Capítulo 36.

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FERREIRA ~~~~

2 semanas se passaram...

A casa parecia mais vazia, apesar do som do choro de Renan ecoar pelos corredores. Eu o segurei no colo, tentando acalmá-lo, enquanto minha cabeça estava longe, perdida nos problemas com Pietra. As coisas entre nós estavam diferentes, e a dor dessa distância era quase insuportável.

Renan, com seus dois anos de idade, não conseguia entender o que estava acontecendo, mas, de alguma forma, ele sabia que algo estava errado. Era visível no jeito como ele olhava para mim e para Pietra, o olhar confuso, como se perguntasse por que estávamos tão distantes uma da outra.

Eu senti um nó na garganta enquanto o balançava suavemente, tentando esconder minha própria angústia.
Ferreira: Tá tudo bem, filhão, -- murmurei, mais para mim mesma do que para ele. Mas eu sabia que não estava tudo bem. Não fazia sentido mentir para mim mesma. Pietra e eu mal nos falávamos agora. O que antes era um lar cheio de amor e risadas, tinha se tornado um campo de batalha silencioso, onde as palavras eram medidas e os olhares evitados.

Renan olhou para mim com aqueles olhinhos grandes, mal conseguindo formar as palavras, mas já conseguindo sentir o que estava no ar.
Renan: Mamãe... Pitla? -- ele disse, apontando na direção do corredor onde Pietra estava.

Eu suspirei, apertando-o contra mim por um momento antes de soltá-lo no chão.
Ferreira: Vai, filho. Vai chamar a mamãe.

Ele correu com suas perninhas curtas, tropeçando de leve nos brinquedos espalhados pelo chão, até chegar ao quarto onde Pietra estava. Eu segui devagar, ouvindo sua vozinha chamando por ela, e por um momento senti o coração apertar.

Quando cheguei à porta do quarto, vi Renan já sentado no colo de Pietra, abraçando-a como se quisesse unir a gente de novo. Pietra me olhou de relance, e naquele segundo, algo no olhar dela me disse que também estava cansada dessa distância.

Ferreira: Ele tá percebendo, -- murmurei, entrando no quarto e me encostando na porta. -- Não dá pra continuar fingindo que tá tudo normal.

Pietra suspirou, acariciando os cabelos de Renan.
Pietra: Eu sei, -- ela respondeu, a voz baixa e pesada. -- Eu só... não sei o que fazer.

Ferreira: Eu também não,-- admiti, sentindo o peso das palavras. -- Mas a gente precisa resolver isso, Pietra. Pelo Renan.

Ela assentiu, mas não olhou para mim. Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas observando nosso filho brincar com os dedos dela, alheio à complexidade da nossa situação. Ele ainda não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que algo estava errado.

Sentei-me na cama, do outro lado de Renan, e estendi a mão, tocando suavemente o ombro de Pietra.
Ferreira: Eu não quero que isso afete ele. Ele precisa de nós duas.

Finalmente, Pietra me olhou nos olhos. Havia uma mistura de dor e cansaço ali, um reflexo do que eu também sentia.
Pietra: Você acha que dá pra resolver? Depois de tudo?

Ferreira: Eu não sei, -- respondi honestamente. -- Mas acho que a gente precisa tentar, pelo menos por ele. Ele merece uma família, Pietra. Depois de tudo que ele passou. A gente deve isso a ele.

Ela segurou minha mão, sem dizer nada por alguns momentos.
Pietra: Eu ainda te amo, Ferreira. Mas... não sei se é o suficiente.

Essas palavras cortaram fundo. Era a verdade que eu temia ouvir.
Ferreira: Eu também te amo, -- disse, a voz falhando um pouco. -- Mas o amor... ele não resolve tudo, né? A gente mudou. As coisas mudaram.

Pietra assentiu, os olhos marejados, mas sem deixar as lágrimas caírem. Renan, alheio ao peso da conversa, balbuciava alguma coisa e nos olhava, curioso, como se estivesse tentando entender o que se passava.

Pietra: Talvez... talvez a gente precise de um tempo, -- Pietra sugeriu, finalmente quebrando o silêncio. -- Pra entender o que queremos, o que precisamos. Eu não quero que o Renan cresça no meio dessa tensão.

Engoli em seco, odiando a ideia de me afastar dela, mas sabendo que talvez fosse o único jeito de resolver as coisas. Ferreira: Talvez você tenha razão, -- murmurei, tentando não deixar a voz quebrar.

Renan, sem saber, levantou os bracinhos, como se quisesse nos unir. Ele olhava de uma pra outra, esperando que o mundo voltasse a ser como antes, cheio de carinho e segurança. Eu o peguei no colo novamente, abraçando-o forte.
Ferreira: A gente vai fazer isso dar certo, de um jeito ou de outro, -- prometi a ele, mais do que a mim mesma.

Pietra se aproximou, e por um breve instante, nossos olhares se encontraram com uma ternura que eu não sentia há semanas. Talvez o tempo fosse mesmo o que precisávamos, mas naquele momento, tudo o que importava era Renan. Ele precisava de nós, juntas ou não, e eu sabia que daria tudo para garantir isso.

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Até amanhã bebês, um beijo 😘

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