prontamente.
— Carla, você pode me trazer os relatórios? — questiona o homem do outro lado da linha tomando o vídeo em seguida.
Ele é musculoso e tem cara de mal humorado. Cabelos pretos e pele chocolate, além de uma barba rala. Ele também estava por trás de uma mesa, entretanto, esta era mais requintada e de mogno.
— Claro, senhor Alexandre. — concorda e o homem encerra a ligação posicionando entre os dedos a caneta que até então repousava na mesa e assinando algumas folhas. Passos são ouvidos e então a Carla bate em sua porta, mas, antes de abri-la totalmente, ela coloca a cabeça pra dentro.
— Pode entrar e por favor feche a porta. — responde o homem ainda focado nos papéis que assina antes mesmo dela se pronunciar.
Carla obedece e, pacientemente, aguarda suas próximas ordens diante da mesa. Algum tempo depois, o tal Alexandre lhe olha de baixo pra cima.
— Traga até aqui, por favor. — pede ainda analisando o corpo da mulher que caminha. Ela ergue os braços para colocar a pasta que carregava sobre a mesa, mas o homem a impede de concluir a tarefa ao segurar seu braço. Ela deixa cair a pasta quando senta no colo do seu chefe.
— Por Alá! — Boo exclama ao meu lado hipnotizada na cena que se segue.
Olho de relance pra ela, mas, rapidamente volto minha atenção para a televisão, uma vez que também quero ver o que vai acontecer a seguir.
A mulher e o homem se encaram e então ele ergue a mão e põe no rosto da mulher puxandoo para si. Ela arregalou os olhos surpresa pelo movimento brusco. A outra mão do homem espalma
em sua perna e vai subindo enquanto os dois se beijam com voracidade.
— Ui! Até eu arrepiei! — murmura Boo, mas eu não consigo olhar pra ela por que o filme tem minha total atenção.
A mão do homem continua subindo, subindo e subindo pela perna dela vagarosamente, enquanto a mulher geme com o afago íntimo. O beijo torna-se feroz e as mãos dela puxam os cabelos dele que grunhi rouco. Ele se desfaz da boca da loura e desce os lábios pelo queixo e pescoço dela. Ela geme. — foco na mão dele. — a mão dele afasta a saia da moça e ela abre as pernas revelando sua calcinha. Os dedos dele tiram a peça do caminho deixando visível o sexo depilado da loura.
— Nossa! Eu senti um troço esquisito! — fala a Boo e nós nos fitamos compartilhando o sentimento silenciosamente.
Os dedos do camarada exploram a nova descoberta e a jovem grita em êxtase. Depois ele começa a esfregar um ponto em específico e ela se remexe no colo dele com a boca entreaberta, então o dedo dele desce e afunda em outro ponto da intimidade da moça que rebola em sua mão loucamente.
— Caramba, onde o dedo dele está entrando e saindo? — Boo reflete numa pergunta retórica.
A moça reivindica a boca do homem num beijo caliente que beira a luxúria. Ele continua o vai e vem rápido com o dedo acrescentando mais um e outro até serem três ao todo. Com a mão livre
o cara abre os botões com mestria e ao ter a camisa aberta, puxa o sutiã rosa da moça para pôr entre os dentes o bico franzido. A mulher tira a camisa dele também com uma rapidez impressionante e a joga em algum lugar do escritório.
Ele tira seus dedos de onde estava estocando e segura a cintura da loura levantando-a consigo. Essa, por sua vez, enrola as pernas no quadril dele e põe as mãos unidas por trás do seu pescoço. Os dois voltam a dividir os lábios famintos um do outro. Apoiando-a com um só braço, ele usa o outro para se livrar dos objetos que pairavam sob a superfície da mesa, substituindo-os pela
loura.
Deitada, Carla separa as pernas bem abertas e o homem se posiciona entre elas. A loura se ergue apoiada nos cotovelos e abre o seu cinto, o botão e o zíper da calça do homem. O membro do
homem salta fora da cueca quando Carla abaixa-lhe junto a calça...
— Espera! Puta merda! — Boo pausa o filme e me olha assombrada. — Ele vai meter aquilo ao invés dos seus dedos? Ele vai rasgar a moça! Que imbecil. — grita revoltada e eu começo a rir, mas confesso que fiquei assustada com a possibilidade.
— Você... — ia falar, mas ela prosseguiu com suas conclusões antes que eu pudesse me pronunciar.
Levanta e anda de um lado para o outro, enquanto eu lhe observo ainda sentada no mesmo lugar.
— A pobrezinha vai morrer de dor. Ela vai sofrer, sem contar que ele ainda vai socar o seu, o seu... bom o "seu" dentro dela. — gargalho da forma hilária que ela gesticula. Mas quando considero suas palavras fico ligeiramente amedontrada.
Boo volta a sentar um pouco mais calma e logo em seguida o filme retorna.
O homem se curva e abocanha um dos seios da mulher que joga a cabeça pra trás. Ele se endireita e segura seu membro entre as mãos levando até a entrada da moça que geme ao senti-lo.
— Alá! Eu sinto meu sexo pulsando. — exclama — Está sentindo isso também? Como se sua intimidade estivesse pedindo para ser rasgada? — arregalo os olhos com a sinceridade dela. Parece
que seu cérebro e boca têm uma relação íntima, e por isso tudo que o que ela pensa, ela fala.
— Sim, sinto. — murmuro.
— Aaaah — o grito da mulher na tela, põe fim na nossa conversa e nos convida a assisti-la.
O homem entrava e saía da mulher e esta gritava rebolando e arranhando o abdômen do cara. Ele colocou uma das pernas dela sobre o ombro ainda movimentando-se. Tudo ficou muito mais exposto na tela e era claro o ato dos sexos se fundindo.
Sentia minha própria intimidade derramar líquido quente exatamente como quando beijei o Gustavo.
Os dois enlouquecem quando o cara leva a mão até o sexo da loura e esfrega com intensidade.
— Aaaah, estou quase. — diz ela.
— Vem gostosa! Aperta meu membro entre suas carnes macias. — exclama o homem.
— Droga! — exclama a Boo e eu a olho. — Acho que mestruei. — grita horrorizada.
Boo saiu em disparada para o banheiro e eu voltei a assistir. Na televisão, a mulher se contorcia de olhos fechados e o homem jogava uma espécie de
líquido branco vindo do seu membro na barriga da moça.
E o filme acaba.
Boo volta do banheiro e, nesse instante, seu olhar me passa confusão.
— Você está bem? — pergunto intrigada.
Ela me olha enquanto caminha e senta ao meu lado soltando um longo suspiro.
— Se ter sua calcinha molhada e não ser sangue da sua menstruação for estar bem, eu estou.
— responde e eu explodo numa grande gargalhada. — Isso não tem graça. — estreita os olhos emburrada.
— Desculpa é que...
Ela me corta levantando e pegando os controles. A grande televisão desaparece por entre um compartimento.
— Podemos descer, tomar café e depois eu te levo para provar o vestido do jantar de noivado. Aliás vi meu irmão hoje quando ele ia saindo e ele disse que a mídia estará presente, por isso precisa estar perfeita.
— Por mim tudo bem. — concordo ainda pensando no filme, ou melhor, se a cena do filme vai ser encenada por mim e meu suposto noivo em três dias. — Você ficou chateada comigo? —
pergunto.
— Não, claro que não! Eu só estou digerindo tudo que acabamos de ver. — fala com sinceridade.
Ouvimos batidas na porta e nos entreolhamos assustadas. Logo me dou conta de que preciso abri-la. Caminho hesitante e giro a maçaneta encontrando um homem cheio de sacolas do outro lado.
Os olhos dele se arregalam e passeiam descaradamente pelo meu corpo.
— Bom dia, senhorita, vim trazer suas compras. — diz ainda me avaliando. Eu me afasto para o lado e ele passa.
— Pode colocar na cama por favor? — indago e ele assente.
— Princesa! — exclama quando vê a Boo.
Ela meneia cabeça em cumprimento num gesto idêntico ao do Gustavo. O rapaz põe as coisas sob a cama e passa por nós apressado.
— Está maluca, Ana Flávia! — repreende a Bruna quando o rapaz sai e fecho a porta. Olho-a confusa. — Não abra a porta para um homem que não seja da familia quando estiver sem véu e muito menos se estiver vestida assim. — aponta para o meu corpo e eu o olho me vendo vestida na camisa branca do Gustavo que vai até bem acima dos meus joelhos.
— E-eu e-esqueci. — gaguejo. — Força do hábito.— Se meu irmão souber desse seu deslize, não é pra mim que terá que dar explicações. — fala me direcionando uma piscadela. — Veste alguma coisa. Precisamos descer.
Procuro algo nas sacolas e acho um vestidinho longo e simples rosa com mangas até os pulsos. A boo fica sentada enquanto eu vou até o banheiro e me visto.
Nós descemos juntas e logo estamos tomando café, enquanto ela me fala do jantar de noivado. Ao terminarmos, ela me leva até um ateliê.
— Esse aí é o seu vestido. — gesticula para um vestido, ou melhor para, o vestido. — exibido por um manequim.
O vestido é azul royal com brilho. Não sei explicar muito bem, mas reflete quando exposto à luz. A parte de cima é composta de bordados de renda e, abaixo do quadril, desce uma saia longa
com pregas, ambas as partes separadas por um pequeno cinto prata.
— Que tal? Gostou? — pergunta animada.
— É incrível! Tanto que estou sem palavras! Nunca vi algo tão lindo, meu Deus! Parece ser feito para uma princesa. — falo contornando a obra de arte ali exposta.
— De certa forma foi, afinal, com o casamento, é isso que será, uma princesa como eu, quer dizer, isso até meu irmão ser coroado porque então será rainha. — diz Boo em êxtase. — Agora me ajude a tirá-lo do manequim para que possa provar.
E foi assim que a manhã passou... Eu vestida naquele deslumbrante vestido, enquanto duas mulheres me espetavam — quer dizer, o ajustavam ao meu corpo — Segundo boo, elas eram costureiras, mas pra mim estavam mais para torturadoras.
Depois que o vestido estava pronto, voltamos ao quarto com ele dentro de uma caixa branca. Havia, também, uma outra caixa que, segundo Boo, são acessórios, os sapatos e o véu. Ela
me mandou tomar um banho e, quando saí do banheiro, tinha bastante comida na bancada do bar —coisa da boo — e assim, nós comemos no quarto.

