Decisões estúpidas

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Dante

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Dante

Um nó foi atado em meu peito e por mais que quisesse me livrar dele, o mesmo apertava ainda mais à cada segundo que passava.
Precisei conter minhas emoções para que não me entregasse aos seus braços no momento em que escutei aquelas palavras.

Confesso que nunca ouvi isso de uma mulher e para mim, aquele foi o gesto mais doce mas ao mesmo tempo, o mais amargo que eu poderia receber na vida.

A frase ficou presa na minha garganta e por um momento pensei que poderia ser sufocado por ela. Mas sei que não seria a coisa mais sábia à se fazer. Não, tendo o meu destino entregue à outra pessoa.
Não, prestes à me casar com Delilah.

Quis tocá-la, quis beijá-la, quis com toda a minha força ser dela e dizer o quanto a amava também.
Deus sabe o quanto a amo. E dói ver o que fiz à ela, sei que magoei seus sentimentos e me sinto um idiota por machucá-la.

Uma lágrima silenciosa escorreu do canto dos meus olhos, mas devido ao ângulo em que estávamos, ela não pôde ver. Não queria demonstrar ainda mais o tanto que ela mexe comigo. — Finja frieza Dante. Dizia a mim mesmo.

Ao chegarmos, a carruagem parou e saí de imediato à frente dela, deixando os meus bons modos de lado e sumindo porta à dentro a fim de evitar qualquer outro contato com ela. Na verdade não estava disposto à ter contato com mais ninguém pelo resto do dia.

Penelope

Engoli em seco com a atitude indelicada de Dante e estufei o meu peito, tentando recolher o meu orgulho que foi estilhaçado no chão para reconstruir a minha compostura. Eu sempre fui uma mulher independente e não sei como raios vim parar em uma situação tão humilhante... Amar e não ser correspondida é uma desgraça.

Fui recebida calorosamente por Sarah, Georgie e por Delilah. Elas ficaram muito animadas com o fato de tudo ter corrido bem e que havia conseguido uma vaga na instituição. Dali, fomos tomar um chá e conversamos sobre diversos assuntos, o que me distraiu um pouco e pude ao menos esquecer as últimas horas embaraçosas.

Eu não estava nenhum pouco empolgada para socializar. Na verdade eu preferia ir para dentro do meu quarto, chorar e dormir até o dia seguinte.
Mas me mantive ali, e confesso que foi o melhor à se fazer. Uma risada ou duas saiu dos meus lábios, ainda mais quando Georgie disse que fez um bom uso do laço de fita vermelho dela.

Delilah, mal entendeu a piada, enquanto eu e Sarah cuspimos todo o chá em cima do tecido branco da toalha de mesa.

— Mas Georgie, você não está grávida?

— Estou grávida mas não estou morta minha irmã. Na verdade estou bem viva...

Uma ruguinha se formou no canto dos olhos de Sarah.

— Que bom que está fazendo o meu filho feliz, Georgie... Mas tentem ao menos aparecer um pouco mais aqui na mansão. Vocês dois desaparecem dentro daquela casa sem ao menos dar um sinal de vida... Eu fico com saudades! — Ela fez um beicinho.
— Se não fosse por Pen e Delilah, ficaria sem companhia nessa casa repleta de homens! Portanto, faço muito gosto de ter todas vocês aqui...

Sarah é uma querida. Nos abraçamos e a enchemos de beijinhos. Meu coração ficou cheio de bons sentimentos e estava realmente me deleitando na presença daquelas meninas, inclusive de Delilah, que é uma moça adorável apesar de tudo.

— Quem me dera viver um casamento como o de vocês... Tão cheio de paixão e de amor. Eu daria tudo por algo assim.

— Você vai ter Del... — Sarah afirma lhe acariciando as bochechas rosadas.

— Sim... Eu espero que sim. — Ela olhou para baixo com uma expressão melancólica e suspirou.

Eu não tenho a menor dúvida de que Delilah será a mulher mais feliz do mundo ao lado de seu futuro marido. Porque ele é incrível, ele é amável, desejável, do tipo que faz de tudo para agradar a esposa e que te leva ao sétimo céu na cama. Ela definitivamente, vai ser muito feliz.

Georgie pigarreou e olhou para mim tomando seu chá de erva doce. Parece ter notado o quanto aquele assunto era desconfortável.

— E então Del, ouvi dizer que além de suas viagens, você já morou por um tempo na França, é verdade? — Georgie se desvencilhou da conversa que me constrangia.

— Sim... Eu estudei lá por alguns anos. É realmente um país formidável!

— Tenho um irmão que já morou lá com um amigo. Mas foi coisa rápida, ficou no máximo seis meses no país. Ol não é do tipo que cria raízes. Prefere viajar pelo mundo, assim como você... — Acrescentei.

— E dá para julgá-lo? Ele está certíssimo! O mundo é muito grande para observar só da janela.

— Para quais outros países você já foi Del? — Sarah a questiona.

— Humm, deixa eu ver... Além da França, conheci a Itália, a Suiça que é um país de tirar o fôlego! Fiquei por um tempo na Espanha também, mas a culinária da Itália ganhou o meu coração, então tudo o que comi lá perdeu a graça! — Ela deu uma risadinha
— Já estive na Grécia também. Ah! E por último mas não menos importante, o Egito. Foi uma viagem muito divertida!

— Ela lembra o nosso tio Colin... — Georgie observa enquanto come um bolinho. — Ele falou a mesma coisa da culinária da Itália...

— Nossa! Você tirou as palavras da minha boca! — Concordei.

— Seu tio Colin gosta de viajar?

— Muito... Ele, a esposa, os filhos. Todos adoram.

— Ele viaja com a família? Que graça! — Del se impressiona, porque os homens normalmente usavam as viagens como pretextos para se livrar de suas esposas e responsabilidades por um tempo, isso quando não sumiam de vez... — Já sou fã deste homem! Espero que o meu futuro marido goste de viajar muito comigo. Seria incrível...

— Ele vai adorar. Estou convicta disso. — Sarah afirma.

Soltei um meio sorriso sem graça e anunciei que ia para o meu quarto, a fim de descansar um pouco. As meninas se despediram de mim e segui o meu caminho ao passar pelo salão principal e me deparei com Henry.

— Pen...

— Não tenho nada para falar com você!

— Espere! Eu sei que fui um idiota ontem à noite... Me desculpe, por favor.

a voz de Henry soava baixa, quase suplicante, mas não trazia em mim a faísca de emoção que eu tanto desejava. O arrependimento em seu olhar parecia genuíno, mas tudo em mim se mantinha indiferente, como se estivesse anestesiada para o que ele representava. Eu queria sentir algo... Qualquer coisa.

— Veja, eu lhe trouxe isto. Como um pedido de desculpas...

Olhei para as margaridas que estavam envoltas em uma embalagem de papel e aceitei o presente.

Havia uma parte de mim que gritava para que eu recuasse, para que eu fosse honesta sobre meus sentimentos. Mas a outra parte, a parte cansada de lutar por um amor que me consumia e me deixava em pedaços, simplesmente desejava paz. E acho que Henry poderia me oferecer essa paz.

— Obrigada. É muita gentileza. — Suspirei fundo — E acredito que você tenha razão sobre Dante. Ele realmente não dá a mínima para mim. Ao contrário de você.

Ele tocou as minhas mãos e as acariciou enquanto sorria. — Então está dizendo que vai me dar uma chance?

— Sim, Henry.

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Corações de argila - Penelope Crane Onde histórias criam vida. Descubra agora