Minha Dona Do Morro

Capítulo 40.

FERREIRA ~~~~

Eu sempre soube que teria que encarar esse momento, mas agora que ele chegou, é como se eu estivesse indo para uma batalha da qual não sei se sairei vencedora. A última conversa com Pietra deixou claro que ainda tínhamos algo a resolver. Algo que nem a dor da nossa separação conseguiu apagar.

Eu estava em casa com Renan quando o celular vibrou. Era uma mensagem de Pietra, simples e direta: “Precisamos conversar.” O coração apertou. Não era novidade que estávamos nos afastando, mas agora parecia definitivo. Deixei Renan brincando no tapete da sala, seguro, e saí em direção à casa dela.

Ao chegar, a porta estava entreaberta, como se ela quisesse que eu entrasse sem aviso. Caminhei até a sala, e lá estava Pietra, sentada na poltrona perto da janela. Ela estava diferente, como se tivesse carregado o peso de todas as conversas que teve com Gabriel e agora quisesse depositar tudo em mim.

Ferreira: Oi, Pietra, -- falei baixinho, tentando não parecer tão abalada quanto me sentia.

Ela levantou os olhos e me encarou, mas sem aquela intensidade de antes. Era como se tivesse feito as pazes com uma parte de si mesma e agora só restava resolver o que tínhamos.
Pietra: Oi, Fer, -- ela respondeu, mas sem o calor usual na voz.

Sentei no sofá em frente a ela, esperando o que viria a seguir. Sabia que ela queria falar, mas não estava pronta para ser a primeira a quebrar o silêncio. Meus olhos vagaram pela sala. Era familiar, mas agora parecia cheia de distâncias que antes não existiam.

Pietra: Conversei com Gabriel, -- ela começou, olhando para as mãos entrelaçadas. -- Ele me fez perceber muita coisa. E, de verdade, eu precisei de tempo para entender onde a gente está.

Eu me endireitei, os músculos tensos. Sabia que essa conversa viria, mas não esperava que fosse agora.
Ferreira: E o que ele te fez perceber?

Ela suspirou, olhando pela janela por um momento antes de voltar os olhos para mim.
Pietra: Que eu estava tentando carregar dois pesos diferentes. Eu queria estar aqui, com você, mas também queria estar lá, resolvendo as coisas com ele. E isso me despedaçou.

Pietra olhou nos meus olhos, e eu vi que ela estava falando sério. Esse sentimento estava corroendo ela por dentro.
Pietra: Eu sei que tudo isso nos machucou, Fer. Eu só… não consigo mais fugir de nós. Eu te amo, e isso é tão verdadeiro quanto sempre foi.

Eu respirei fundo, tentando processar suas palavras.
Ferreira: Pietra, eu nunca duvidei do seu amor, mas o que aconteceu entre a gente… Não é só o Gabriel, não é só o morro, é tudo. A gente se perdeu.

Ela assentiu, com os olhos brilhando. Pietra: Eu sei. Mas agora, depois de conversar com ele, eu percebi que preciso lutar pelo que ainda temos. E é isso que eu quero fazer. Não posso ficar entre você e ele. Preciso que você saiba que você é meu amor. Sempre foi.

Eu não estava preparada para isso. Para ouvi-la dizer que queria lutar por nós. O peso da separação, da distância, tudo se tornou pequeno perto das palavras dela.
Ferreira: Pietra, você tem certeza disso? Depois de tudo, você ainda quer tentar?

Ela se levantou, caminhando até mim, ajoelhando-se diante do sofá onde eu estava. Pegou minhas mãos com firmeza, os olhos fixos nos meus.
Pietra: Eu tenho certeza, Fer. Sei que vai ser difícil, que a gente vai enfrentar mais coisas, mas você é a pessoa que eu quero ao meu lado. Eu não posso escolher ninguém além de você.

Aquelas palavras quebraram algo dentro de mim, um muro que eu havia erguido para tentar me proteger da dor. Mas agora, com Pietra ali, me pedindo para recomeçar, eu sabia que não podia continuar fugindo disso.

Ferreira: Eu também não quero te perder, -- confessei, a voz embargada. -- Mas a gente vai precisar reconstruir tudo do zero. Nada vai ser fácil.

Ela assentiu, com um sorriso pequeno nos lábios.
Pietra: Eu sei. E estou pronta para isso. Só preciso saber se você também está.

O peso da decisão caiu sobre mim. Eu sabia que nada seria simples, que o morro, Gabriel, Renan, tudo ainda fazia parte das nossas vidas. Mas, naquele momento, eu senti que valia a pena tentar.

Ferreira: Eu estou, -- respondi, segurando as mãos dela com mais força. -- Vamos tentar.

Pietra sorriu de verdade, um sorriso que iluminou aquele ambiente que antes parecia tão sombrio. Ela se levantou, me puxando junto. Ficamos ali, abraçadas, em silêncio, mas o silêncio era leve agora, diferente de antes.

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

Até o próximo capítulo!! ❤