Má mentirosa

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Penelope

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Penelope

Os preparativos para a festa estão à todo vapor. Após um longo inverno, as flores finalmente desabrochavam e coloriam os campos, trazendo todo um charme para a cerimônia tão esperada... O casamento de Georgie, minha irmã e Peter Helish, o grande amor de sua vida.

É meio irônico imaginar que em breve Georgiana se casará com aquele rapazinho por quem deu os primeiros suspiros e por quem derramou suas primeiras lágrimas também, em pleno equinócio de primavera.

Finalmente um alívio. Finalmente poderá amá-lo sem julgamentos ou medo.

Após a morte de Cornellius, pai de Peter, o mesmo herdou todos os bens do velho. Ele e Georgie terão excelentes condições para reconstruirem suas vidas na civilização. Longe de todo o caos.

Meus pais concordaram com a ideia de eu ir morar com Sarah Clifford em Richmond, e confesso que estou muito animada para finalmente conhecer a cidade e todos os seus passatempos. De repente até me formar em uma escola de artes...
No interior não há muito o que fazer, o ponto alto do dia eram realmente as missas, onde havia uma maior interação social com as pessoas. Mas sempre as mesmas pessoas!

Por mais que nossos pais fossem membros importantes da alta sociedade, os eventos eram raros pelas bandas de Gloucester e em toda oportunidade escapávamos da rotina ao vir para Aubrey Hall, a casa de minha avó.

No último evento que houve aqui, na virada do ano, conheci Dante, irmão de Peter. Ele é um tipo alto, muito atraente e é incrivelmente irritante como não consigo tirar os meus olhos daquele infeliz!

Agora ele está ali, carregando o tapete da cerimônia nos ombros, como se fosse a coisa mais leve de todas. Ele faz tudo parecer tão fácil e ao mesmo tempo dificulta tanto as coisas para mim...

Me envolvi com seu irmão Henry, na festa de ano novo a fim de deixá-lo com ciúmes, o que foi uma grande estupidez, porque o mesmo me roubou um beijo que foi tão... Sem graça? Acho que essa seria a palavra, sem graça.

Georgie sempre comentou comigo sobre os beijos de Peter e de como eles faziam com que ela perdesse todo o ar dos pulmões... Esperava que o mesmo acontecesse comigo, mas não.

Henry não beija mal, até foi bom, ele parecia saber o que estava fazendo. Mas acho que eu esperava mais.
O mesmo veio com muita sede ao pote e eu só queria experimentar sua língua com calma, afinal aquele ia ser o meu primeiro beijo. Droga! Meu primeiro beijo foi com Henry Clifford? O que eu estava pensando? Claramente as coisas saíram de controle!

Suas mãos atrevidas tentaram serpentear o meu corpo mas as controlei o máximo que pude, porque não queria entregar tudo de mão beijada assim. Ele me respeitou e manteve somente sua boca devorando a minha, borrando todo o meu batom vermelho. Nada demais.

E o que eu mais queria aconteceu, Dante descobriu que eu estava nos braços de seu irmão e ficou possesso. Consegui tirá-lo daquela postura altiva de sempre. O que eu não contava é que o mesmo iria me desarmar completamente quando com a ponta da língua umedeceu um lenço e o esfregou ao redor da minha boca, a fim de limpar a bagunça de seu irmão.

Seus olhos escuros me encararam e pude sentir o calor de mil sois me invadir por baixo das saias. Eu fiquei completamente sem fôlego sem um único toque de suas mãos... Que droga! Por quê tão bom?

Chego à corar só ao lembrar disso e imaginar o que seu beijo me causaria. Provavelmente seria daqueles que me faria cair de joelhos e reverenciá-lo por fazer aquilo tão bem... Por ser tão superior.

Estou certa de que seria superior. Porque só com seu olhar esqueci que me chamo Penelope e que sou uma mulher de vinte e três anos com plenas faculdades mentais. Naquele momento eu era só um monte de desejo misturado com loucura, que ansiava desesperadamente entrelaçar as minhas pernas em sua lombar e me entregar inteiramente para ele, sem tempo para pausas.

— Irmã? Está tudo bem? — Georgie me flagra em meio aos meus devaneios. Provavelmente estou com aquela cara de devassa que me denuncia TODA VEZ.

— É... Está, eu só... Acho que estou com um pouco de alergia dessas flores. — Disfarcei ao comentar sobre o arranjo que estava montando.

— Ah sim... Isso explica a vermelidão de suas bochechas... Deixe comigo. Vá lavar o seu rosto que eu termino isso para você. — Georgie me olhou desconfiada mas tomou as rosas que estavam em minhas mãos se dando por vencida.

— Obrigada Georgie.

— Imagina, eu que agradeço. Você é sempre tão atenciosa minha irmã, sempre me ajudando e sendo a melhor amiga de todas... Eu te amo! — Georgiana me abraçou e me deu um beijo nas têmporas.

— Eu também te amo, minha linda. — Peguei o seu punho e o acariciei. Georgie é a melhor irmã que eu poderia ter e estou verdadeiramente feliz por tudo o que ela está conquistando. Lágrimas se formaram aos poucos em meus olhos.

— Aaah... Você está chorando?

— Não. É esse maldito polén! — Limpei as pequenas gotinhas que caíam nas minhas bochechas.

— Você mente tão mal irmã, pensa que me engana?

— É que eu te amo tanto... Estou tão feliz por enfim você poder ficar com Peter...

— Eu sei! E não é à toa que é a minha madrinha...

— Eu fico lisonjeada pelo convite, mas colocar Dante como padrinho ao meu lado foi golpe baixo...

— Bem, Peter escolheu Andrew e Amanda como o seu casal favorito e eu escolhi o meu... Qual é o problema? Afinal, eu já disse que não me engana e sei que não foram as flores que te deixaram daquele jeito! — Georgie sussurrou no meu ouvido e saiu logo em seguida me deixando sozinha com os meus pensamentos e com aquele vaso de flores.

Droga, não dá para esconder nada dessa menina!

Por mais que aquele homem fosse sim, um verdadeiro pedaço de mal caminho, me envolver com ele estava fora de cogitação! Afinal vamos morar na mesma casa! Já tive um envolvimento com seu irmão e não quero causar intrigas na família Clifford.

— Você precisa se controlar Pen! — Disse a mim mesma.

Após terminar o arranjo, fui em direção do lavabo mais próximo a fim de limpar minhas mãos da seiva que tinha nos caules das flores e quando virei o corredor, me choquei contra Dante.

Subi meus olhos lentamente de seu abdômen ao seu peito largo, ao seu pomo de Adão, ao seu sorriso perverso. O maldito me atrai tanto que me causa dores físicas por não poder matar minha vontade!

— Oi miúda...

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Corações de argila - Penelope Crane Onde histórias criam vida. Descubra agora