45. Quem É Elena?

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POV ANA CARLA

O copo de água tremia em minhas mãos, os pingos escorrendo por entre meus dedos. Minha respiração estava pesada, e eu mal conseguia manter o foco. As palavras de Robert ecoavam na minha mente: "Quem é você?" O vazio em seus olhos, o medo, a rejeição... era insuportável.

— Está mais calma? — perguntou o Dr. Lucio, sua voz firme mas gentil enquanto ele se acomodava atrás da mesa.

Eu ergui os olhos para ele, sentindo-me despedaçada.

— Como ele está? O que aconteceu? — minha voz saiu trêmula, entrecortada, enquanto eu lutava contra o nó na garganta.

O médico cruzou os dedos sobre a mesa, o semblante sério, mas compadecido.

— Ana, eu preciso que você respire fundo e me escute com atenção. O que aconteceu com Robert não é incomum, dado o quadro dele.

— Incomum? — interrompi, meu tom subindo, minha incredulidade transparecendo. — Ele não me reconhece! Ele me empurrou! Ele... ele... — Minhas palavras falharam enquanto um soluço escapava de mim.

Dr. Lucio me observou por um momento antes de continuar, com cautela.

— O tumor no tronco cerebral está começando a afetar funções essenciais. Ele perdeu parte da memória, o que pode ser temporário. O impacto varia de pessoa para pessoa, mas no caso de Robert, parece que as lembranças mais recentes estão comprometidas.

Meus dedos apertaram o copo, quase o esmagando.

— E... e isso vai voltar? — perguntei, com um fio de esperança, ignorando o aperto no peito.

O médico hesitou antes de responder, o que fez meu coração despencar.

— A memória pode voltar gradualmente, sim. No entanto, Ana... há outro problema.

Meu corpo inteiro ficou rígido, como se me preparasse para um golpe fatal.

— O que mais? — murmurei, quase sem forças.

— O tumor comprometeu a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal. Robert perdeu os movimentos das pernas. Ele está paraplégico.

Senti o chão desaparecer sob mim.

— Não... — balbuciei, minha voz mal saindo. — Não... isso não...

Dr. Lucio suspirou, inclinando-se ligeiramente para frente.

— Eu sei que isso é difícil de ouvir, mas preciso que entenda: a paraplegia é permanente. O tumor está comprimindo áreas críticas. Estamos monitorando para evitar que ele perca outros movimentos.

Meu peito doeu como se estivesse sendo esmagado.

— Ele pode... ele pode perder mais? — perguntei, minha voz quebrada, as lágrimas transbordando.

— Sim, Ana. Se o tumor continuar a se espalhar, ele pode perder a mobilidade completa, incluindo os braços, e outras funções motoras. Estamos fazendo o possível para evitar que isso aconteça.

As palavras me atingiram como uma tempestade. Uma vida inteira de amor e planos parecia desmoronar. Ele não conseguia mais andar. Ele não me reconhecia. E agora... ele estava em risco de perder tudo.

As lágrimas vieram fortes, sem controle, e o médico se levantou, pegando um lenço de papel na mesa e me entregando.

— Ana, quero que saiba que você não está sozinha nisso. Robert tem pessoas ao redor dele que se importam. E agora que os amigos dele explicaram quem você é, ele está mais calmo. Está esperando por você.

ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora