Clara Souza
— Confesso que fiquei surpresa. Richard demonstra muito o que sente por mim, enquanto sou um pouco mais fria. Acho que herdei isso do meu pai, que sempre foi mais pé no chão.— Nossa convivência melhorou significativamente. Ele até já sugeriu que eu dormisse com ele no quarto, mas é impossível ficarmos sozinhos, pois Lucca faz manha todas as noites.
— Eu quero dormir com vocês! — ele exclama, trazendo o travesseiro, maior do que ele, arrastando-o pelo chão.
— Lucca, você já está grandinho — digo, agachando-me à sua frente.
— O problema não é ele dormir conosco, pois isso não me incomoda. O que me impede de descansar é que ele se mexe a noite inteira, e com mais duas pessoas na cama, dias atrás acordei com o pé dele no meu rosto.
— Que homem medroso é esse? — provoca Richard, colocando Lucca sentado em nossa cama.
— Eu não sou medroso — resmunga Lucca.
— É sim — insiste Richard.
— Richard — digo, olhando para ele — pare de implicar com ele, vai.
— Antes de você chegar, eu já dormia com a minha mãe, sabia? — comenta Lucca, abraçando-me.
— Tem que aprender a dividir as coisas — diz Richard, com tom de deboche.
— Pare de ser implicante — reprimo Richard com o olhar. — Vou dormir com vocês dois e pronto — afirmo, deitando-me no meio da cama.
— Faça-o dormir, eu vou ficar um pouco na sala — diz Richard, levantando-se.
— Conseguiu o que queria, hein? — comento, pegando a coberta e colocando-a sobre Lucca. Dou-lhe um beijo na testa e apago a luz do quarto.
Richard Rios
Lucca faz manha toda noite para dormir com a Clara, e parece que sente ciúmes de mim com ela. Clara não sabe recusar nada para o menino, e acaba dormindo com ele toda noite no quarto de hóspedes. Até entendo o lado dele, porque eu era igual quando era pequeno, mas, se eu fizesse isso todas as noites, minha mãe não teria a menor paciência e me colocaria na linha.Decidi jogar um pouco com Endrick e Murilo. Era um jogo de tiro, nem lembro o nome. No meio da partida, levei um susto quando apareceu um adversário atrás de mim no jogo, e acabei gritando:
— Porra, Endrick, sai daí, caralho! — gritei, levantando do sofá, segurando o controle e tentando me aproximar da TV.
— Perdeu a noção, Richard? — Ouvi uma voz vindo do corredor. Estava tudo escuro, e senti um arrepio por todo o corpo.
— Tá repreendido! — falei, subindo no sofá e fazendo o sinal da cruz.
— Sai de cima desse sofá — Clara disse, acendendo a luz, o que me trouxe um alívio imediato.
— Tá louca? Achei que era um espírito.
— Espírito fala? — ela respondeu, cruzando os braços à minha frente.
— Sei lá — voltei a me concentrar no jogo.
— Vai, anda, vai dormir — ela falou, posicionando-se na frente da TV.
— Já vou — respondi, fazendo um gesto com a mão para que ela saísse da frente da tela.
— Já é meia-noite. Amanhã você acorda cedo — ela disse, tirando a TV da tomada e acabando com a minha diversão.
— Desde quando você manda em mim? — questionei, irritado por não ter terminado a partida.
— Desde quando você me pediu em namoro, senhor Richard — ela retrucou, de maneira firme.
— Manda nada — murmurei, cruzando os braços no sofá — estava na última fase.
— Ah, Richard, me poupe. Jogar com o Endrick a essa hora? Vocês não têm nada melhor para fazer? — Clara falou, exasperada.
— Ter, eu tenho, mas como faz com o garoto em cima da nossa cama? — respondi, provocando.
— Só se dorme em cima da cama, Montoya? — ela retrucou, sentando-se no meu colo, me arrepiando na mesma hora. Dei um tapa leve em sua bunda e puxei sua cintura para mais perto.
— Não estava me referindo a dormir — sussurrei.
— Ele vai acordar — ela disse, também em um tom baixo.
— Só não faço nada aqui porque não quero que ele ouça — respondi, pegando meu celular e caminhando em direção ao quarto, com ela logo atrás.
Ao chegar no quarto, vi meu filho dormindo como um anjo. Nem parecia o mesmo que tinha feito tanta bagunça durante o dia.
— Quer dormir no outro quarto? — ela sugeriu.
— Para ele nos seguir depois? Melhor ficarmos todos aqui mesmo — disse, colocando o celular na mesinha ao lado da cama e me deitando.
— Grosso — ela comentou, se deitando também.
— E grande — sussurrei no seu ouvido, recebendo um tapa no ombro em troca.
— Vai dormir — ela disse, se ajeitando na cama.
— Boa noite pra você também, Maria Clara — falei com uma voz fingida de drama.
— Boa noite, Ríos — ela se inclinou e me deu um selinho, me arrancando um sorriso.
Apagamos a luz e dormimos os três juntos, amontoados na cama.
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A Namorada Do Rival - Richard Rios
FanfictionONDE Clara Souza, uma corinthiana roxa, namorada de Rodrigo Garro. A vida de Clara parece perfeita até que, em um Derby emocionante, seu destino muda radicalmente com a chegada de Richard Ríos, um quase algo do passado que reaparece de forma inesper...