Segredo

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Penelope

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Penelope

Com as mãos mergulhadas na argila macia, senti a familiar textura fria contra minha pele, pronta para ganhar vida. Cada movimento dos dedos moldava, pouco a pouco, o que ainda era apenas uma ideia, uma visão que se formava em minha mente, mesmo não tendo noção alguma de onde isso terminaria.

A argila cedia com facilidade, respondendo ao toque firme e ao mesmo tempo delicado. Começar uma escultura sempre me fazia sentir como se estivesse moldando não apenas a forma, mas também as emoções que carregava.

Parei para refletir e me peguei sorrindo ao me lembrar da gentileza de Dante. De como ele é atrevido e doce ao mesmo tempo, fazendo com que qualquer escudo que eu tenha levantado ou qualquer parede, fossem abalados. Esse garoto me faz sentir coisas que nunca senti e talvez, talvez, eu esteja cedendo também.

Enfim uma das criadas me avisou que o jantar em breve estaria servido, então fui para o meu quarto, tomei um belo banho e me arrumei para a ocasião.

A mesa era farta e enorme. Nela tinha um aparelho de jantar refinado de cor branca e bordas douradas.
Hum... Gostei dessa combinação, acredito que posso usar como inspiração para seja lá o que estiver criando...

Passamos algum tempo conversando sobre diversos assuntos. Desde o fato de Georgie e Peter não descerem para a refeição, o que para mim não é surpresa, dado ao fato que os dois são como coelhos, até o próximo baile beneficente que dariam daqui um tempo.

Depois do jantar, Elijah chamou Dante para uma reunião e todos se recolheram. Como não estava com sono, fui até a biblioteca buscar algum livro que me interessasse.

Entrei no ambiente iluminado por velas e escolhi um tal de Jane Eyre. Era um romance onde a protagonista que enfrentava grandes dificuldades desde a infância, vira governanta na casa de Sr. Rochester e cria uma conexão profunda com ele. O que ela não contava era que essa paixão seria assombrada por segredos sombrios e dilemas morais.

Devorei o livro e em pouco tempo já havia lido vários capítulos. Me identificava de certa forma com a personagem. Ela era independente, nunca se rebaixava e era muito inspiradora também.

Molhei meus dedos com a ponta da língua e passei uma nova página, até que ouvi uma melodia doce e melancólica sendo tocada no salão principal.

Caminhei até ela e vi Dante tocar o piano de cauda que tinha ali. Me aproximei devagar dele e observei que estava concentrado, saboreando cada nota, expressando seus sentimentos através do instrumento.

Seus olhos estavam fechados e seu cenho estava franzido. Seus dedos longos deslizavam delicadamente e habilmente sobre as teclas.

Parei ali por um tempo, admirando-o de longe. Quando a música terminou, ele abriu os olhos como se saísse de um transe e encontrou os meus, que sorriam em sua direção.

Corações de argila - Penelope Crane Onde histórias criam vida. Descubra agora