46. Não Imaginei

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POV ANA CARLA

— Filho... tem certeza que não quer que...

— Tenho, mãe. Vitor vai levar você para o hotel.

Fiquei olhando Claire se morder inteira ao estar sendo forçada a ir embora e até pensei que ela fosse insistir em ficar ali, mas tudo o que ela fez foi colocar sua bolsa no ombro e dar um beijo na testa de Robert, saindo da casa sem nem olhar para mim.

Melhor assim, pensei. Eu não conseguiria ser falsa o suficiente para cumprimenta-la.

Assim que a porta se fechou atrás dela, eu me vi sozinha com Robert.

Ele tinha seus olhos em mim. E pela primeira vez eu estava, de fato, olhando para ele naquela cadeira de rodas.

Eu tinha pesquisado a melhor cadeira de rodas para ele, que lhe deixasse o mais independente possível e acho que acertei, pois logo ele tirou os olhos dos meus e começou a circular pela sala, usando o controle no apoio direito para fazer a cadeira se mover.

— As coisas estão diferentes.— ele comentou.

Eu suspirei.

— É... Adaptei algumas coisas para que você pudesse transitar melhor.— falei acompanhando ele com meus olhos.

— Não estou falando disso.— ele me olhou por cima do ombro, parando bem em frente ao aparador onde tínhamos vários porta retratos com momentos nossos registrados.— Estou falando dos brinquedos nos cantos... as almofadas coloridas... Elena usa chupeta?— ele perguntou pegando a chupeta reserva sobre a mesinha de centro que eu tinha colocado no canto para não atrapalhar ele. Eu assenti, respondendo sua pergunta.— Onde ela está?— perguntou olhando para a escada.

— Está na dona Vitória.

— Quem é Dona Vitória? Sua mãe?

Eu fiz que não.

Me sentindo como se tivesse voltado no tempo.

— Ela é alguém muito especial.

Foi a vez dele assentir.

Robert ficou algum tempo em silêncio, Franzindo o cenho daquele jeito que me dizia que sua cabeça estava doendo.

Preocupada com seus horários, peguei um dos remédios dentro da bolsa que trouxe e fui até a cozinha pegando água.

Quando estendi a mão com o comprimido para ele, Robert me encarou por um longo tempo antes de aceitar.

— Como sabe que estou com dor?— quis saber engolindo o remédio com a agua.

— Sei porque sou sua esposa.— falei olhando em seus olhos.— Tudo o que faço da minha vida é cuidar de você e da Elena.

Depois de um momento de silêncio, ele pegou um porta-retrato específico, aquele em que ele estava ajoelhado me pedindo em casamento no programa do Jimmy Fallon. Ele me olhou como se buscasse uma explicação, algo que preenchesse o vazio em sua mente.

Dei um sorriso trêmulo, lutando contra as lágrimas.

— Eu... Eu adaptei um dos quartos de hóspedes no andar de baixo para você. Assim, você não precisa subir escadas.

Ele assentiu, mas parecia desconfortável. Então o vi franzir o rosto, hesitante.

— Preciso... ir ao banheiro — disse, a voz abafada de constrangimento.

Respirei fundo, preparando-me mentalmente.

— Tudo bem. Vou te ajudar.

Abri a porta do banheiro, e ele manobrou a cadeira para entrar, mas quando olhou para o espaço, a frustração o venceu.

— Eu devia ter pedido uma sonda — murmurou, com o rosto vermelho de vergonha.

Lembrei-me das palavras do Dr. Lúcio antes de sairmos do hospital: "O movimento das pernas de Robert não está totalmente comprometido. Descobrimos com alguns estímulos e exames. Com fisioterapia, ele pode conseguir alguns movimentos, mas vai ser difícil, talvez consiga se manter de por alguns instantes, o que pode facilitar na ida ao banheiro. Ele pode nunca mais voltar a andar normalmente, e perder completamente os movimentos totalmente ainda é uma possibilidade, agora estamos apenas lutando para que tudo... acabe logo."

Ignorei seu comentário, tentando manter o tom leve.

— Você vai ter que fazer força agora. — Apontei para os apoios laterais que instalei. — Assim como fez com o fisioterapeuta no hospital. Levante-se, e eu te ajudo.

Ele fechou os olhos, respirando fundo de vergonha. Mas segurou firme nos apoios e, com um grunhido, ergueu-se.

Ajoelhei-me e abaixei sua calça com cuidado, tentando ser o mais prática possível. Mesmo assim, quando levantei o olhar, nossos rostos estavam a centímetros um do outro, nossos olhos se encontraram. E ali, tão perto, senti o calor familiar, o cheiro dele, a presença que eu amava.

Meu corpo reagiu antes de eu me dar conta. Deslizei minhas mãos pela cintura dele, meu nariz encostando-se ao seu rosto. Senti sua respiração acelerar, o rosto dele se inclinando quase inconscientemente para mais perto do meu.

— Eu te amo, Rob... — murmurei, com a voz embargada. — E mesmo que você nunca mais lembre de mim, eu continuarei te amando.

Afastei meu rosto para olhá-lo nos olhos, meu coração acelerando. Minha boca estava tão perto da dele, e por um instante, eu senti que ele também se aproximava. Mas o olhar nos olhos dele era confuso, perdido.

— Eu... — Ele hesitou, engolindo em seco. — Eu preciso fazer xixi.

A realidade da situação me atingiu como um balde de água fria. Pisquei, reprimindo as lágrimas, e desviei o olhar, tentando manter a compostura.

— Claro, desculpa.— sai da sua frente, ficando em suas costas.— Está firme?

Enquanto ele se ajeitava, a dor doía como uma ferida aberta, mas permaneci ao seu lado.

Porque, mesmo que ele não lembrasse de mim, eu jamais esqueceria dele.

— Você quer tomar um banho?— perguntei fingindo estar bem, esperando ele terminar.

— Não sei se tenho força pra ficar de pé no chuveiro.— ele resmungou sem me olhar, a voz deixando claro a força excessiva que estava fazendo.

— Tem uma cadeira ali...

— Me recuso a sentar naquela coisa!— ele guinchou, a irritação fazendo com ele se desequilibrasse e quase caísse.

Com meu coração quase saltando pela boca eu o segurei pelas costas, fechando meus olhos me arrepiando inteira só em imaginar ele caindo por cima do vaso.

— Porra! Me solta, garota!— brigou comigo, também assustado.

— Quer cair e se machucar?— perguntei elevando a voz no mesmo tom que o dele, começando a ficar irritada.— Então tá.— fiz que ia tirar os braços em torno dele.

— NÃO!— ele gritou, então começou a chorar.— Me... Desculpa... por favor...

Encostei meu rosto em suas costas e deixei que minhas lágrimas caíssem enquanto o mantinha de pé.

Eu sabia que não seria fácil.

Mas não imaginei que seria tão difícil.

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Oi  gente... estamos na reta final da nossa fic.... aguentem firme...

whoismillys
anahoanny
Gla_mours0101
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Biiafss2708
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⏰ Última atualização: 7 hours ago ⏰

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ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora