rei mafioso-10

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Ana Flávia povs
♡♡♡♡♡♡

Outra vez ao acordar, havia apenas pequenas pistas de que Gustavo dormiu ao meu lado. O seu cheiro no travesseiro, nos lençóis, por todo o cômodo na verdade, ou a pequena bagunça que ele sempre deixa nos
locais onde passa antes de sair. Eu, por minha vez, estou com uma preguiça de levantar fora do comum. Mas mais
do que ela, há uma fome descomunal que faz meu estômago roncar alto com frequência. Me arrastei até a cabeceira da cama me espreguiçando, e, só instantes depois respirei fundo pronta para deixar o conforto dos
cobertores quentinhos.

Ao colocar os pés no chão, vi de relance um pedaço de papel em cima do móvel ao lado da cama. Abafei um bocejo com uma das mãos e estiquei o outro braço para pegá-lo. E ao desdobrá-lo esfreguei os olhos antes de ler.

Bom dia, princesa. Precisei sair bem mais cedo do que costumo fazer por que, quero estar de volta logo. Por volta do meio dia esteja pronta para sairmos. Ontem não tive tempo de te
mostrar o quarto dos nossos filhos e quero fazer hoje. Por fim, podemos usar algum tempo para compramos algumas coisas para eles. Sempre seu, Gustavo.

S

orri feito uma boba para o papel e suspirei contente com aquele convite. Será a primeira vez que sairemos juntos com o propósito de comprar algo para
nossos filhos. Eles já têm as pulseiras que a tia doidinha deles confeccionou e os sapatinhos que o Gu comprou, mas eu ainda não tive a oportunidade de
encontrar nada. Consulto as horas no relógio do móvel onde estava o bilhete e percebo que tenho quatro horas até o
horário estipulado, sendo que, uma delas usarei para me arrumar como ele sugeriu. Nas três horas restantes vou
fazer uma visita ao quarto de Elisa já que ainda não fui ver como ela está se estabelecendo aqui. Quero ver a Boo também. A coitada da minha cunhada está bastante triste com esse casamento arranjado.
Levanto decidida a cumprir com este
cronograma traçado de última hora para o dia de hoje e, vou ao banheiro fazer minha higiene matinal e tomar um
banho rápido. Ao entrar no cômodo sorri e balancei a cabeça de forma negativa para a desorganização do meu
marido. Ignorando as roupas jogadas pelo chão e os cosméticos abertos largados sobre a bancada da pia procurei o creme de dental e a minha escova. Após escovar meus dentes, tomei banho e fui até o closet procurar uma roupa. Optei por uma saia longa, como tenho usado quase sempre, desde que a Boo me falou um pouco mais da cultura do país, e preferi não usar o véu já que ainda não ia sair do palácio.
Não vejo a hora de irmos morar
definitivamente na nossa casa e assim poder usar o que quiser. Acho que além de querer dar liberdade aos nossos
filhos, era essa a intenção de meu ursinho ao sugerir que fossemos morar longe do palácio, e, de certa maneira
longe de tudo, ele queria acima de qualquer coisa que me sentisse livre para ser eu mesma, realmente em casa.
A mansão já tem um pouquinho de nossa história e eu me sinto muito bem lá.

Com esses pensamentos, fui em direção ao quarto que Elisa está. Caminhei pelos corredores bem mais familiarizada, já conseguia ir aonde bem entendesse
sem precisar de um guia e perceber isto me fez sorri. Passei por algumas mulheres conversando enquanto
limpavam o chão. Parei diante da porta do cômodo em que minha amiga está instalada e bati com o punho fechado contra madeira.
— Só um instante. Estou indo — gritou lá de dentro e logo ouvi a chave girando na fechadura antes de abrir revelando-a. — Ana Flávia, querida! Entre, entre — exclamou sorridente afastando-se um pouco para me dar
espaço para passar.
— Olá, Elisa. Vim saber como você está — articulo ao dar alguns passos para dentro do quarto. Ela fechou a porta e procurou minha mão. Segurando-a levou até sua cama. Nos sentamos ali e ela colocou uma das pernas dobradas em cima do colchão para ficar virada em minha direção.
— Eu estou muito bem. Feliz como a muito tempo não ficava, minha filha — diz sorridente. — Você foi meu anjo da guarda, minha linda. E eu que achei que
iria protege-la — balança a cabeça rindo.
— E você fez. Não sei o que seria de mim se não tivesse te conhecido, sua história me deu ânimo para tentar vencer tudo o que estar ali representava — sorrio
para ela ao proferir com sinceridade.
— Imagina. Eu fico muito contente que tenha achado um bom homem naquele lugar apesar do peso que o olhar sombrio dele tem, eu consigo ver que te ama de verdade. Quando ele olha em sua direção seus olhos ganham um brilho apaixonado e isso é reflexo do que vejo nos seus também — expressa me surpreendendo.
— Eu o amo, muito. Ele é especial —
sussurro e abaixo o olhar envergonhada.
— Sei que sim, afinal só um homem assim conseguiria alcançar seu coração puro. Mas me conta e esses bebês? Vocês foram rápidos hein? — brinca e eu
sinto meu rosto arder de vergonha. — Bom na verdade considerando onde estamos não é uma novidade — comenta pensativa.
— Como assim? — indago confusa.
— É comum o homem não se precaver. Eles buscam por herdeiros — explica e eu franzo o cenho reflexiva. — Vocês se casaram há algum tempo ou é
recente? — muda de assunto.
— Há algum tempo, praticamente depois que ele me tirou do clube... quer dizer depois que me comprou — consegui corrigi meu deslize a tempo.
— E os bebês, já sabem os sexos? — inquere levando uma das mãos até minha barriga.
— Sim e os nomes também — sorrio olhando a sua mão espalmada em meu ventre. — Serão duas meninas e um menino. Benicio, Safira e Aurora.
— Que nomes lindos!! É maravilhosa a sensação de tê-los crescendo dentro de nós, não é? Quando nascem eles tornam-se um pedacinho nosso em
outro ser que, iremos sempre querer manter a salvo — divaga e pouco a pouco vai ficando emocionada.
— Vamos encontrar seu filho Elisa, aliás,
precisamos de todas as informações que puder dar sobre ele para passarmos ao detetive que Gustavo contratou —
coloco minha mão sobre a dela e consolo-a.
— Eu não tenho muita coisa, só seu nome, data de nascimento, e claro lembranças de suas características físicas quando menino — murmura triste.
— Já é um começo. Vamos encontrá-lo — afirmo esperançosa. — Qual o nome dele?
—Chico , esse é seu nome. Chico Mineiro. Hoje ele é um homem de 27 anos, moreno, cabelos ondulados  e
pretos como os meus, ele tinha lábios cheios, bem desenhados. Sua boca era algo que sempre chamava atenção — sorri e respira fundo afastando uma lágrima dos olhos. — Já os olhos são castanho-escuro. Meu filho era doce, estava sempre preocupado com o bem-estar dos outros, um menino alegre, sorridente... Mas não acho que
seus sentimentos vá ajudar a encontrá-lo. Desculpe acabei me empolgando — confessa suspirando.
— Imagina, é muito bom ouvir como você ver seu filho, me imagino vendo os meus assim daqui a pouco— limpo o restante das lágrimas de seu rosto. — Vou pedir para Gustavo enviar o detetive para conversar com você. Talvez ele queira te perguntar algo a mais.
Ela assente tirando a mão da minha barriga e colocando as duas unidas no colo ergue o olhar para mim.
— Bom, você está mesmo bem aqui? —
questiono girando o dedo no ar para mostrar que me referia ao quarto.
— Sim estou amando. Gostei muito da sua cunhada também, ela me lembra um pouco o Chico até — gargalha. — Espirituosa, cheia de vida.
— Isso por que você só conheceu ela agora, Boo está muito menos alegre. Está passando por um período difícil — articulo — Ela é maluquinha.
— Ela me contou sobre o casamento. Fiquei com muita pena da menina sabe? A maioria das moças que conheci, sabia que mais cedo ou mais tarde seriam
entregues a um homem a quem deveriam se casar. Mas a Boo, pobrezinha, apesar de também ter essa certeza, conheceu outra maneira de ver o mundo e nutria esperanças de poder ser livre, de ter o poder de escolha.
— Ela gosta de Felipe..... — sorri
— Ela me falou um pouco sobre isso também— revela pensativa.
— Então Boo gostou muito mesmo de você também. Foi difícil para ela se abrir comigo sobre sua paixão pelo médico. Eu particularmente só o vi duas ou três vezes e foi por um curto período. Espero que ele ao menos mereça o amor dela. Como médico ele me pareceu
responsável e simpático — digo levantando. — Bem eu vou passar no quarto dela agora por que daqui a pouco sairei com Gustavo para compramos as primeiras coisinhas para os bebês. Outra hora venho para conversarmos mais, Elisa.
— Aproveita mesmo é um momento muito especial, principalmente na companhia de seu companheiro — pisca o olho para mim. — Vou abrir a porta para você — ergueu-se e juntas caminhamos até a porta na qual ela abriu e eu saí.
— Obrigada. Eu estou amando tê-la por perto, Elisa — expressei e ela me abraçou.
— E eu estou amando estar aqui — beijou meu rosto. — Agora vai lá ou vai se atrasar.
Assenti e segui em direção ao quarto da Boo rezando para que ela estivesse por lá. Estava no último corredor que faltava quando me vi diante de um rapaz que nunca tinha visto por ali. Ele por sua vez sorriu em minha
direção.
— Você deve ser a esposa do primo Gustavo, suponho — expressa me fazendo parar para escutá-lo muito constrangida.

Garota traficada-miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora