075. | Sentimento de culpa

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Richard RíosSenti uma raiva que eu não consigo entender

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Richard Ríos
Senti uma raiva que eu não consigo entender. A imagem deles lado a lado me incomoda de um jeito insuportável, e, após a briga com ela, peguei minhas coisas e fui direto para a casa do Endrick. Caralho, como vou sentir a falta dela.

— O que deu em você pra querer dormir aqui hoje, irmão? — Endrick fala, me entregando um travesseiro.

— Pô, nada — respondo, tentando evitar a conversa.

— Brigou com a Clara? — ele pergunta, levantando uma sobrancelha. — Você não dorme longe dela por nada.

— Ela tava com o ex dela — falo, a raiva ainda fervendo dentro de mim. — Hoje, na premiação.

Acabo contando tudo para Endrick, detalhando a briga e como fiquei me sentindo traído ao vê-la com Garro. Ele escuta atentamente, parecendo entender meu lado.

— Não é fácil, mano — ele diz, tentando me confortar. — Mas você precisa falar com ela.

Recebo ligações de uma vizinha, mas decido não atender. Só mais problema que não quero lidar agora.

— Atende logo, mano — Endrick insiste, visivelmente frustrado.

— Eu não vou! São duas horas da manhã! — grito, já perdendo a paciência.

— Porra, deita e dorme aí então, antes que esse barulho acorde minha mãe! — ele reclama.

Enfio minha cara no travesseiro e deito, tentando desligar os pensamentos. O cheiro do travesseiro é familiar, mas não consigo relaxar. A imagem de Clara e Garro juntos não sai da minha cabeça. Me pergunto se ela realmente se importa comigo ou se ainda tem sentimentos por ele.

Com cada respiração, a raiva e a confusão se entrelaçam, e me vejo lutando contra a vontade de pegar meu celular e ligar para ela. O silêncio da noite é ensurdecedor, e me pergunto se, no fundo, ainda existe uma chance de resolvermos isso.

Logo meu celular começa a tocar novamente, mas dessa vez era o celular do Endrick. Ele atende, e eu escuto sua voz agitada no quarto.

— Porra, Richard, eu falei pra você atender aquela ligação! — ele diz, colocando o tênis e pegando a chave do meu carro.

— O que aconteceu, mano? Vai dormir, é duas horas da manhã, amanhã tem treino! — falo, confuso.

— Dormir? Richard, sua namorada tá desmaiada no seu apartamento! — ele grita, e meu coração dispara.

Sinto uma sensação ruim, um nó se formando na minha garganta.

— Que? — consigo gaguejar.

— A Duda me ligou desesperada. Parece que a Clara se machucou com alguma coisa. Só sei que a perna dela tá toda ensanguentada e ela tá desmaiada no chão do apartamento de vocês!

Uma onda de pânico me invade, e um turbilhão de pensamentos se agita na minha mente. O que aconteceu? Será que ela tentou suicídio? A ideia é tão aterradora que não consigo suportar.

— Eu nunca iria me perdoar... — murmuro, a voz falhando.

— Richard, vamos! — Endrick diz, colocando a chave na ignição do carro. — A gente precisa ir agora!

No caminho, minha mente gira em torno de tudo que aconteceu. A briga, a raiva, as palavras cortantes. E se eu tivesse estado lá? Se tivesse apenas ouvido e tentado entender? A culpa já começa a me consumir.

Assim que vejo os vizinhos no corredor e a ambulância na frente do meu apartamento, meu coração parece que vai parar. A cena dentro do apartamento é sufocante, com Clara pálida no chão, o sangue escorrendo da perna como se tivesse sido cortada profundamente. O vaso quebrado ao lado dela revela a causa do acidente, com cacos de vidro espalhados pelo chão.

Duda chora descontrolada, enquanto Endrick tenta confortá-la, mas o desespero toma conta de todos nós. Os paramédicos se apressam para estabilizá-la, fazendo tudo o que podem.

— Provavelmente ela bateu a cabeça — diz um dos médicos, com a voz grave.

— Isso é grave? — pergunto, meu peito apertado, cada segundo parecendo uma eternidade.

— Sim, muito. Ela tem que voltar a ficar consciente o mais rápido possível — ele responde, sem tirar os olhos do trabalho.

Meu olhar não se desvia de Clara enquanto os paramédicos enfaixam sua perna. Ela continua imóvel, inconsciente, o que torna tudo ainda mais angustiante. Cada segundo parece se arrastar enquanto eles a colocam na maca, preparando-se para levá-la para o hospital.

Eu não consigo me mover, não consigo falar. O arrependimento corrói minhas entranhas. Se eu tivesse atendido a ligação... Se eu não tivesse saído daquele jeito... Talvez pudesse ter evitado isso. Talvez nada disso tivesse acontecido.

Quando finalmente saem com Clara na maca, sigo atrás, com o coração nas mãos, desejando com todas as forças que ela acorde, que fique bem.

A ambulância parte, e tudo o que me resta é a espera. Uma espera que parece interminável, carregada de culpa e incerteza.

Olho para o prêmio que havia jogado no sofá mais cedo. Ela tinha colocado perto de uma foto nossa. Aquilo me atingiu de um jeito que eu não estava preparado.

Entro no quarto dela junto com o Endrick, revirando as bolsas, tentando encontrar os documentos. Cada segundo parecia uma eternidade, e nada do que eu fazia parecia ser o suficiente. A culpa me corroía.

Logo, entro no carro e fico olhando pela janela. Estava tudo escuro, as ruas completamente vazias. O som da sirene da ambulância ecoava na minha mente, sem parar. Do carro, dava para ver os médicos mexendo nela pela janelinha da ambulância, mas, em pouco tempo, o veículo acelerou o máximo que podia, deixando-nos para trás.

O silêncio entre mim e Endrick só aumentava minha angústia. Ficar ali, impotente, vendo a ambulância sumir à nossa frente, fazia meu peito apertar ainda mais.

Quando chegamos ao hospital, era só eu, Endrick e Duda. Decidi não chamar os pais dela agora, achava que era cedo demais, a menos que a situação piorasse. Coloquei as mãos no rosto, tentando controlar as lágrimas, mas elas simplesmente caíam.

— A culpa não é sua, mano, relaxa — Endrick falou, me abraçando de lado.

Mas nada parecia me acalmar. A angústia de não saber como ela estava só me deixava mais destruído. As horas passaram lentamente. Primeiro duas, depois três, e quando percebi, já eram cinco da manhã. O sol começava a aparecer, mas eu estava ali, sentado no mesmo lugar, esperando.

A Namorada Do Rival - Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora