40. O Comeco do Fim

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POV ANA CARLA


O nosso fim de semana terminou com Robert mantendo seu espírito divertido. Ele parecia disposto a nos marcar com boas lembranças, mas como se fosse um prelúdio do que íamos enfrentar no dia seguinte a nossa volta para casa as coisas ficaram... estranhas.

Acordei sozinha na cama e o sol parecia estar mais forte do que eu imaginava para aquela hora do dia, me apavorei porque Elena tinha aula as 7h e eu estava atrasada.

Mas fiquei surpresa ao encontrar a cama de minha filha feita como se ela nem tivesse dormido ali.

Desci a escada com pressa e confusa, encontrando Robert de costas para a porta da cozinha.

— Bom dia, amor.— falei indo até ele.— Você arrumou Elena pra aula? Devia ter me chamado... Rob?

Ele continuou parado em frente a pia, tinha a garrafa de café e a chaleira de água a sua frente, e ele segurava o pote com o pó de café nas mãos.

Foi quando olhei para suas mãos que um ar gelado passou por meu corpo.

Suas Mãos estavam tremendo.

—  Meu amor... deixa que eu faço...— tentei pegar o pote mas Robert se afastou, como se saísse do transe que estava.

— Quem é vo...— ele começou a dizer mas meio segundo depois arregalou os olhos e deixou o pote cair no chão, o pó de café se espalhando pelo porcelanato.— Merda...— ele se abaixou passando a mão.— Desculpa... Ana...— A forma como ele falou o meu nome, como se não houvesse intimidade entre nós fez meu coração apertar e meus olhos se encherem de lágrimas.

— Está tudo bem.— falei pigarreando.

Fui até a dispensa e peguei a vassoura e a pá, fingindo que ele não tinha me olhando como se eu fosse uma estranha.

Robert ficou de pé, deixando que eu limpasse a sujeira, mas antes que eu colocasse no lixo ele me abraçou com força, prendendo meus braços fazendo com que tudo caísse no chão.

Fiquei ali, imóvel, com as mãos presas entre nós, enquanto ele me apertava.

Seu abraço era urgente, desesperado, como se estivesse buscando alguma âncora em meio ao caos.

Senti o cheiro familiar do seu perfume misturado ao aroma sutil do café que ele tentara preparar, e, por um momento, deixei-me derreter naquele instante.

Ele não disse nada, mas seu abraço me contou uma história que palavras nunca poderiam.

Após alguns segundos, Robert relaxou os braços, mas não me soltou completamente.

Ele suspirou, com o rosto encostado no meu ombro, e, ao se afastar o suficiente para me olhar, havia uma mistura de arrependimento e confusão em seus olhos.

— Eu… eu não sei o que aconteceu — ele murmurou, os olhos piscando rapidamente, como se tentasse afastar a névoa que o havia atingido. — Por um instante, eu… eu me senti tão perdido, Ana.

Engoli em seco, tentando esconder o medo que borbulhava dentro de mim.

Forcei um sorriso suave, colocando minha mão sobre o rosto dele, acariciando com ternura.

— Está tudo bem, Rob. São só… dias difíceis, não é? — tentei dizer com leveza, mas minha voz saiu baixa, quase um sussurro.

Sabia que, por mais que tentássemos normalizar isso, cada episódio como esse era um lembrete cruel da gravidade do que ele enfrentava.

Ele assentiu lentamente, ainda sem soltar meu olhar.

— Sim… dias difíceis, dias estranhos — ele repetiu, sua voz tremendo ligeiramente.

ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora