Capítulo 31.

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PIETRA ~~~

Eu observava Ferreira enquanto ela explicava o plano para seus homens, a postura rígida, a voz baixa e cheia de controle. Ela estava no comando, como sempre. Mas por trás daquele olhar firme, eu sabia que o medo morava ali, escondido. Não era medo de perder o território, nem de encarar os inimigos. O verdadeiro pavor de Ferreira vinha de uma única fonte: eu.

Ela queria me proteger a qualquer custo, afastar-me da linha de fogo. Era a natureza dela, eu entendia isso. Mas cada vez que ela tentava me afastar, era como se eu sentisse que uma parte nossa estava sendo perdida no meio dessa guerra. E isso, eu não ia deixar acontecer.

Quando ela terminou de falar com os homens, fiquei ali, encostada na porta, esperando que ela viesse até mim. Ela parecia cansada, mas determinada. O peso daquela noite estava sobre nós, e eu sabia que não haveria uma segunda chance se algo desse errado.

Pietra: Você acha que isso vai funcionar? -- perguntei, enquanto ela se aproximava, olhando-me com aquela expressão intensa que só ela tinha.

Ferreira: Vai ter que funcionar, -- ela respondeu, sentando-se ao meu lado. -- Não temos outra escolha.

Eu queria confiar no plano, no controle que Ferreira dizia ter sobre a situação. Mas uma parte de mim estava em alerta. Não era por falta de confiança nela, mas no que as outras facções eram capazes de fazer. Eles tinham nos pegado uma vez, gravando aquele vídeo, e quem garantia que não tinham mais truques na manga? E o que aconteceria se eles soltassem aquele vídeo?

Pietra: Se eles soltarem o vídeo... --  comecei a falar, mas Ferreira me interrompeu, segurando minha mão com firmeza.

Ferreira: Isso não vai acontecer, -- ela disse, como se fosse uma ordem para o destino. -- Eu vou impedir. Mas se acontecer, eu juro que vamos passar por isso juntas. Eu não vou te deixar sozinha, Pietra.

Eu queria acreditar nisso. Queria confiar cegamente na força dela, mas o medo não me deixava. Ainda assim, ela estava lá, ao meu lado, e isso tinha que ser suficiente por agora. Nós éramos mais fortes juntas, e eu não ia deixar que ela carregasse todo o peso sozinha.

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Na manhã seguinte, o plano entrou em ação.

Eu observava de longe, mantendo minha promessa de ficar fora da linha de frente. Ferreira estava lá embaixo, perto do ponto de venda que ela tinha decidido ceder. A atmosfera no morro estava tensa, os homens da outra facção já estavam lá, esperando pelo que acreditavam ser uma vitória fácil. Eles estavam confiantes demais, o que me dava alguma esperança de que a armadilha de Ferreira fosse funcionar.

Mesmo assim, meu coração batia acelerado, minha mente em alerta constante. Se algo desse errado, eu não sei o que faria.

Pietra: Ela sabe o que está fazendo, --  sussurrei para mim mesma, tentando me acalmar. -- Ela sempre sabe.

Os segundos se arrastavam, e cada passo dado pelos homens da facção rival parecia um teste de paciência. Eles entraram no território, cruzando a linha que Ferreira tinha traçado para a falsa entrega. Eu vi quando eles começaram a explorar o terreno, confiantes de que estavam prestes a tomar o controle.

Então, aconteceu.

Ferreira deu o sinal, e em questão de segundos, PL, TG e os homens dela cercaram o lugar, cortando todas as saídas. O bando rival percebeu tarde demais que tinha caído numa armadilha. O caos tomou conta. Gritos, tiros, correria. Eu vi Ferreira no meio da confusão, lutando para manter o controle da situação, como uma comandante em plena batalha. Mesmo à distância, eu podia sentir a autoridade dela emanando.

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