Cartas

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Autora

Bom dia, boa tarde, boa noite ou boa madrugada, tudo bem?

Aviso de narração de ranço nesse capítulo mas também haverá possível redenção desse mesmo personagem.

Enfim, é isso, boa leitura!

Logan Wilson

"Men's Central Jail, 16 de setembro.

Logan Wilson para... não sei.

Nunca fui bom em começar cartas, então vou direto ao ponto.

Estou preso, numa cela junto de Isaak, Mike e Will. Faz uma semana que estamos aqui, assim como faz uma semana que comecei a passar por tratamento psicológico.

No começo, eu achava que não precisava, mas agora percebo que tudo que fiz foi machucar e afastar Malia de mim. Não quero que sintam pena, nem que sintam dó. Sei que mereço o ódio de vocês. Mas há algo que preciso tirar de dentro de mim.

Vou usar essas folhas para listar todas as vezes que vi Malia me traindo com Kylie.

A primeira vez foi no apartamento de Malia. Eu cheguei mais cedo do trabalho, queria fazer uma surpresa, mas a surpresa foi minha. Lá estava ela, no sofá da sala, Kylie sentada ao lado dela, e as mãos delas entrelaçadas. Foi um beijo rápido, talvez inocente. Mas algo em mim sabia que aquilo não era a primeira vez, mesmo que fosse a primeira que eu via.

A segunda vez foi na festa de aniversário da Ivory. Eu cheguei mais tarde, Malia já tinha bebido um pouco, e Kylie estava por perto. Elas saíram juntas para "tomar um ar". Quando fui atrás, as encontrei nos fundos da casa, encostadas na parede, o rosto delas tão próximo que pareciam se fundir, o brilho no olhar delas era inconfundível. Elas tentaram disfarçar quando me viram, mas não consegui tirar aquela imagem da cabeça.

A terceira vez foi no carro de Kylie, na frente da academia. Eu estava passando por acaso, e vi Malia no banco do passageiro, rindo de algo que Kylie tinha dito. De repente, a risada cessou e deu lugar a um beijo, lento e cheio de desejo. O vidro embaçado escondia parte da cena, mas o suficiente ficou visível para me destruir por dentro.

A quarta vez foi no parque, quando elas disseram que iriam correr juntas. Eu decidi encontrá-las de surpresa. Elas não estavam correndo. Estavam sentadas na grama, debaixo de uma árvore, com Kylie segurando o rosto de Malia nas mãos, tão próximas, tão íntimas, como se o mundo em volta não existisse. Elas se beijaram, e o tempo pareceu parar ali.

A quinta vez foi no meu próprio quarto. Eu voltei do supermercado e ouvi risadas abafadas. Quando abri a porta, vi Kylie deitada na cama com Malia ao seu lado, suas pernas entrelaçadas. Elas fingiram que não era nada, disseram que estavam apenas assistindo a um filme, mas eu sabia a verdade.

A sexta vez foi na cozinha de Malia. Elas disseram que iam fazer pipoca e brigadeiro. Naquele momento, eu não me importei, estava focado assistindo ao campeonato de futebol. Meu time estava jogando, e aquilo parecia mais importante do que qualquer coisa. Mas o tempo foi passando, e elas estavam demorando demais. Durante o intervalo do jogo, resolvi ir até a cozinha, sem fazer barulho, para ver o que estava acontecendo.

Quando cheguei lá, vi algo que não deveria ter visto. Malia estava encostada na bancada, e Kylie estava apertando e mordendo seu pescoço, de um jeito que só reforçava a intimidade entre elas. Os corpos tão próximos, os sussurros entrecortados, o desejo palpável no ar. Elas estavam tão distraídas que nem notaram minha presença. Eu poderia ter explodido ali, mas, em vez disso, voltei para a sala em silêncio, com o coração pesado.

Sentei-me no sofá e respirei fundo, lutando contra a raiva que crescia dentro de mim. Dei um grito, mais como uma tentativa de me controlar, e ouvi Kylie soltar um palavrão abafado lá da cozinha. Poucos minutos depois, elas apareceram, tentando agir como se nada tivesse acontecido, trazendo a pipoca e o brigadeiro como se tudo estivesse normal. Mas nada estava normal.

Romance em Cena -KyliaOnde histórias criam vida. Descubra agora