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Ana Flávia povs

Maratona 2/3

Colocar os pés no meu país me enche de alegria e satisfação. Passei por muitas coisas boas e ruins nessas terras, mas não mudaria nada. Consigo olhar para o meu passado e ter plena consciência de que vivi o que tinha pra viver, que durante este período fui digna e honrada. Só queria ter o poder de fazer nossos governantes terem consciência para que também possam ver seu passado da mesma forma que os cidadãos trabalhadores podem ver os seus, pessoas que lutam dia após dia
por um país desenvolvido.
Gustavo estava carrancudo pela interrupção que tivemos no avião. Eu também estou frustrada, mas a cada vez que olho pra ele, minha vontade é de rir. Já estamos no carro indo para
casa que ele me deu. Nem acredito que ele conseguiu planejar tudo em tão pouco tempo, e isto me impressionou. Meu ursinho planejou minuciosamente cada segundo dessa viagem.
No momento estou em seu colo como já é de praxe. Meu ursinho nunca me deixa sentar no banco do automóvel...
— O que vamos fazer amanhã? — questiono alisando a gola do terno cinza que ele veste.
— O que você quiser. Achei que estaria cansada da viagem. — explica acariciando meu braço.
— E eu estou, mas podemos dormir um pouco e à tarde eu queria visitar o túmulo dos meus pais. — exponho.
— Estou de acordo. Podemos sim ir ao cemitério. — diz beijando meus cabelos.
Foram necessários mais alguns minutos para o carro parar. Curiosa, olhei para fora do automóvel pela janela e meu queixo caiu diante da majestosa mansão diante de mim. Saí do colo de meu ursinho quando o motorista abriu a porta e deixei-o descer. Gu o fez e logo em seguida me estendeu a mão ajudando-me a sair.
— Seja bem-vinda ao seu país. — me abraçou por trás e sussurrou estas palavras em meu ouvido.
— Não era pra ser o contrário!? — digo sorrindo. — Eu que te dou as boas-vindas, marido.
— viro em seus braços e lhe beijo os lábios rapidamente.
— Obrigado, esposa. — sorri de lado lindamente e tira os fios soltos dos meus cabelos que o vento jogou sobre meu rosto. — Vamos entrar que eu tenho o dever de alimentar meu filho e minha
gatinha e ainda tem o fato que preciso concluir um certo trabalho que iniciei com ela no avião. — me dá um selinho e pisca pra mim. Me levando pela mão, seguimos até a entrada da casa e ele a abre com um código.
— As casas que você compra não têm chaves? — observo ao mesmo tempo em que pergunto. Gu sorri pra mim e me puxa pra dentro pela cintura.
— Questões de segurança e vamos combinar que é bem mais prático. — revela me beijando levemente. — Aliás a senha de todas é seu nome sobrenome e mais a data do seu aniversário. —sussurra em meu ouvido e eu me afasto olhando para ele, surpresa por saber que é tudo sobre mim. Ele me puxa novamente e a cada mordida no nódulo da minha orelha para pra sussurar a
senha.
— Hum. — arfo enquanto coloco os dedos por entre seus cabelos. — Gu eu quero tomar um banho. — articulo e fujo dele. Quando vou correr é que vejo o lugar onde acabamos de entrar. A decoração é toda preta e branca. Até as escadas possuem uma mistura das duas cores. A sala é tão grande quanto a casa dele lá na Arábia. Tinha dois grandes sofás brancos com algumas almofadas pretas, um mesa de centro com tampo de vidro e um vaso repleto de rosas vermelhas. Atrás dela, uma grande cortina. Como sou curiosa vou até lá e as puxo dando de cara com a praia de Copacabana ao longe.
Fico tão encantada com a vista que só percebo a presença de Gu por trás de mim quando este retira meus cabelos para o lado e cheira meu pescoço enquanto me abraça.
— Gostou? — indaga apoiando o queixo em minha cabeça.
— Sim, é tudo lindo! Só a decoração que é pouco impessoal, mas ainda assim,
deslumbrante. — reflito observando. — É outra realidade comparada à que vivi também. — explico e dou um suspiro de satisfação quando meu ursinho acaricia minha barriga onde nosso filho está se
desenvolvendo.
— Vamos comer? Teremos muito tempo para ficarmos ali fora observando e até mesmo para ir até o mar quando você quiser.
— Sim, estou com fome mesmo. — respondo.
— Pedi que a mulher responsável pela arrumação deixasse algo pronto pra gente na geladeira, então, só precisamos esquentar. — fala soltando minha cintura e pegando minha mão.
Caminhamos até a cozinha e eu aproveitei para observar o espaço. Percebi que é tudo muito bem planejado, cada pequeno espaço tem algo que atrai olhares. Quer seja pelos quadros artísticos que as paredes ostentam, quer seja pelos vasos ou objetos. Enfim, tudo foi pensado com inteligência. Chegamos à cozinha que, só de observar, sinto vontade de cozinhar.
— Não hoje. — meu ursinho diz de repente e eu o fito.
— Não hoje o quê? — questiono confusa.
— Outro dia deixo você cozinhar, mas hoje eu quero servi-la. — arqueio as sobrancelhas quando ele adivinha o que estava pensando.
Meu ursinho segue até a mesa e puxa a cadeira pra mim. Eu caminho até ele e me acomodo nela sem reclamar.
— Tudo bem, porém como adivinhou meus planos? — pergunto e ele sorri.
— Seus olhos brilharam lindamente. — diz simplesmente.
— Oh... hum... — baixo a cabeça envergonhada e ele gargalha baixo indo até a geladeira. Ele abre e retira alguns potes e coloca sobre o balcão que divide o espaço em dois. O espaço que
estou tem o armário e uma pequena mesa e, a verdadeira cozinha, com fogão e os demais utensílios de uma, estão no outro espaço.
Ele também retira uma jarra de suco e traz até onde estou.
— Bebe um pouco enquanto esquento tudo. — manda e segue para os armários abrindo todos até encontrar os copos.
Não percebi que estava com sede até sentir o soboroso suco de laranja descer pela minha garganta seca. Gustavo, que estava colocando alguns recipientes no micro-ondas, vira pra mim e sorri. Bebo meu suco o observando. Ele tira o terno cinza e coloca no balcão antes de arregaçar as mangas da camisa preta que tinha por baixo. Está fazendo um calor tremendo e acredito que ele devia
estar torrando dentro de tanta roupa.
Sem perceber minhas olhadelas, ele retira os recipientes do micro-ondas e inicia uma nova procura nos armários, agora por pratos e talheres. Seus músculos se contraem de acordo com os
movimentos que ele faz para retirar as coisas dos armários e pôr sobre balcão. Estes mesmos músculos me deixam praticamente babando.
Quando percebo que ele vai vir até a mesa onde estou, tomo outro gole do meu suco e disfarço. Gustavo faz várias vezes o mesmo caminho servindo a sopa, trazendo os pratos e talheres
e, por fim, uma pizza. Ele se acomoda na cadeira de frente pra mim antes de me fitar com um sorriso malicioso.
— Fui uma boa distração? — pergunta erguendo as sobrancelhas.
— Talvez. — respondo perguntando-me como ele percebeu.
— Talvez é? — sorri pondo a sopa em nossos pratos. — Posso melhorar essa colocação. Vem aqui. — Chama-me e eu levanto hesitante parando diante dele.
Meu ursinho me puxa para o seu colo e deposita um beijo no meu ombro. Ele puxa seu prato e me oferece um pouco da sopa. Gustavo me alimentou e eu fiz o mesmo com ele. Depois nós subimos para o quarto e já encontramos nossas malas ali.
— Eu vou tomar um banho antes de ir me deitar. — articulo abrindo minha mala.
— Vou contigo. — comunica.

Garota traficada-miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora