Ana Flávia povs
Assim como a mulher o havia instruído, o homem que me arrastava jogou-me num quarto e logo em seguida ouvi as trancas da porta sendo fechadas. Levanto do chão onde caí e olho ao redor.
Estou em um lugar luxuoso, pelo menos para mim, que vivi na favela.
Fascinada, inspeciono o lugar.
No centro do cômodo há uma grande cama rodeada por um tipo de apoio para as cortinas azuis que estão amarradas em cada uma das suas extremidades. O colchão está impecavelmente coberto por um edredom azul royal e, sob ele, tem quatro travesseiros.
A divisão do espaço é impressionante. Há uma janela na lateral esquerda e tem uma porta do lado direito na qual, curiosa, giro a maçaneta e abro. Ao colocar a cabeça para dentro, constato
ser um banheiro pequeno, mas, como o quarto, é de uma beleza exuberante, ricamente detalhado em mármore branco do piso às paredes, com um box dividindo-o.
Entro intrigada no banheiro e avalio tudo com calma.
A porta se fecha com um baque, fazendo-me entrar instantaneamente em pânico. Começo a passar mal. Minha respiração acelera. Não sei o que está acontecendo comigo, talvez, trauma por ter acordado naquele cubículo fechado. Corro em direção à porta e abro-a soltando um suspiro de alívio
quando consigo.
Rapidamente caminho até a janela do cômodo e a puxo com o intuito de arejar um pouco o quarto, porém, meu estado piora quando avisto grades extremamente rígidas no lado externo.
Sento no chão com o rosto entre os joelhos, encostada naquelas paredes que podem ter um grande valor arquitetônico, no entanto, não tão inestimável como o amor que possuía na minha pacata vida de dias atrás.
Olho tudo novamente pensando sensatamente.
Talvez ainda não estivesse raciocinando direito, porém agora o peso dos últimos
acontecimentos atingiu-me em cheio. Estou presa num lugar que não faço ideia de onde seja, sem ninguém que se preocupe comigo a ponto de me procurar. Querem pôr a prêmio meu corpo e querem vender minha dignidade, que é a coisa que meus pais mais prezavam.
Queria poder voltar no tempo e ser só aquela garota que esperava os pais em casa com o jantar pronto. Eles trabalharam o dia todo em prol do nosso bem estar e mereciam uma pequena recompensa, por mínima que fosse. Era uma refeição muito simples. Apenas de arroz ou feijão, um
ou outro, nunca os dois. Mas isso não tinha importância se estivéssemos juntos e rodeados pelo amor que sentíamos um pelo outro.
As recordações trouxeram-me a lembrança da minha fotografia. Aflita, rezando para que ninguém a tivesse tirado de mim, procuro no bolso e a encontro, para o meu alívio. Esta fotografia retrata a única coisa boa que me restou.
Olho nossa felicidade naquele retrato. Estou no meio dos meus pais que abraçam-me de lado. Estávamos com nossas melhores roupas, ainda que simples. Minha mãe olhava meu pai e viceversa com aquele brilho que tinham sempre que se entreolhavam. O mesmo brilho que passava carinho e ternura pra mim. Essa foto foi tirada em um dos nossos — quase escassos — momentos de lazer. Era uma festa da comunidade e... Saio das minhas lembrancas, quando ouço vozes vindo lá de fora.
Guardo minha preciosidade de volta a tempo, pois, poucos segundos depois, a fechadura range e abre, mostrando aquele brutamontes junto de uma mulher portando algumas caixas.
— Quero ela pronta às nove horas. — o homem diz. — Leia as regras com ela e expliquelhe tudo o que não entender. — completa empurrando a senhora para dentro como fez comigo.
Ela deixa cair as caixas e os papéis que segurava.
Como se nada tivesse acontecido, o homenzarrão simplesmente sai e tranca a porta. Sem hesitação, vou até a mulher com a intenção de ajudá-la.
— A senhora está bem? Se machucou? - questiono recolhendo as coisas que caíram.
Entretanto, paro assustada quando ela agarra minha mão.
— Você é brasileira? — sua voz cansada me pergunta.
Olho pra mulher à minha frente com atenção. Seu rosto está tão cansado quanto sua voz, mas ainda assim ela é bonita. Cabelos escuros e pele morena. Seus traços são sutis, seus olhos
são pretos e estão encarando-me arregalados.
— Sim, por que está tão assombrada? — pergunto-lhe olhando meu braço onde está a sua mão.
Ela a retira e desvia o olhar.
— Desculpa, eu só não esperava. Você sabe onde está? — indaga triste como se isso explicasse sua face alarmada.
— Não faço ideia. — Expresso sincera.
Ela parece ponderar suas próximas palavras por um momento.
— Você está na Arábia Saudita. — murmura ainda hesitante.
— O quê? — sussurro, pois, agora são os meus olhos que a encaram arregalados.
Como assim Arábia? Posso ter estudado apenas o ensino fundamental, no entanto, gostava muito de geografia e sei que a Arábia fica praticamente do outro lado do mundo em relação ao Brasil, no Oriente Médio, para ser mais exata. Não pode ser verdade, não é?
— A notícia te apavora. Fiquei assim quando cheguei aqui. Ao longo do tempo vai perceber que as coisas podem ser piores do que imagina. — afirma e eu arregalo os olhos ainda mais se é que possível. — Não estou querendo te amedrontar, entretanto, queria ter alguém que me abrisse os olhos
quando cheguei. — ela continua enquanto junta todas as caixas em pilhas.
— Eu não... você só pode estar brincando! — replico numa tentativa frustrada de completar uma frase coerente.
— Infelizmente não, querida, mas acho melhor continuar esta conversa num lugar mais confortável, se não se importa. — sorri pra mim, contudo, eu não consigo retribuir. Suas palavras
ainda rondam minha cabeça. — Não tenho mais idade para sentar no chão, se é que me entende. — continua a falar em tom descontraído. Eu apenas forço um sorriso amarelo.
Tento não enlouquecer e sair aos gritos, até porque não adiantaria.
— Tem razão. — concordo e levanto antes de estender-lhe a mão para ajudá-la.
Finjo não estar aterrorizada, algo que, decididamente, não é verdade, e pego a pilha de caixas. Coloco-as sob a cama enquanto ela pega os papéis e me segue.
— Como veio parar aqui? — pergunta quando nos sentamos na cama.
Ela segura minhas mãos e olha dentro dos meus olhos. Seguro a vontade de chorar com aquele simples gesto de afeto.
Conto tudo a ela desde minha infância simples até o exato momento em que me encontro.
Quando concluo, estou soluçando em seus braços.
Eliza também conta a sua história. Tem quarenta e cinco anos, brasileira, e veio para a Arábia Saudita com vinte e oito. Era para ser um emprego temporário, mas que faria uma imensa diferença na sua vida e na de seu filho, que, com dez anos, na época, ficou com uma amiga. Eliza voltaria para o Brasil após três meses, mas nunca conseguiu cumprir a promessa. Chorando, diz o quanto o ama e fala da vontade de querer vê-lo antes de morrer e pedir-lhe perdão por não ter acompanhado seu crescimento. Ela diz também que vai me ajudar e que não vai deixar ninguém fazer comigo o que fizeram com ela.
Choramos abraçadas e, enfim, tenho a sensação de ter encontrado uma amiga com quem posso contar dali para frente.
Já recompostas, ela me mostra, com pesar, as tais regras que, destacadas em negrito, encontravam-se escritas:
NORMAS NAS QUAIS FUTURAS INTEGRANTES DEVEM ESTAR CIENTES:
REGRA Nº 01 - No caso de rebelião ou regras descumpridas, a sala de detenção será utilizada. (A sala citada é a mesma em que a garota deve estar ao despertar. Esta será o primeiro lugar do clube no qual ela conhecerá).
De repente as imagens daquele lugar fedorento, apertado, cheio de bichos asquerosos e, o pior de tudo, sem oxigênio suficiente para respiração, surge em minha mente. Olho Eliza que me encara com tristeza.
— Quantas v-vezes você v-voltou àquele l-lugar, Eliza? — gaguejo.
Não queria ouvir a resposta, mas tinha que perguntar ou iria ficar com ela martelando na minha cabeça.
— Muitas. — me diz. — No início recusei seguir muitas dessas malditas regras. Aos poucos, o tempo me mostrou que ou eu seguia isso — aponta para o papel. — ou viveria toda a minha vida naquele lugar.
Meus olhos marejam outra vez, não só por meu futuro lamentável, como por tudo que essa mulher à minha frente passou. Ela é forte e eu tenho que seguir seu exemplo. Com a visão turva pelas lágrimas, volto a ler em voz alta:
REGRA Nº 02 - Os clientes têm sempre razão.
Fico confusa com a segunda regra. Percebendo isso, Eliza complementa minha leitura:
— Você sabe ou faz ideia do motivo de estar aqui, não? — indaga e eu lembro da mulher dizendo que eu seria uma bela prostituta.
Desesperada, levanto e ando de um lado a outro puxando meus cabelos, o que piora a dor nas minhas mãos em decorrência da doença, outra coisa que tenho que me preocupar.
Eliza fica silêncio esperando que eu lhe responda, então fecho os olhos com força, respiro fundo e repito a seguinte frase como um mantra:
Tenho que ser forte, tenho que ser forte, tenho que ser forte.
Abro os olhos então assinto com a cabeça e ela continua, para meu terror.
— Qualquer coisa que um deles te pedir na cama ou fora dela, digo fora por que tem um clube onde esperamos algum "pretendente", enfim, tudo que eles pedirem você tem que fazer. — faz
aspas com as mãos para enfatizar o tipo de pretendentes aos quais ela se refere.
Volto a sentar enquanto tento abafar um soluço com a mão.
Ela me puxa para seus braços e vou de bom grado.
— Podemos continuar depois, querida. Ainda temos tempo e você está muito abalada. Eliza me conforta enquanto afaga minhas costas, mas tudo que quero é acabar logo com isso de uma vez.
Limpo meu rosto e continuo a ler.
REGRA Nº 03 - Deverá cuidar da limpeza do ambiente pela manhã, às sete horas em ponto, sem atrasos. A única exceção é se a moça ainda estiver com o cliente.
Como entendi tudo desta regra, sigo para próxima. Meu foco é terminar logo de ler esta porcaria.
REGRA Nº 04 - Em caso de gravidez, o aborto é a única solução viável. Em caso de DSTS (Doenças sexualmente transmissíveis) esta passará por julgamento onde será decidido seu futuro.
Fito essas palavras por um tempo considerável, tentando compreender como alguém pode ser tão monstruoso a ponto de fazer um ser humano passar por tais absurdos como estes aqui
descritos. Nem me dou ao trabalho de observar o rosto da Eliza uma vez que, seu choro baixo, denuncia a dor que provavelmente transcende sua face.
Pergunto-me se ela já teve que abortar um feto... Sacudo minha cabeça e corto o rumo dos meus pensamentos antes que eu desabe de novo. Ainda falta uma regra para o término disto, então
leio logo para acabar com esse martírio.
REGRA Nº 05 - No caso de venda, as responsabilidades passam a ser do comprador.
— Nós podemos ser vendidas? — minha voz sai estrangulada até mesmo para os meus próprios ouvidos.
— Sim, mas não é algo que ocorre com muita frequência. Durante meu tempo aqui, isso aconteceu apenas uma vez e, bom, já vivo aqui há dezessete anos, então... — Eliza deixa a frase
morrer enquanto remexe para o lado e abre uma das caixas de onde retira um vestido verde talhado em pedras, com uma grande abertura em um dos lados. Provavelmente mostra a perna de quem o vestir durante o ato de caminhar... O vestido é deslumbrante.
— Alguma dúvida? — questiona Eliza e eu nego com a cabeça. Acho que ela quer encerrar o assunto e eu não me oponho. — Ótimo, porque agora não temos muito tempo para lhe arrumar. —
complementa abrindo todas as caixas e jogando as coisas por cima da cama.
Nas caixas havia toalhas de banho e rosto, cosméticos, produtos de higiene, perfumes, hidratante corporal, um par de sapatos altos prateados, um colar, brincos, pulseira e itens de maquiagem, mas o que me assustou foi a cera de depilação.
— Por que tudo isso? Eles q-querem que eu me p-prostitua h-hoje? — gaguejo aterrorizada.
— Não, querida, fique tranquila. Hoje eles vão só lhe apresentar. — Eliza explica e eu me acalmo um pouco. — Eles são espertos, sabem que quanto mais tempo os homens lhe desejarem mais você valerá. — completa e eu não seguro as lágrimas.
— Mais dinheiro eu valeria. — repito com asco e uma pitada de ironia.
— Infelizmente... — murmura e limpa a garganta. — Bom, você precisa tomar um banho. — articula e me entrega um monte de coisas das quais ela tinha jogado na cama. Vou em direção ao
banheiro, coloco o que carregava na pia, tiro minhas roupas imundas e sinto meu próprio odor. Só então me lembro de que faz dias que não tomo banho. Isso me anima um pouco.
Logo ouvi leves batidas na porta e era uma das moças do clube, ela veio ajudar na depilação total. Nunca tinha feito. Doeu muito. Quando ela parte entro no box e ligo o chuveiro. Sem pensar muito, coloco-me embaixo deixando a água morna levar a sujeira por alguns momentos. Então desligo a água para pegar os cosméticos. Vou apoiando em meus braços o shampoo, condicionador,
sabonete líquido e acabo derrubando alguma coisa. Me curvo para pegar e vejo que se trata da cera de depilação que restou... Bufo e volto a ligar a água deliciosamente quente enquanto utilizo tudo.
Limpa e cheirosa, envolvo meu corpo na toalha felpuda enxugando-me. Em seguida visto a calcinha e o sutiã, ambos na cor preta. Escovo os dentes e retorno a envolver meu corpo na toalha.
Regresso ao quarto percebendo que Eliza continuava sentada onde estava antes do meu banho. Ao me ver, levanta sorrindo.
— Agora que está limpa, vamos deixá-la ainda mais linda! — fala me estendendo o vestido.
Sinto meu rosto esquentar quando percebo que ela também vai me ver em roupas íntimas.
Eliza parece perceber meu desconforto, pois fecha os olhos sorrindo.
Apressadamente entro no vestido e o ajusto ao corpo.
— Pronto. — digo ao estar vestida.
Ela vira e me dá um sorriso satisfeito.
— Ótimo! Vamos secar seus cabelos e retocar seus traços com um pouco de maquiagem.
Depois de algum tempo, estava pronta.
Eliza colocou o colar, a pulseira e os brincos.
— Agora coloque o sapato e vá se olhar no espelho do banheiro e me diga o que achou. — replica animada.
Coloco os sapatos e fico meio desengonçada no início, mas logo pego o jeito com as dicas da Eliza de como andar com aquilo.
Vou até o espelho e ao olhar-me quase não me reconheço. Meus cabelos pretos estão levemente enrolados nas pontas, meus lábios estão mais rosados que o normal, por consequência do
batom. Meus olhos também castanhos estão realçados por uma sombra cinza que dão mais visibilidade às minhas sobrancelhas pretas. Meu corpo magro modulou-se perfeitamente ao vestido...
Estou parecendo uma princesa. Mas o meu encanto logo quebra ao ouvir uma voz de homem no quarto.
Hesitante saio do banheiro e vejo a Eliza feliz de instantes atrás, dar espaço àquela cansada e abatida que vi no chão a algumas horas atrás.
O brutamontes segura seu braço e vem em minha direção fazendo o mesmo.
— Vamos logo. — Rosna e nos arrasta porta afora.
Após passar por inúmeros corredores e portas de quartos, chegamos a um salão cheio de homens bem vestidos, mulheres dançando, outras quase sem roupas e algumas beijando homens
descaradamente.
Escandalizada! É como fico ao ver toda aquela promiscuidade.
Olho para Eliza que me presenteia com um sorriso amarelo e desvia o olhar. Respiro fundo e volto a observar, aturdida, as cenas ao meu redor. Na mesa à nossa esquerda, há três homens
sentados de frente a uma mulher dançando sensualmente. Ela baixa as alças do vestido vermelho que traja e deixa que ele caia em uma poça aos seus pés, ficando vestida apenas com uma minúscula calcinha também na cor vermelha. Seus movimentos ritmados continuam, suas mãos acariciam as
laterais do seu corpo e logo afaga um dos seios desnudos.
Desvio o olhar para os homens.
Um deles morde os lábios olhando-a com luxúria. O segundo tem a mão movimentando-se
dentro da calça. Não satisfeito, desce o zíper da veste e acaricia seu membro agora visível. Segundos depois, ele joga a cabeça para trás em êxtase. Envergonhada, foco no terceiro homem que nada fazia, apenas olhava a moça desejoso, porém, de repente ele levanta e vai até ela a passos largos. A garota
esbugalha os olhos. Parece aflita. O homem fica atrás dela e agarra sua cintura. Empurra as mãos
dela que estavam nos próprios seios e ele mesmo aperta. Ela solta um grito de dor.
Engulo em seco tremendo incontrolavelmente. Estou com pena da moça, principalmente ao me imaginar no seu lugar. Não controlo um tremor que toma o meu corpo só de pensar nessa possibilidade.
Enquanto tento controlar meu terror, o brutamontes volta a nos arrastar pelo salão.
Passamos bem próximo a um homem que me fita intensamente. Ele parece despir-me com os olhos, minha vontade é de correr pra bem longe desse prostíbulo de luxo, digo de luxo porque, observando tudo ao meu redor, encontro apenas homens elegantes
— Mais um milionário de olho na sua boceta virgem, garota. — a voz rouca do homem ao meu lado me assusta. Sua frase faz meu coração martelar contra minhas costelas.
Engulo em seco amedrontada.
Um dos homens de vestido sinaliza para Eliza. Ela me fita diretamente e seu olhar é um misto de pedidos. Este me implora calma e paciência, não entendo o que isso significa até ouvir nosso carrasco.
— Vá lá e faça seu trabalho. — e empurra Eliza que caminha de cabeça baixa até o homem que acenou.
Minha respiração falha ao perceber o que isso significa e me preocupa saber o que vai acontecer com a minha amiga. Meu Deus, onde foi que eu vim parar?
— Vamos, garota! — o cara me puxa.
Andamos mais um pouco e chegamos a um palco grande. Ele vai de um lado ao outro em um dos cantos do salão. Tem uns 45 cm de altura e sob o mesmo, ao lado direito, há dois palcos redondos bem menores. Num deles encontra-se sentada uma menina loura muito bonita. O outro, vazio, está reservado pra mim.
— Nada de gracinha ou eu não respondo por mim, entendeu? — fala o homem.
Concordo atordoada e ele vai andando até o lado esquerdo onde recebe um microfone de um outro cara.
Ele começa a falar em um idioma diferente e os homens de saia voltam sua atenção a ele e,logo depois, a nós. A menina do meu lado se encolhe e eu fico sem entender, até ele voltar a falar,
porém em português:
— Senhores sejam bem vindos ao Zicult Arábia Saudita! Vocês provavelmente estão de passagem porém, anuncio àqueles que vão ficar aqui por um tempo e pretendem visitar novamente
nosso estabelecimento que o leilão dessas duas garotas será no domingo, ou seja, amanhã. — esbugalho meus olhos abraçando minha própria cintura em forma de proteção. O homem continua a
falar, mas eu já não escuto com clareza. Procuro respirar normalmente, no entanto, meu pavor só aumenta.
Eu vou ter meu corpo comercializado amanhã?! Isso repete-se na minha cabeça constantemente. Lágrimas brigavam para sair, mas eu segurei. Tenho que ser forte não vou dar o gosto
a eles de me verem chorar.
Não sei quanto tempo passou. Tudo não passava de um borrão até outro homem me arrrastar para o quarto novamente.
Não estou conseguindo processar nada do que se passa. Tudo que eu penso são nos meus pais e em como isso lhes daria desgosto. Tudo isso é injusto. Pergunto-me o que fiz para merecer
esse castigo. Quero chorar, mas estou engasgada e nada sai.
Caio no chão pelo empurrão já corriqueiro que recebo toda vez que passo pela porta do quarto.
Levanto-me automaticamente e caminho até a cama. Me jogo ali de qualquer maneira e fico igual a uma estátua. De repente, um soluço rasga meu peito e lágrimas rolam pelo meu rosto, sei que prometi não chorar, mas a promessa foi em vão. Quem no meu lugar não choraria até as lágrimas
secarem e não restar nada além do vazio?
— O que eu fiz, meu Deus? — grito enquanto tento rasgar meu vestido num ato desesperado, mas a droga das minhas mãos não têm a força necessária. Respiro descompassadamente. — O que eu fiz pra merecer essa maldita doença? — tiro e jogo os sapatos com a força que me resta. — O que eu fiz para que levasse meus pais de mim? — jogo as pulseiras soluçando. — O que eu fiz pra vir parar nesse inferno?
Deitei socando o travesseiro e a dor nas minhas mãos é insuportável, mas a do meu coração é muito maior.
— Me ajuda! Oh, meu Deus, me ajuda, por favor me ajude... Eu não tenho mais forças... O que eu vou fazer? Me mostra uma saída, me ajuda... — continuo pedindo clemência a Deus. Minha
mãe dizia que para Ele nada é impossível e eu preciso muito de um milagre.
Choro incontrolavelmente com o rosto enterrado no travesseiro.
Acho que acabei dormindo porque acordo com batidas na porta e alguém chamando meu nome.
Desvencilho-me das cobertas e vou até a porta.
— Oi. — respondo receosa.(CONTINUAAAAA )
<💫>
1- as coisas só pioram pra nossa pitica, calma que ainda vai piorar, decidi não mudar alguns nomes por exemplo da Eliza, pensei muito em quem colocar mas não me veio ninguém em mente.....
2- daqui a pouco o gu aparece pra infernizar mais a vida da Ana Flávia 😑
3- votem e comentem bastante gente, é bom pra eu saber se vcs realmente estão gostando
4- lembrando que nada do que está aqui condiz com a realidade
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Garota traficada-miotela
FanfictionAna Flávia, uma jovem menina cheia de sonhos e objetivos na vida, tem uma vida feliz ao lado dos seus pais até que um dia vê seu mundo se desmoronar de uma hora pra outra e no meio dessa catástrofe que é sua vida ela encontra o amor em alguém que el...