Quando terminamos, ela ligou para mais duas mulheres que me ajudaram com a maquiagem e o cabelo. Elas me aprontaram e foram embora me deixando sozinha em pleno fim de tarde, já que a Bruna precisou ir supervisionar os últimos detalhes da festa, que ia ser no salão de festas do palácio.

Até agora não tinha parado pra pensar que estava fazendo tudo isso para o meu noivado.
Tirei o roupão que usava e coloquei o vestido. Em seguida afundei na cama e coloquei o sapato alto que combinava perfeitamente com o vestido. Na caixa dos acessórios havia uma luva
sobreposta acima do véu. Ambos brancos, com a diferença que o vestido tem pedras da cor do vestido e as luvas são lisas.
Totalmente pronta, me olho no espelho e percebo que estou realmente parecendo uma princesa. Caminho e sento na cama esperando alguém vir me buscar. Olho para o móvel onde paira
um relógio e vejo que são seis horas e quarenta e cinco minutos, ou seja, faltam quinze minutos para a hora do meu jantar de noivado.

Depois daquele filme, meu medo do que Gustavo pode fazer após o casamento aumentou a níveis estrondosos. Mas além do medo, havia uma excitação pela curiosidade que circula em mim.
Queria saber na pele como aquela mulher se sentiu ao ser tocada intimamente pelo homem... Droga!
De onde saíram esses pensamentos? Bom, eu não quero saber de nada, muito menos, com ele.
Forço meu cérebro a pensar em outra coisa e, assim, permaneço.
Quinze minutos depois, estava sendo guiada para o salão por uma moça que a Boo mandou vir me buscar. Minhas mãos suavam quando lembrei que estaria rodeada de desconhecidos.
A moça parou de repente.
— Chegamos, tudo que precisa fazer é descer aquelas escadas. — aponta.
— Obrigada. — murmuro insegura.
Ela balança a cabeça e retorna o caminho que tínhamos feito. Fico ali parada, sozinha e nervosa. Engulo em seco e forço meus pés a andarem.
Estanco no lugar quando tenho a visão da multidão de pessoas que está lá embaixo. O pior é quando vejo Gustavo cercado de jornalistas. Mas a coisa mais aterradora de todas é quando todas
as cabeças se voltam em minha direção. Uns cochicham, outros arregalam os olhos e alguns me avaliam. Meu coração parece querer ultrapassar minhas costelas, minhas pernas viram gelatina e
minha respiração falha.
Meus olhos buscam uma solução para sumir dali, evaporar, desaparecer, qualquer coisa para fazer aqueles olhares saírem de cima de mim, contudo, quando meus olhos cruzam com os de Gustavo, esqueço um pouco o mundo ao meu redor.....

<💫>

1- não acredito que elas fizeram isso kkk, to começando a achar que devia ter colocado a boo como giana kkkkkk

2-  agora vou sumir depois desse capítulo kkkk(brincadeira)

3- espero que gostem, o próximo promete um pouco....

4- não sejam leitores fantasmas votem e comentem

Beijinhos da Mih 😘

Garota traficada-miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora