Continuação povs Ana Flávia Castela
Gustavo faz um leve gesto com a cabeça em cumprimento ao motorista que, àquela altura, já abria porta do passageiro.
— Vamos? — questiona Gustavo apertando de leve a minha cintura e me guia em direçãoao tal carro.
Acomodo-me no banco observando fielmente os movimentos de Gustavo.
Ele dá a volta no carro e se senta ao meu lado. Continuo fitando-o e, ao perceber meu olhar, ele também me avalia com o cenho franzido em confusão óbvia.Nossos olhares ficam fixos um
no outro e quando o clima começa a pesar, eu me remexo no acento e volto minha atenção para as dunas de areia que passam pela janela.
Por alguns minutos são só areia e mais areia, porém as coisas começam a mudar num determinado ponto e eu fico impressionada com a multidão de pessoas vestidas como a Boo transitando para todo lado. Os homens usam algum tipo de véu na cabeça na cor vermelha com detalhes quadriculados em preto. As mulheres, com vestes próprias, estão todas acompanhadas de um homem.
— Elas estão comprando alguma coisa e, por isso, precisam dos maridos, pais ou irmãos, pois só eles têm o dinheiro para pagar por seus gastos. — olho para ele com atenção. — É a tradição na Arábia, que todas as mulheres, mesmo as que trabalham, não possuam nenhum bem material em seu nome, por isso, elas põe tudo sob o poder dos seus responsáveis. — volto a olhar, pensativa, para o movimento do outro lado da janela.Fico observando aquelas mulheres totalmente cobertas, sem independência financeira. Ao menos é o que eu penso. Posso estar totalmente enganada, mas ter dinheiro e propriedades e ter que
depender de terceiros para tocar no que é seu, me parece muito arcaico.
— Pode parecer estranho para você que veio de um lugar onde os costumes são muito diferentes, mas, pra eles que sempre viveram assim, é normal. Pense. Se fosse o contrário e uma dessas mulheres estivessem no Brasil onde as mulheres costumam ser independentes financeiramente, vestem-se da forma que bem entendem, enfim... É estranho, pois, são duas culturas de países
diferentes. — Explica com o olhar fixo em sua própria janela, como se estivesse articulando seus pensamentos em voz alta e, confesso, que vendo as coisas dessa maneira, concordo com ele.O carro parou segundos depois e antes de descermos, Gustavo fala numa linguagem estranha com o motorista que acente e lhe entrega um lenço ou véu — não sei ao certo como nomear
aquele tecido. — Sem entender, retorno a observar as pessoas que vêm e vão em direções opostas e simultâneas.
— Ana Flávia! — Masalom chama-me e eu o olho. — Isso é pra você colocar na cabeça. — diz encarando o tecido que pairava entre suas mãos. — É uma forma de mostrar respeito a mim, seu
futuro marido, e à sociedade árabe. — argumenta — Chega mais perto para que eu possa colocá-lo em sua cabeça.Intercalo o olhar entre o tecido rosa com pequenas pedras cravejadas nas duas extremidades e seus olhos, que aguardam uma ação da minha parte. Arrasto-me pelo estofado ficando à uma distância confortável. Ele quebra o gelo agarrando-me e puxando minha cintura e o meu corpo pra si.
Meu rosto fica a centímetros do dele. Sua respiração quente indo de encontro com a minha.
Seu cheiro entrando nas minhas narinas. Seu olhar penetrando o meu. O calor do seu corpo aquecendo o meu, enfim, várias sensações desconcertantes.
Ele põe o tecido no colo e suas mãos voltam à minha cintura me virando de costas. Solto um gemido involuntário em surpresa. Ele coloca as mãos em minha nuca por baixo dos cabelos e vai
subindo até ter parte dele junto em suas mãos.
— Relaxa, gata. — sussurra em minha orelha e meus pelos eriçam. Aperto mais ainda meus olhos fechados e meu corpo inteiro estremece.
Ele ri baixinho.
— Acho que descobri uma das suas áreas erógenas. — volta a sussurrar e mordisca o nódulo da minha orelha.
Fico imóvel.
— Adoraria descobrir todas elas, mas, já se passam das dez e precisamos fazer suas compras. — fala e se empenha em juntar minhas madeixas que caíam sobre meus ombros.
Depois sinto o tecido nas laterais do meu rosto. Em seguida, ele o enrola junto ao cabelo no entorno do meu pescoço.
— Pronto! — fala e volta a me virar. — Ficou perfeito em você. — me elogia observando seu trabalho.
É um pouco desconfortável ter aquilo na cabeça e emaranhado em meu pescoço, mas não reclamo.
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Garota traficada-miotela
FanfictionAna Flávia, uma jovem menina cheia de sonhos e objetivos na vida, tem uma vida feliz ao lado dos seus pais até que um dia vê seu mundo se desmoronar de uma hora pra outra e no meio dessa catástrofe que é sua vida ela encontra o amor em alguém que el...