Debaixo da chuva

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Dante

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Dante

Olhei para ela, ao aguardar alguma resposta sair de seus lábios.

— Eu estou. Mas, promete não contar para Peet?

— O quê? Por quê não quer lhe contar?

Georgie se aproximou um pouco mais de mim e me inclinei para ouví-la, já que a música estava alta.

— Tenho medo de lhe contar e... E acabar perdendo o bebê de novo...

— Ah cunhadinha... Isso não vai acontecer. Não pense nesse tipo de coisa. Tenho certeza que dessa vez essa gravidez vai para frente e vocês vão ser os melhores pais do mundo! — Pausei ao encarar seus olhos verdes marejados. — Olha, aquele foi um caso muito específico. Você passou por um estresse gigantesco! Essas coisas acontecem nesse tipo de situação.

Uma lágrima desceu de seus olhinhos e lhe toquei o rosto a fim de limpá-la. — Você acha? — Georgie me questiona.

— Sim. Vai dar tudo certo cunhadinha. Conte para ele.

— E-eu vou contar! — Um sorriso meigo se abriu em seus lábios.

— Mesmo?

— Mesmo!

Ela soltou ar dos pulmões e me deu um abraço apertado esfregando minhas costas.

— Obrigada Dante!

— Eu que agradeço Georgie. Você faz o meu irmão muito feliz... Olha aquilo! — Apontei para Peter dando gargalhadas ao longe enquanto caminhava em nossa direção.

— É... — Georgie sorriu. — Ele também me faz muito feliz.

Peet se aproximou de nós e tocou seu ombro o apertando de leve.

— Meu amor, está na hora dos brindes. — Pausou ao fitar sua esposa. — Estava chorando?

— Ah! Como se eu tivesse que ter motivos para chorar! Você sabe que me emociono com qualquer coisa! — Georgie disfarçou com bom humor. Os dois partiram dali e foram para as suas mesas.

Pen logo em seguida deu início ao brinde batendo uma faca de leve em sua taça chamando a atenção de todos ao se levantar graciosamente.

— Primeiramente agradeço a presença de todos que estão aqui, a fim de prestigiar o nosso querido casal.
Peter, você sempre fez parte de nossa família e somos muito honrados por isso. Amamos você de todo o coração e desejamos toda a felicidade do mundo para vocês.
E Georgie, além de ser uma irmã muito amorosa é a minha melhor amiga. Eu não tenho palavras para explicar o quanto você significa para mim. Eu te amo, te amo muito.
Portanto um brinde ao nosso casal, que sejam felizes! Saúde!

Os noivos se aproximaram e lhe deram um abraço caloroso. Georgie, como sempre estava chorando.

Aquela era a minha deixa, respirei fundo e me coloquei de pé, sinalizando que faria o próximo brinde. Todos me miraram e senti o meu coração afundar.

— Ham... Talvez eu não seja tão bem articulado como senhorita Crane mas gostaria de dizer algumas palavras também.
Eu entendo muito pouco sobre o amor, não sou nem de longe a melhor pessoa para falar sobre. Mas quando olho para vocês, por tudo o que passaram para finalmente estarem juntos, compreendo que é algo que vale à pena. Algo que vale o esforço.
Eu faria tudo para ter a oportunidade de viver um sentimento tão puro assim. Vocês são uma inspiração para todos aqui.
Quando as tempestades da vida vierem, comprometam-se à usar toda a garra que tiveram desde o início, para lutar um pelo outro. Porque o que Deus uniu, o homem não pode separar. Então nunca, nunca desistam um do outro.

— Ah Dante! — Georgie me abraçou toda emotiva e
nem mesmo Peet controlou as lágrimas.

— Obrigado irmão. Eu me comprometo. — Peter beijou a mão de sua esposa.

— Eu também meu anjo.

Sorri ao ver o casal apaixonado e dei um longo suspiro. Os brindes continuaram e precisei sair um pouco para respirar.
Caminhei até uma varanda levemente iluminada pela lua e mirei as nuvens carregarem-se.

Olhei para trás ao sentir o perfume de Penelope e ela veio para perto.

— Foi um discurso e tanto... — Sorriu.

— Você também falou bonito. — Ela assentiu e um vento suave passou por nós, fazendo com que uma mecha de seu coque flutuasse e lhe causasse um arrepio.

Sem falar nada, tirei o meu fraque e coloquei sobre seus ombros. Ela sorriu e o ajeitou no corpo. Permanecemos um tempo em silêncio, mirando o vento provocando uma dança nas folhas das árvores.

— Você saiu e não voltou mais... Ficou tudo bem entre você e seu irmão?

— Está tudo bem. Ele consegue ser impertinente às vezes, mas não é nada que eu não esteja acostumado.

Ela assentiu de leve. — Sobre o que aconteceu na biblioteca...

— O quê que tem? — Questionei curioso.

— Foi muito bom mas... Temos que parar por aqui. — Ela engoliu em seco. — Vamos morar juntos e isso não seria apropriado.

— É. Você tem razão. — Fiquei um pouco desapontado
mesmo sabendo que ela estava certa. Não teria como isso funcionar, ainda mais devido à minha atual situação. Senti uma gota fria de chuva cair na minha cabeça e depois outra, e mais outra.

Ela me encarou e sorriu. Pen adora chuva.
Meus olhos caíram sobre seus lábios rosados enquanto o fluxo de água aumentava, molhando pouco a pouco os seus cabelos e suas roupas.

Aquela cena me trouxe um fascínio ainda maior por aquela mulher, que não dava a mínima para seu estado. Fui atraído instantaneamente pelo seu encanto e quando percebi, estava à meio centímetro de seus lábios, ansiando mais do que tudo pelo seu toque.

De repente ouvimos um bando de gente saindo correndo lá embaixo, comemorando, e chutando as poças de água. Dentre eles estavam todos os Crane.

— Parece que não é só você que gosta de chuva...

Pen sorriu. — Meus pais sempre nos levaram para dançar na chuva, virou meio que um ritual lá em casa. Eles acreditam que atrai a felicidade.

— Mesmo? Isso é lindo...

Ela suspirou. Contemplamos todos ali dançando, junto à outros convidados. Até as pequeninas filhas de Andrew e Amanda saltitavam na grama molhada. Georgie disse algo no ouvido de Peter e ele deu um grito de comemoração ao carregá-la para o alto.

Pen deu uma risada. — Parece que ela finalmente falou pra ele...

— Sim! Que bom pra eles. — Sorri e mordi meus lábios. — Você quer descer? Para comemorar com eles?

— Não. — Ela me encarou. — Estou onde eu deveria estar.

Ao ouvir aquilo, não resisti. Sou um fraco quando se trata de Penelope Crane. A mirei e a tomei nos meus braços lhe dando um beijo carregado de paixão.

Ela não se afastou e nem resistiu também.

Meus sentidos foram inundados de desejo. O tato, pelo seu corpo molhado colado ao meu. O olfato, pelo cheiro que saía de sua pele invadindo os meus pulmões, o paladar, pelo sabor de champanhe que nossos beijos tinham, a audição ao ouvir seus gemidos cada vez mais sedutores e a visão, ao encarar seus olhos magnéticos que tinham uma espécie de feitiço sobre mim.

Era impossível me controlar com aquela mulher inteiramente desejável, me atraindo para o meu quarto. Minha mente ficou embaçada e tudo o que eu queria era me render.

Que se dane todo o juízo, que se dane o certo e o errado, que se dane esse maldito noivado, eu vou viver essa noite como se fosse a última e vou fazer com que ela nunca mais se esqueça de que é minha.

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Corações de argila - Penelope Crane Onde histórias criam vida. Descubra agora